Catarina Avelar está de regresso à SIC no elenco da novela ‘Dancin Days’ onde dará a vida a Amélia Esteves (na foto).
Queixou-se da falta de trabalho... Sim, porque depois do ‘Conta-me Como Foi’ estive como mulher-a-dias, como costumo dizer, a participar em episódios de várias séries. E não é só o trabalho pela parte monetária, que dá muito jeito, é o conviver com os colegas, o estar ativa. Com a minha idade, a pessoa se não está ativa, se não convive...
Fecha-se? Exatamente. E eu já estava a ficar assim.
Lamentou também que não haja textos para a sua idade.
Eles acham que a terceira idade não vende. As meninas bonitas, isso é que interessa. E depois uma faixa etária abaixo da minha, felizmente, tem tido trabalho.
Será isso um espelho dos tempos. Liga-se mais à imagem… Acho que sim. Uma pessoa nova faz o programa ‘x’ e depois é logo convidada para uma novela.
Teve sorte ou procurou-a? Eu nunca procurei nada. As coisas têm-me acontecido. Nem sou de lutar. Às vezes digo "gostava tanto…" Aliás, acho que um dos meus maiores defeitos é acomodar-me, não ir à luta por mim. Pelos outros, sou capaz de ir. Estive na direção do sindicato, fui delegada, fui da comissão de trabalhadores. E tenho sempre a resposta na ponta da língua. Quando é pelo bem comum.
É tímida mas responde? Nessas alturas… Tenho coluna vertebral, tenho profissionalismo, não admito que ataquem o meu profissionalismo porque tenho consciência dele.
É integra? Acho que sim. Tenho muito orgulho nisso. Os valores ainda cá estão. Transmiti-os aos meus filhos e transmito-os aos meus netos.
Quem é a ‘Amélia’ que vai interpretar na novela ‘Dancin’ Days’ (SIC)?
É uma personagem que não existia no original. A novela está adaptada aos dias de hoje e a Portugal. Sou empregada numa casa há 40 anos. O meu papel é um bocadinho cómico, estou sempre a mandar bocas.
A palavra tem muita importância para si?
Tem. A palavra escrita e a palavra dita. Eu ouço as pessoas a falar, seja ou não na televisão, com umas vozes e pergunto-me como é possível estar neste meio com uma voz destas…
A voz tem de transmitir emoções?
Tem. Temos de ter uma voz bem colocada, porque se temos uma voz completamente na cabeça, não convencemos. A voz tem de estar no peito. Sou muito sensível à voz. Quando ouço as pessoas a falar com a voz estridente, toda na cabeça, fico arrepiada.
PERFIL
Catarina Avelar nasceu em 1939 numa família dedicada às artes. Frequentou o Conservatório e em 1957 ingressou no Teatro Nacional D. Maria II, onde esteve 47 anos. Assídua dos ecrãs, destacou-se em ‘Cuidado com as Aparências’ (SIC), ‘Amanhecer’ (TVI) e ‘Conta-me Como Foi’ (RTP 1).
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