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8 de junho de 2013

EM DESTAQUE - Fernando Rocha: "Mais vale ter sorte do que ser bom"!



Quase a fazer 38 anos, a 2 de julho, Fernando Rocha volta a ser chamado pela SIC para, ao lado de Rita Ferro Rodrigues e José Figueiras, apresentar 'Portugal em Festa'. À NTV, o humorista falou do regresso, recordou as origens e apresentou a família como prioridade.

No dia 16 regressa à televisão, com Portugal em Festa, SIC, com Rita Ferro Rodrigues e José Figueiras...

É verdade! Fui convidado pela Júlia Pinheiro para o projeto, ou seja, para andar de terra em terra aos domingos. A minha função será interagir com o público e fazer comédia. É lógico que vou utilizar as minhas armas, que são a apresentação e os sketches... Não sei quantas vezes vou aparecer, mas se aparecer duas vezes, uma delas será como Fernando Rocha e a outra será como uma personagem qualquer, sempre para causar impacto nas pessoas.

Agrada-lhe voltar a trabalhar com os dois outros apresentadores?

Claro que sim! Nos Globos de Ouro já conversámos, entre nós, sobre o programa. Nessa altura, como se costuma dizer, já estávamos "a partir pedra".

Está ansioso?

Estou ansioso, motivado e fascinado... Sou ator e, como tal, tenho de fazer qualquer papel que me proponham, mas, se me derem a escolher, prefiro participar em programas que tenham público. As minhas raízes são o pó da estrada, andar de bar em bar, foi assim que nasci... Aliás, nunca me esqueço de que a primeira vez que fui ao Fátima Lopes me virei de frente para as pessoas e de costas para as câmaras [risos]. Não sou um gajo de câmaras, sou um gajo de público. Foi por ingenuidade, mas custa-me virar as costas às pessoas. Por isso é que acho que o meu sucesso no Levanta-ta e Ri (SIC) se deve muito a eu, em simultâneo, fazer os meus espetáculos ao vivo.

Entrou na SIC com Levanta-te e Ri e nunca mais se desligou da estação por completo...

Não, e a paragem fez-me bem, tanto a mim como ao público, pois também causou saudades.

É ator... Imagina-se a fazer um registo diferente da comédia?

Tirei o curso superior de Teatro na ESAP (Escola Superior Artística do Porto) e, para mim, a disciplina de Drama era um drama. Não consigo, ou melhor, eu consigo fazer drama, as outras pessoas é que não me veem como tal. Estava a fazer o Rei Édipo, que é uma tragédia grega, e mesmo a interpretar uma parte extremamente dramática tinha os meus colegas a rirem-se a bandeiras despregadas. Não me levam a sério!

Mas não tem vontade de mostrar outras facetas?

Tenho, mas também fico satisfeito por me identificarem com a comédia, pois sou humorista por defeito e não preciso de me esforçar muito para fazer rir as pessoas. Se essa é a minha praia, então sou o verdadeiro palhaço!

Da forma como fala do que faz depreendo que não se imagina a fazer outra coisa...

Agora não, mas há alguns anos não imaginaria sequer que viria a viver do humor.

E nessa altura o que sonhava fazer?

Quando era pequenino sonhava ser arquiteto. Tinha negativas a quase tudo, faltava às aulas para ir ver os treinos do FC Porto, não levava mochila para a escola, mas era o melhor aluno a Desenho e a Matemática. Mas a vida foi-se desenrolando e decidi deixar de estudar no 9.º ano. Então, fui trabalhar e fiz muitas coisas. Trabalhei em muitos lados, mas nunca fui malandro. Sempre arranjei empregos e nunca meti baixa na vida.

No meio de muitas experiências profissionais, retomou os estudos, certo?

Sim, tirei um curso de desenhador de construção civil, que era o mais próximo de arquitetura. Já depois de ter estado na tropa, um tio meu que é eletricista estava atrapalhado para resolver um problema no Hospital de São João e eu ofereci-me para o ajudar, pois um empregado tinha faltado. Fiquei assim a trabalhar com ele e fui eletricista durante anos.

Esse percurso inspira-o nas anedotas?

Claro, as obras da construção civil têm histórias fantásticas.

Arrisca todos os temas?

Não, na parte do stand up abordo quase tudo. Só não falo de três tipo de coisas: pedofilia, desgraças frescas e de pessoas que existem. Como dizia Charles Chaplin, " a minha dor pode ser motivo para gargalhada. Agora, não tenho o direito de causar dor para fazer os outros rir", portanto, não tenho o direito de ir para a televisão mandar uma boca sobre a Teresa Guilherme, o Herman José, a Cinha Jardim ou outra pessoa. Mas posso brincar com o penteado do Paulo Bento, por exemplo, ou com a barriga do Fernando Mendes, ou seja, tem de haver sensibilidade.

Quando é que lhe deu o clique para apostar no humor como profissão?

Depois de ter sido eletricista, fui trabalhar como eletromecânico para a CP e um colega meu desafiou-me para contar umas piadas num bar que o filho tinha comprado na Madalena, em Vila Nova de Gaia. Fui lá numa quinta-feira e ainda sem cachê. Cheguei e, em todas as mesas, havia um papel a anunciar-me como animador permanente. Falei com o dono e ele disse que me pagava... Esse foi o primeiro clique, mas, mesmo assim, não acreditei. Ofereceu-me 15 contos por noite e eu aceitei, ou seja, eram 60 contos extra por mês, além dos 120 que ganhava na CP. Mas a páginas tantas veio o fulano do bar ao lado oferecer-me o dobro para eu me mudar para o dele. Não gostei da abordagem, até porque nem sabia quanto é que eu ganhava. Disse-lhe que ganhava 25 contos e ele subiu para os 50. Foi quando percebi que podia ganhar dinheiro com as minhas anedotas. Não aceitei a proposta, mas contei ao rapaz do bar onde comecei e acertámos que num raio de X quilómetros não podia atuar, mas podia ir para Aveiro, Braga, Guimarães, ganhar os tais 50 contos.

Foi quando começou a conquistar Portugal...

Foi e passei a ganhar 200 contos por semana, fora os 15 do primeiro bar.

E despediu-se da CP?

Eu queria, mas o meu pai dizia que era maluco por deixar um emprego do Estado para ir contar anedotas, pois ele achava que ninguém ganhava dinheiro assim. Entretanto, começaram a construir a Casa da Música numas antigas oficinas da CP e transferiram os trabalhadores daí para as oficinas de Contumil. Nessa altura, dispensaram quem estava a contrato e eu era um deles. Quando subi as escadas para falar com o engenheiro Delfim e ele disse que não me iam renovar o contrato fiquei agradecido. Disse-lhe mesmo que me estavam a fazer um favor e o engenheiro deve ter achado que eu não estava bom da cabeça. Agora, já deve ter percebido que me ajudou a tomar uma decisão que eu não tinha tido coragem antes. Portanto, neste mundo, mais vale ter sorte do que ser bom e eu tenho sorte!

Com os domingos na SIC e espetáculos agora no verão, em Portugal e no estrangeiro, onde é que vai buscar energia para tanta pedalada?

Vou buscar energia à consciência de que faço um bom papel de chefe de família há já 15 anos. Saber que sou um bom pai dos meus filhos (um rapaz com 13 anos e uma menina com 8), um bom marido e saber que aquelas três pessoas olham para mim como um anjo-da-guarda dá-me força para continuar e não estragar o filme. Quinze anos depois, a minha mulher ainda se ri do que digo e do que faço, e isso é bom sinal.

A situação atual do país preocupa-o?

Preocupa-me, pois vivo nele, tenho família, uma empresa, familiares e amigos em maus lençóis. Eu próprio tive de baixar o meu cachê para manter o mesmo número de espetáculos e não haver uma quebra de contratações. O bem-estar e a felicidade da minha mulher e dos meus filhos é a minha prioridade, por isso, se continuar a trabalhar nisto e a dar-lhes o suficiente, por mim, está ótimo. Se, por acaso, chegar a uma altura em que isto não dá, pego na minha mala de eletricista, pois não me desfiz dela, e vou procurar trabalho. Os meus filhos não vão passar fome nunca, nem que tenha que ir roubar!









NTV

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