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20 de janeiro de 2013

Nudez na TV: Pode Portugal despir-se como o Brasil?

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O 'remake' de 'Gabriela' usou todas as armas para conquistar os portugueses. Tozé Martinho acredita que depois das cenas de sexo na novela brasileira a ficção portuguesa vai querer imitar. Mas há um problema: "Não sei se da parte das atrizes portuguesas há a vontade de que assim seja." Até agora, as produções mais ousadas foram em 'Ballet Rose' e na série 'Equador'.

A novela Gabriela, SIC, deixou a nu todos os pruridos quanto a cenas de sexo ousadas entre os atores. Subiu as audiências, colou os espetadores ao ecrã, como tinha acontecido em 1978, e chega ao fim esta semana com milhões de espectadores satisfeitos com o produto. E depois de Gabriela entrar em nossas casas qual o caminho que as produções nacionais vão seguir? Seguem o mesmo caminho e vamos ter na ficção portuguesa as protagonistas de hoje a mostrar o que só destapam sem as câmaras? As opiniões de alguns autores de novelas divergem e a Notícias TV foi ouvi-los.

Tozé Martinho, guionista e ator, afirma que "haverá um pouco a tentação de seguir o exemplo deGabriela". "Talvez venha espevitar o interesse de produtores, autores e dos canais. Mas isso vai significar passar num horário mais avançado, porque uma novela que tenha muita incidência em cenas de sexo tem de passar mais tarde", afiança o autor de Louco Amor, TVI. Para ele só há um problema: "Não sei se da parte das atrizes portuguesas há a vontade de que assim seja, como da parte dos atores. O problema é que nós escrevemos uma cena para determinadas personagens, mas essa atriz, depois, tem no contrato que não mostra o corpo", desabafa.

António Barreira, autor da nova novela da TVI, Destinos Cruzados, concorda, apesar de dizer que não se lembra de nenhuma atriz lhe ter pedido para não lhe dar cenas em que se tenha de despir por completo. Mas se olharmos para as produções nacionais de sua autoria, nenhuma tem cenas ousadas de sexo. Doce Fugitiva, Fascínios, Flor do Mar, Meu Amor e Remédio Santo não têm ousadias sexuais. Rui Vilhena, que conhece a realidade brasileira da TV Globo e a de Portugal, garante que há mais dois problemas para conseguir igualar as cenas feitas em Gabriela. "Em Portugal não se escreve para um horário, a novela começa a ser exibida às 21.00, depois passa para as 22.00 e depois é empurrada para a meia-noite. E uma novela com uma carga sexual só pode ser exibida mais tarde. E depois porque a Globo tem um padrão de qualidade ímpar em termos de iluminação... Para se fazer uma produção do género tem de ser igual ou melhor", explica.

Em Portugal já houve duas produções nacionais em que algumas atrizes protagonizaram momentos escaldantes. Lembremo-nos da série adaptada do livro de Miguel Sousa Tavares Equador, em que Maria João Bastos simulou uma cena de sexo primeiro com Marco d'Almeida na banheira do seu quarto e depois na praia com o ator Filipe Duarte. Também na mesma série São José Correia tirou o soutien numa cena com Francisco Corte Real. Anos antes, na RTP1, em Ballet Rose, de Francisco Moita Flores, Sofia Alves fez cenas ousadas, como as que se podem ver em baixo. Houve apenas uma produção portuguesa que arriscou pôr bolinha vermelha no canto superior do ecrã: a novela Jura, SIC, protagonizado por Patrícia Tavares e Ricardo Pereira. Mas as cenas mais ousadas foram feitas por Alda Gomes. Contudo, esta novela passou num horário mais tardio e não foi significativo no que às audiências diz respeito.

Cenas são feitas com tapa-sexo

E se os beijos são técnicos, também estas cenas são pensadas ao pormenor e, na maior parte dos casos, nem há contacto físico entre atores. Mateus Solano, o ativista Mundinho Falcão da novelaGabriela, explica como foi tirar a virgindade a Gerusa, personagem interpretada por Luiza Valdetaro. "Nessa cena há um tapa-sexo, há atores que ficam nus e não se importam, mas nós trabalhámos com tapa-sexo. É desconfortável, as pessoas têm a ideia de que os atores se estão a divertir. Mas não, pelo contrário, nós estamos a trabalhar para a câmara. Toda a gente pergunta se o beijo é técnico, nós queremos que o beijo fique bonito, por isso beijamos para a câmara, se fosse um beijo de verdade não estávamos preocupados se estava bonito ou feio", explica o ator brasileiro, numa curta passagem por Portugal. O ator explica o que é afinal o tapa-sexo. "Há um tapa-sexo mesmo profissional, mas o nosso não era. Era um negócio colado com fita-cola, muito desconfortável. Mas a cena é tão bem marcada e pensada antes que na altura em que começam os beijos tudo é pensado para que seja feito o mais rápido possível, demoramos no máximo meia hora." Mateus Solano só não quis dizer quem foram os colegas que não quiseram usar tapa-sexo.

Por cá, André Cerqueira, que realizou a série Equador, explicou como foi feita a cena da banheira. "A Maria João não estava sentada em cima de Marco d'Almeida. Havia um banco entre os dois e era em cima do banco que ela estava." São José Correia não tem pruridos com estas cenas, apesar de afirmar que "são sempre desconfortáveis". "São sempre difíceis, ninguém nos ensina a partilhar a nossa intimidade", finaliza.

Notícias TV

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