Nove anos depois do primeiro dia daquele que é o seu "terceiro filho", a diretora da SIC Mulher continua apaixonada pelo canal que ajudou a nascer.
Nove anos depois do primeiro dia daquele que é o seu "terceiro filho", a diretora da SIC Mulher continua apaixonada pelo canal que ajudou a nascer.
Os nove anos da SIC Mulher coincidem com os seus 42 de vida. O canal é o seu terceiro filho?
É (risos)! Inevitavelmente, é. Até hoje é, em termos televisivos, o meu projeto de vida. Gerei-o, vi-o nascer, acarinho-o e alimento-o todos os dias.
A SIC Mulher ainda é só para mulheres?
Não. Nunca foi (risos). Quando o idealizámos era de facto um projeto para a mulher. Quando fomos para o ar constatámos que 40% da nossa audiência era masculina. Mas nós também nunca quisemos dizer 'não, homem não entra!'. Mas, de facto, quando pensámos nas temáticas e nos conteúdos, pensámos na mulher atual. No início, grande parte dos homens que via a SIC Mulher era por curiosidade natural... acho que o canal, hoje, é para eles uma alternativa credível em termos de programação. Isso é motivo de regozijo.
Acha que a existência de canais como a SIC Mulher contribuem para estereotipar o sexo feminino?
(risos) Não. Acho que os tempos são outros e de modo algum tem como objetivo estereotipar o sexo feminino.
À semelhança da SIC Radical, a SIC Mulher subiu nas audiências em 2011. (3,7% em relação aos 3,5% de média do ano anterior). Os números deixam-na satisfeita?
Estou muito satisfeita com os números. Não sou escrava dos números. Servem para me guiar. Não posso fazer um canal só a pensar nas audiências. Penso no canal para o público que vê a SIC Mulher e o que pretendo é que estas pessoas se revejam nos conteúdos e sejam fiéis. O aumento de audiências é reflexo de que as escolhas foram acertadas e vão ao encontro do nosso público.
Como analisa o crescimento do cabo no último ano?
O cabo acaba por ir ao encontro dos gostos e das especificidades das várias pessoas. No fundo aquilo que nós, no cabo, conseguimos dar é uma variedade maior a um público mais específico. As generalistas têm a oferta que têm e as pessoas que escolhem o cabo querem outro tipo de oferta que é aquela que lhes damos. Haverá sempre espaço e mercado para bons canais porque, cada vez mais, há pessoas que gostam de programas de animais, de culinária, de golfe, ou disto ou daquilo...
O Luís Marques [diretor-geral da SIC] tem falado, nos últimos tempos, da falta de dinheiro para comprar formatos e fazer conteúdos. Isso afeta a SIC Mulher?
Não. Porque havia de afetar?
Se a SIC generalista tem falta de dinheiro, imagino que isso também deve acontecer com os canais temáticos.
Os canais temáticos têm o seu orçamento feito à sua medida e cabe-me a mim e aos diretores de outros canais geri-lo de modo que possamos comprar conteúdos e ter a diversidade que temos tido até hoje. Não posso falar da SIC generalista porque é uma área que não me compete. Posso falar dos canais temáticos e o que posso dizer é que vamos ter estreias, conteúdos novos e continuar a dar cartas.
O orçamento do seu canal para este ano é mais baixo do que o de 2011?
Não vou responder a isso, mas... quer dizer... estamos numa conjuntura que todos nós conhecemos. É natural que as coisas sejam feitas à medida da atual situação do País.
Vai ter de fazer reajustes ou reduções na sua equipa?
(risos) A minha equipa são duas pessoas. Sou eu e um produtor de canal. Posso dizer-lhe, sem medos: a SIC Mulher são duas pessoas. A SIC K são duas pessoas e a SIC Radical são duas pessoas. Todos nós, quando é preciso, fazemos o trabalho uns dos outros.. e portanto redução aqui não me parece que seja possível (risos)!
Gostava de ter mais conteúdos próprios?
Temos e vamos continuar a ter, o Mais Mulher, o Entre Nós, o Querido, Mudei a Casa e temos dois ou três projetos de que gostava muito que avançassem.
Quais são esses projetos?
São magazines com temáticas específicas.
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O seu canal transmite três talk shows norte-americanos: Ellen, Dr. Oz e Dr. Phil. Porque é que existe um desfasamento temporal em relação à data original de emissão dos programas?
Em termos contratuais não conseguimos minimizar esse desfasamento. Está contratualizado assim. Os episódios só estão disponíveis a partir de uma determinada data.
Gostaria de ter conteúdos do OWN [canal de cabo norte-americano da apresentadora Oprah Winfrey]?
Gostaria de ter. Ainda estamos a ver alguns. Acho importante dar tempo para perceber se pode ou não estar presente no canal.
O primeiro ano do canal OWN teve audiências muito abaixo do esperado. Como analisa esse fenómeno?
Não sei. Às vezes dão-se passos maiores do que aqueles que é possível dar. A Oprah é extraordinária. O que acontece é que o canal não é só a Oprah. Acho que as pessoas têm que fazer o luto primeiro e só depois, então, recomeçar e despertar esse interesse. O tempo o dirá.
Porque não temos apresentadoras mais velhas no ecrã?
Não é a mim que tem de perguntar, é ao público...
Não temos uma Barbara Walters, por exemplo...
Não sou fundamentalista. O que penso é que não se proporcionou. Nós tínhamos um programa de conversa com a Ana Bola, a Luísa Castel-Branco...
Mas atualmente não há.
Porque não há um formato que se adeque. Não é por nenhuma razão.
Quem programa acha que o público não quer ver pessoas com rugas ou é o contrário?
Acho que o público quer ver coisas bonitas. A SIC Mulher é um bocadinho aspiracional. Todos nós gostamos de ver coisas bonitas. As rugas não são coisas feias. É muito mais importante que a pessoa seja profissional, que tenha uma carreira, que seja uma boa apresentadora do que propriamente ter rugas ou não.
O Biggest Looser regressou à grelha da SIC Mulher. Acha que a adaptação portuguesa, Peso Pesado, esteve à altura do original?
São realidades diferentes, não é? Os americanos, para já, têm muito mais obesos. A problemática do peso em excesso é mais sentida nos EUA do que cá, apesar de termos uma percentagem elevada de obesidade infantil. Acho que foram duas versões completamente diferentes.
E o Masterchef, que foi adaptado pela RTP?
Vi, gostei muito e ganhou uma cozinheira, uma mulher (risos)! Não é um formato fácil, não é uma temática fácil e acho que foi muito bem conseguido.
O programa foi um fenómeno de culto na SIC Mulher. Porque não teve audiências na generalista?
Se calhar é um nicho. Por isso é que estava na SIC Mulher.
Quantas casas já transformou no Querido, Mudei a Casa (QMC) desde 2004?
Duzentas e muitas.
Quantas inscrições?
Milhares, milhares! Por Net, carta, Facebook...
As necessidades das pessoas que se inscrevem no programa mudaram ao longo dos anos?
A partir do momento em que as pessoas começaram a perceber que nós fazemos, damos, acontecemos o número de candidaturas aumentou significativamente. Há muita gente com dificuldades.
Notou isso mais nos últimos meses?
Temos notado isso ao longo dos últimos anos. Nós estamos a fazer um programa de televisão. Inevitavelmente, temos de ter um bom "antes" e um bom "depois". A transformação é importante, mas aquilo que nos move, cada vez mais, é a história. E há histórias muito tristes e complicadas.
Ao fim de nove anos na SIC Mulher, sente-se com capacidade para gerir a programação de qualquer canal?
(risos) Sinto-me com capacidade de fazer mais e melhor. Na SIC Mulher.
Tem a ambição de programar na SIC generalista?
Nenhuma!
Porquê?
Porque (pausa)... porque, lá está, gosto da SIC Mulher, tenho o privilégio de estar à frente de um canal com uma equipa fantástica, onde tenho a possibilidade de fazer coisas diferentes e inovadoras. Penso que é um espaço muito criativo, muito feito à minha medida.
O mercado televisivo está, neste momento, aberto a desafios inovadores como foi a SIC Mulher, há nove anos?
Sim, há sempre mercado para bons conteúdos, para bons canais. Mas não somos autistas. Temos de perceber a atual conjuntura do País. Se me perguntar se há mercado para coisas boas, há. Se é a altura ideal? Não. Às vezes os bons negócios aparecem nestas alturas, não é?
"Não tenho saudades dos tempos de jornalista"
Começou a trabalhar na TVI.
Fui a primeira cara da TVI! Só realizei isto outro dia, quando vi na televisão excertos do início da TVI. Foi há 19 anos!
Como era a TVI naquela altura?
Entrei na TVI para fazer locução de continuidade. Abracei o projeto de Informação com o Artur [Albarran] e com a Bárbara [Guimarães] e depois trabalhei com o José Carlos Castro... Como é que era? Estava dedicada à Informação, portanto... fazia-se bom jornalismo, inovador. Como é a TVI agora? É uma televisão generalista, com os formatos que tem... as pessoas pelos vistos veem.
Como espectadora, vê a TVI?
Vejo muita televisão, concentro-me mais nos canais temáticos. Vejo muito a SIC Mulher, vejo canais de informação e passo pelas generalistas. Mas não sou espectadora assídua.
O que resta da Sofia Carvalho jornalista?
Eu acho que essa base tem de estar presente. Neste momento, sou responsável pelo canal, tenho funções de programação e gestão, mas o lado jornalístico não deixa de lá estar.
Tem saudades?
Não.
Porquê?
Porque gosto de seguir em frente. Gosto de recordar esses tempos e olhar e pensar "que bom ter feito parte desta nova televisão!"
Se tivesse continuado, hoje seria pivô de um noticiário em prime time?
Temos de pedir a alguém que tenha uma bola de cristal (risos). Não sei.
Saiu da TVI em 1999...
Tive a minha filha mais velha [Constança] em 1998, voltei de baixa de parto passados três meses. Coincidiu com a entrada do José Eduardo [Moniz]. Na altura, fizeram-me um convite para fazer uma publicidade, aceitei e saí.
Porquê?
Porque tinha acabado de ser mãe, tinha voltado a trabalhar ao fim de três meses e para qualquer mãe é duro.Três meses dói! Voltei, coincidiu fazerem-me aquele convite com a entrada do José Eduardo Moniz. Havia ali uma transformação, não sabíamos muito bem quem é que iria afetar e quando me fizeram o convite ponderei muito. Não posso dizer que tenha sido uma decisão fácil. Não foi. E eu decidi estar com a minha filha, ter esse privilégio e ter essa possibilidade que poucas mães têm.
Ao aceitar fazer uma publicidade (e para isso teve de entregar a carteira profissional de jornalista) teve medo de ser julgada pelos seus pares?
E fui (risos)! Mas não posso fazer as coisas a pensar no que os outros vão dizer ou pensar. Isso haverá sempre qualquer que seja a decisão.
Esteve quatro anos dedicada à família.
Estive porque tive outra filha [Carolina], depois fiz outra publicidade. Encadeou-se tudo.
Como classificaria esses quatro anos?
Foram os melhores anos em termos de dedicação, de motivação. Faria tudo outra vez, mas preciso de trabalhar. Gosto de trabalhar. Gosto de estar aqui, na SIC, de trabalhar com a minha equipa. Sou uma pessoa da comunicação. Quando saí, saí com uma decisão tomada, mas sempre com o regresso em mente.
"Fui uma adolescente endiabrada. Era um bocadinho insolente"
Estudou no colégio de jesuítas São João de Brito. É católica?
Sou.
Como era a Sofia na adolescência?
Endiabrada. Era um bocadinho insolente.
Respondia aos professores?
Sim. Fui para a rua, mobilizei umas quantas pessoas para não fazermos um teste de História... Muitas vezes a minha mãe recebia um telefonema de um enfermeiro a dizer "estamos a caminho do hospital ortopédico com a sua filha Sofia". Portanto... dá para ter um cenário. Era... engraçada! Dei trabalho.
Que influência teve ter frequentado um colégio católico?
Os valores que me foram transmitidos pela minha educação, pela minha família, pelos meus pais, que tiveram continuidade no colégio. E esses valores são aqueles que acho que se perdem hoje: o valor da solidariedade, da partilha, do amor ao próximo, de entreajuda... A minha filha mais velha faz serviço social. Isso faz que ela se aperceba de uma determinada realidade.
Faz questão de não ter as suas filhas numa bolha?
Faço. Mas sou protetora. Sou preocupada. Ao mesmo tempo que quero que elas tenham mundo na realidade, estou sempre a tentar protegê-las do mal e quero que elas sejam amparadas. Educar não é fácil. Eu faço uma gestão equilibrada. Se calhar sou mais agarrada, mas tenho duas raparigas, não tenho dois rapazes. É um bocadinho diferente.
A Sofia é, à semelhança de milhares de portuguesas, mãe e trabalhadora. Como faz a gestão para não descurar nenhum desses aspetos da sua vida?
Sou uma mulher igual às outras, que se levanta às 6.30 da manhã e põe toda a gente a funcionar lá em casa. Eu e milhares de mulheres fazemos a mesma coisa. As minhas preocupações são as mesmas: se elas estão bem, os estudos, a saúde, as compras do supermercado... essa gestão é feita nuns dias melhor do que noutros.
Como lida com a crise?
Temos de fazer contenção. As minhas filhas estão responsáveis por desligar as luzes, os computadores. Têm a fatura de eletricidade e o objetivo é reduzir. Lá em casa não há refrigerantes, não há nada dessas coisas, porque eu acho que não faz falta.
É uma batalha com adolescentes em casa...
Quando vão a festas, bebem. Diariamente, isso não existe. Elas devem ter uma alimentação saudável. Faço por isso. Não como carne. Nunca fui fã e acho que não me faz falta. Dou-me melhor com outro tipo de alimentação e sinto-me bem assim.
Quem é a Sofia mulher?
Sou uma mulher de riso fácil, sou amiga do meu amigo. Sou serena, ponderada, sensível e sou muito intuitiva.
NTV
Gostei da entrevista , e da maneira siplificada como a Sofia respondeu a todas as perguntas, Fico feliz por saber que continua a querer estar na SIC mulher, vejo varios programas mas ,o programa portugues de que mais gosto e o do querido, espero que possa continuar por muitos mais anos , quem sabe se chegara o meu dia. parabens ao entrevistador e a Sofia, um grande beij. da sua admiradora . Maria Celia Nunes
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