… O programa das tardes da SIC, ‘Boa Tarde’, apresentado pela Conceição Lino é visto com bons olhos por terras brasileiras, e muito elogiado por Patrícia Kogut, umas das críticas de TV mais conceituada, que trabalha na TV Globo? Esta, que dia no de ontem postou no seu espaço da internet, uma critica muito boa ao programa da SIC, que poderá ver agora aqui no SIC Gold clicando em ler mais!
A apresentadora portuguesa Conceição Lino comanda uma atração diária de variedades na SIC intitulada “Boa tarde”. O programa é exibido aqui no canal 143 da Net. Um dos seus quadros tem um forte parentesco com o “Casos de família”, produzido aqui pelo SBT e pilotado por Christina Rocha.
O esquema é mais ou menos o mesmo. No palco, com a apresentadora, ficam as vítimas de algum drama privado, sempre uma questão delicada. O debate é observado por uma pequena plateia. Na estrutura, a versão brasileira e a lusa são exatamente iguais. Mas as dissonâncias culturais — mesmo sendo Portugal um país irmão — se mostram imensas e fazem a diferença.
No SBT, ouve-se uma gritaria constante. “Casos de família” é uma arena de barracos. Christina Rocha se dedica a dois tipos de intervenções paradoxais simultâneas: alimenta a fogueira e acalma os ânimos, organizando a confusão. Faz sentido. A atração é movida por um falso espírito conciliatório. A apresentadora tem de manter a chama do ódio acesa, mas o espetáculo precisa continuar. Berrar é permitido e até ajuda a confusão. Mas se alguém partir para as vias de fato, pode estragar o show.
Em Portugal, é tudo diferente. Não tem gritaria e a coisa rola bem mais densa, levada a sério. É um investimento na angústia profunda. Dia desses, por exemplo, Hélder, de quase 40 anos, esteve no “Boa tarde” com sua mãe, Helena. Seu drama: até os 18, ele nunca soube quem era seu pai, apesar do apelido de “filho do pasteleiro”, dado pelos meninos da rua. Quando descobriu (a mãe revelou a verdade), nunca conseguiu encontrá-lo. Até hoje, busca a figura paterna. Foi comovente.
Para o espectador mais suscetível ficou difícil até segurar as lágrimas. Conceição Lino fez uma escavação implacável no coração do rapaz. Quantas perguntas difíceis! Ele respondeu a todas, enquanto a mãe, uma senhora silenciosa e triste, olhava para o chão. Sem que o mistério do paradeiro do pasteleiro tivesse sido revelado, o programa chegou ao fim. De alguma maneira, desvendar o caso era o de menos. Todo aquele drama já faz a cabeça do espectador.
Pode ver o post no site de Patrícia Kogut, clicando aqui!
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