O jornalista da SIC Mário Crespo foi sondado pelo ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, para saber da sua disponibilidade para aceitar o cargo de correspondente da RTP em Washington. A situação está a gerar algum mal-estar na administração da estação pública, que só soube desta intenção do ministro com a tutela da comunicação social após os primeiros contactos informais entre o governante e o jornalista. Contactada pelo Expresso, fonte oficial do gabinete do ministro dos Assuntos Parlamentares recusou comentar o convite. Mas Mário Crespo não desmente a abordagem. "Não me foi feita nenhuma proposta formal. Mas é um lugar que me honraria muito nesta fase da minha carreira e para o qual me sinto habilitado", respondeu o jornalista ao Expresso, desvalorizando as interpretações que possam surgir na opinião pública pelo facto de ser convidado pelo atual governo, depois de uma convivência turbulenta com o executivo de José Sócrates. Até à hora de publicação desta notícia não foi possível obter uma reação da administração da RTP. Mas segundo informações recolhidas pelo Expresso, a abordagem feita por Miguel Relvas a Mário Crespo apanhou de surpresa não só a administração mas também a direção de informação da estação. Primeiro porque a nomeação de correspondentes da RTP é uma incumbência da direção de informação, com posterior aval da administração. Depois, porque estas nomeações têm um regulamento interno com critérios bem definidos: é dada primazia aos jornalistas da RTP interessados em colocações no estrangeiro - o que não é o caso de Mário Crespo, jornalista da SIC - e os candidatos só são escolhidos após avaliação feita por um júri interno. O certo é que a RTP está sem correspondente em Washington desde março, altura em que o jornalista Vítor Gonçalves regressou a Lisboa para integrar a nova direção de informação do operador público, liderada por Nuno Santos, após as saídas de José Alberto Carvalho e de Judite de Sousa da RTP para a TVI. Por isso, a direção de informação do canal público estava a preparar-se para lançar um concurso interno para o preenchimento da vaga. Processo este que poderá agora ser anulado pela provável adjudicação direta do cargo a Mário Crespo. Caso se confirme o convite ao jornalista - e este mantenha a disponibilidade para aceitá-lo - , Mário Crespo regressará à RTP onze anos depois de ter saído da empresa para ingressar na SIC Notícias. No operador público, de resto, Crespo também já ocupara, durante a década de 90, os cargos de correspondente da estação em Washington e Nova Iorque.
Expresso
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