Soraia Chaves em destaque merecido

Soraia Chaves é uma das personagens que fogem das tropas de Napoleão no filme ‘Linhas de Wellington’. O filme realizado por Valeria Sarmiento chega hoje aos cinemas.

Correio da Manhã – Martírio não lhe parece um nome estranho para uma cortesã?

Soraia Chaves – Até é um nome bem bonito e com uma certa ironia, tendo em conta o à-vontade e a convicção com que ela desempenha o seu papel.

– É um nome simbólico? – Pelo contrário, até lhe vejo muita força. Faz o que faz como forma de sobrevivência mas também com a perspectiva de ser importante para as tropas.

– Sendo ‘Linhas de Wellington’ um filme sobre o efeito da guerra em várias pessoas, a sua personagem é a que sobrevive melhor? – Sem ser insensível ao que se passa à volta, ela tem uma grande capacidade de abstração. Mas não sobrevive melhor. Todos estão a ver o horror.

– O que a levou a querer participar em ‘Linhas de Wellington’? – Desde que o Paulo Branco me apresentou o projeto, tive noção de que era especial. Um filme de época, um filme de guerra, um filme que trata da nossa História, com uma equipa de profissionais incríveis... Não havia forma de recusar a oportunidade de participar.

– Quando Raul Ruiz morreu, sentiu que o filme estava em risco? – Percebeu-se que o filme iria ser concretizado, e a dúvida foi quem iria realizar. Quando se soube que seria a Valeria Sarmiento, fiquei muito feliz.

– Nota diferenças ao ser dirigida por uma cineasta mulher? – Todos os realizadores são diferentes e têm sensibilidades diferentes. A Valeria trouxe, na forma de pegar nas cenas, a sua enorme subtileza.

– Como aquela em que está na banheira com Marcello Urgeghe? – É linda, quando podia ser brejeira. Ela introduziu elementos como a câmara que dança à volta da banheira e a canção que a Martírio canta. É mágico ver como transformou aquela cena.

– É-lhe indiferente que haja pessoas que vão ver um filme seu para a verem com pouca roupa? – [risos] Quero acreditar que as pessoas são um bocadinho mais inteligentes do que isso. Este filme não serve para mostrar o corpo seja de quem for. Não vai satisfazer voyeuristas. Se alguém for ao engano, tenho pena.

PERFIL

Soraia Chaves nasceu há 30 anos em Lisboa e tornou-se conhecida em 2005, quando a sua Amélia foi uma tentação para ‘O Crime do Padre Amaro’. Desde então, protagonizou filmes como ‘Call Girl’ e ‘A Bela e o Paparazzo’. Depois de ter ido estudar em Madrid, voltou para Portugal e é uma das protagonistas da telenovela da SIC ‘Dancin’ Days’.