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17 de fevereiro de 2013

Entrevista ao José Fidalgo: “As cenas de luta, morte e ação são as que me fascinam”

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Começou no teatro amador, mas foi com a novela que se popularizou como ator. Aos 33 anos, José Fidalgo prefere interpretar personagens complexas e “desequilibradas”.

Acaba de completar dez anos de trabalho em televisão. Que balanço faz deste percurso?

Tem sido uma boa experiência. Tive o privilégio de trabalhar com bons atores, diretores e realizadores. Orgulho-me de não ter feito outra coisa senão trabalhar como ator.

Qual foi o momento mais alto?

Todos foram. Todos tiveram a sua importância.

Arrepende-se de algo?

Todos nos arrependemos... Mas não lhe vou dizer aquilo de que me arrependo.

Vê-se a fazer novelas daqui a 20 anos?

Eu venho das novelas!

É um ator de novela?

Não sou um ator de novela! Sou conhecido por fazer novelas, o que é diferente. Se estou aqui a falar consigo, é porque as novelas me deram a oportunidade de trabalhar como ator.

Qual a cena mais empolgante que gravou até hoje?

Todas as que envolveram lutas, atropelamentos, mortes, ação. São as que mais me fascinam. A ‘Rosa Fogo’ foi a que mais me desgastou em termos físicos e emocionais. E ‘Dancin’ Days’ também foi um bom desafio.

Foi interessante compor este vilão?

A faceta de vilão foi-se revelando. No começo, o Hugo não passava de um rapaz ambicioso. Porém, tomou um rumo diferente. Achei este percurso muito interessante e provou que há uma nova forma de fazer novela. Já não há os bons e os maus, todas as personagens têm um pouco dos dois lados. Isto é que cativa o público nas novelas que souberam adaptar-se. E ‘Dancin’ Days’ foi uma viragem.

Que mudou na ficção desde a sua primeira novela (‘O Olhar da Serpente’)?

Passou a haver maior preocupação com os ensaios, com a direção de atores, antes do arranque das gravações e ao longo do processo. Percebeu-se que é a cara do ator que dá corpo à novela. Tudo é mais cuidado. E investiu-se em câmaras mais sofisticadas, e na fotografia que se aproxima mais da realidade. O tamanho das equipas também aumentou, desde as que escrevem os textos, até às presentes no estúdio. Era preciso mais gente para aprimorar o trabalho.

Sente-se a influência da Globo na SIC?

A Globo trouxe uma experiência de quase 60 anos. Retiramos o que de melhor se faz na novela brasileira. Não podemos é trazer uma novela brasileira e implementá-la aqui, porque as realidades são diferentes. Aprendemos muito nestes últimos 20 anos, mas a Globo tem semp re algo a acrescentar para melhorar ainda mais a nossa ficção. Sente-se todos os dias o efeito desta cooperação.

Qual é a mais-valia que colocou a ficção da SIC na liderança?

A qualidade do produto. E a associação à Globo. A SIC estabeleceu um ponto de viragem. O ideal seria ambos os canais terem níveis de qualidade idênticos para provocar uma concorrência saudável. Acredito que a liderança da SIC vai levar a TVI a melhorar a sua ficção. O ritmo ascendente da SIC começou com ‘Perfeito Coração’. Mas não nos podemos agarrar a um modelo de sucesso e pensar que vamos ser líderes durante os próximos 40 anos. Tudo fica obsoleto com o passar do tempo. Há que modernizar, evoluir. A TVI tem tentado, mas não tem conseguido.

O que o levou a trocar a TVI pela SIC?

Nunca troquei. É a primeira vez que tenho contrato de exclusividade. O facto de ter feito várias novelas na TVI levou-me a ser catalogado como ator da estação, mas isso nunca aconteceu, sempre trabalhei para diferentes canais.

A exclusividade falou mais alto?

Não, chegou a uma altura em que os projetos que me apresentavam já não eram os que queria. Pretendia seguir uma linha de aprendizagem. O Nuno Santos, na altura diretor da SIC, veio falar comigo, apresentou-me os projetos em que iria ser envolvido e falou-me da exclusividade.

O seu primeiro protagonista surge com a SIC em ‘Rosa Fogo’?

Achei que estava na altura de ser protagonista...

Já tinha recusado este papel?

Tinha sido convidado, inclusivamente pela TVI, e recusei.

Porquê?

Simplesmente achei que não ia aprender o que deveria com aqueles papéis, naquele momento. Não estava suficientemente maduro. E não era aquele o percurso a tomar. Aceitar fazer de protagonista em ‘Rosa Fogo’ foi uma decisão minha.

Ser vilão continua a ser um bom desafio para um ator?

Continua. O que mais me fascina nas personagens é o seu desequilíbrio emocional.

Terminou agora as gravações de ‘Dancin’ Days’. O que vai fazer a seguir?

Acabar um filme que deixei a meio por causa da barba, que preciso de tirar.

Que papel vai fazer?

Vai ser um desafio enorme. Não tem nada a ver com o que tenho feito até agora. E está dentro da linha dos desequilíbrios emocionais, que é o que mais gosto de representar.

Há mais algum projeto de trabalho?

Quero muito fazer teatro.

E voltar à apresentação?

Gostei muito da experiência do ‘Clube Disney’. Aprendi imenso e adorava os diretos. Tive vontade de apresentar mais formatos, mas nunca aconteceu.

PERFIL

Tem 33 anos e começou a fazer teatro amador aos 18 anos. Em 2000 apresentou ’Clube Disney’ (RTP). Estreou-se nas novelas com ‘O Olhar da Serpente’ (SIC). Seguiu--se ‘Queridas Feras’ e ‘Ninguém Como Tu’ (TVI), entre outras. Na SIC, fez ‘Perfeito Coração, ‘Laços de Sangue’ e ‘Rosa Fogo’. Tem incursões no teatro e no cinema.

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