Entrevista ao Humorista está de regresso à apresentação com ‘Ganha num Minuto’. À Correio TV deixa críticas à qualidade do entretenimento nacional, com especial foco no reality show que acabou na TVI.
Como é este regresso à apresentação e ao entretenimento?
É bastante interessante. Pela primeira vez vou estar sozinho. No ‘Levanta-te e Ri!’ era diferente, porque estava ali mais como humorista e entertainer do que apresentador. A responsabilidade é maior. Mas é um regresso ansiado e uma aposta muito forte, minha e da SIC, para ver como me aguento sozinho.
Já tinha saudades destes formatos?
Já. Eu e a Diana [Chaves] tivemos dois anos muito bons com o ‘Salve-se Quem Puder’ e as reacções foram óptimas. Tinha saudades de lidar de perto com as pessoas e, acima de tudo, dar alguma qualidade à TV portuguesa, que hoje em dia, infelizmente, tem programas que nem entretenimento são. Este, pelo menos, tem o condão de levar boa-disposição.
É um alívio saber que não vai concorrer com a ‘Casa dos Segredos’?
É um alívio a ‘Casa dos Segredos’ acabar, porque não traz nada de bom às pessoas. Respeito quem faz, mas não traz nada de novo. É um alívio acabar porque, seja aquilo que for que a TVI faça para pôr no lugar, será sempre melhor e mais educativo. O que as outras estações fazem não me diz respeito, mas nunca vi a ‘Casa dos Segredos’, porque não gosto de perder tempo com coisas que não me vão trazer nada de novo ou que não me vão melhorar a nível intelectual ou de vida familiar. Não há concorrência, há programas bons e programas maus. Para mim, o meu é um óptimo programa de família, mas cada pessoa tem o comando e pode sintonizar o que quiser, desde que se sinta feliz.
Assusta-o o desafio da apresentação solitária?
Não. Obriga-me a níveis de concentração maiores. Não trabalho com teleponto, nem tenho ninguém a dizer--me ao ouvido o que dizer, é tudo sem rede. É assim que gosto de trabalhar. Mas prefiro fazer uma coisa sincera e honesta, até porque não me considero apresentador, considero--me actor, do que fazer algo tecnicamente certinho e direitinho, mas que a nível emocional as coisas não cheguem lá a casa.
Quando apresenta, há algum momento em que sinta que tem de pôr um travão?
Não. Sei que não se pode fazer o mesmo tipo de humor que podia fazer à meia-noite ou de manhã, tem de ser para toda a gente. Não me imponho um travão, faço o que sinto na altura, e tenho tido a consciência de nunca esticar demasiado a corda para um humor demasiado vulgar ou ordinário.
"Soltem a parede!" marcou o ‘Salve-se Quem Puder!’. ‘Ganha num Minuto’ já tem frase de marca?
A frase é muito simples: "Tens um minuto para ganhar, por isso, ganha num minuto." É uma forma de incentivar, mas também de sublinhar que têm 60 segundos para ganhar. O público apanhou logo e já são eles que a dizem.
Está ainda na novela ‘Rosa Fogo’. Como concilia a apresentação e a novela?
Tem de se conciliar. Se não conseguisse fazer as duas coisas minimamente bem, não as fazia ao mesmo tempo. O Bilro é uma personagem à parte na ‘Rosa Fogo’, que me exige até mais do que o programa, até porque tenho uma parte importante na escrita do personagem. A nível de ritmo e energia está sempre lá em cima, não se cala, entra num tom acima das outras personagens. Tenho de gerir muito bem o esforço. Amanhã vou gravar dez cenas na novela, mas antes vou gravar o programa e depois o chip muda.
Como está a correr a participação na ‘Rosa Fogo’?
Tive sorte, porque caí num núcleo de comédia. Todos temos personagens cómicos e o meu veio espoletar os outros e trazer mais confusão, mas é muito fácil trabalhar com um elenco de grande qualidade. Divertimo-nos imenso, estamos constantemente a dar ideias, a brincar, há alturas em que não aguentamos o riso.
E quer um papel dramático?
Gostava, quando fiz o ‘Equador’, o papel era mais dramático e não me saí assim tão mal. Mas tão cedo não, estamos em crise e não a quero adensar mais. Nós, humoristas, que temos talento e vontade para o humor, temos de o fazer, para dar às pessoas um pouco de alento e esperança.
PERFIL
Nascido em Wolfach, Alemanha, a 6 de Janeiro de 1974, mas criado em Vieira de Leiria, Marco Horácio frequentou a Escola Superior de Teatro e Cinema. Apresentador de televisão, actor e humorista, criou personagens como Rouxinol Faduncho, Agente Simões e Mágico Bóris. Em 1995, estreou-se na peça ‘Não Há Nada Que Se Coma’. Na SIC, conduziu o programa de stand up comedy ‘Levanta-te e Ri’, assim como ‘Salve--se Quem Puder’.
CM
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