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29 de março de 2013

Ana Guiomar: "Não ambiciono ser protagonista"



Feliz com o sucesso de 'Dancin' Days', a atriz fala sobre o fim de 'Morangos com Açúcar' e admite que as portas da TVI ficaram fechadas, depois de participar em 'Tempo de Viver'. E confessa que não sente necessidade de ter um contrato de exclusividade.
Despediu-se recentemente de Dancin' Days. Vai ter saudades de Sónia?
Vou. Aliás ainda nem a consegui enterrar [risos].
Qual é o balanço deste ano de trabalho?
Foi um ano mesmo muito bom. Diverti-me muito. No meu núcleo ficamos todos com uma grande ligação.
O que é que ficou de Sónia?
Não ficou muita coisa. Talvez o positivismo. Ela não tem quase nada que ver comigo. A única coisa que tinha era mesmo a energia e a boa disposição.
Gostou do final que lhe deram?
Agradou-me muito mais do que estava à espera. Era aquilo de que ela precisava. Vai acabar em muito bom. Aquele shopping vai rodopiar quando souberem o que vai acontecer e o que ela conseguiu para a vida.
Dancin' Days é neste momento o programa mais visto da televisão portuguesa. Na rua sente o sucesso da novela?
Sim. As pessoas abordam-me e fazem algo que me faz pensar "que triste estar a fazer isso", mas ao mesmo tempo acho graça. Mexem nas mamas e perguntam "então as minhas meninas", uma expressão que a personagem usa muito. Às vezes homens até com bastantes "meninas". Fico envergonhadíssima. E penso "isto não é um adereço, tenham calma".
E as senhoras também fazem o mesmo?
Não, as senhoras fazem menos [risos].
Quando a novela começou a liderar, sentiu um aumento de responsabilidade?
Não. A qualidade tem de ser sempre a mesma. Seja para dez seja para dez milhões.
O aumento do número de episódios de Dancin' Days prejudica a história?
Isso tem de se perguntar mais ao espectador do que a mim. Ao nível de história não sinto que nada tenha estado estagnado nem que canse. Foram mais peripécias para me divertir.
As novelas brasileiras têm crescido em audiências. Não teme que a ficção nacional esteja a retroceder?
São ciclos. Estas duas últimas novelas brasileiras são muito fortes. Gabriela era um remake de uma novela que toda a gente queria ver. Depois, novos espectadores que nunca viram, e também o homem, porque aquilo explorava muito o lado erótico, muito bem feito, textos geniais, décors maravilhosos... E o espectador percebe isso. Avenida Brasil é um produto extraordinário. São propostas muito, muito boas.
Não é possível fazer cá algo do género?
Era possível, mas com a produção deles.
Mas a que se deve esta mudança? Falta criatividade aos projetos portugueses?
As pessoas estão um bocadinho cansadas de ver os mesmos atores na TVI. Mas com as quebras de contrato isso vai ficar resolvido. E contra mim falo, porque adoraria estar sempre a fazer, não tenho contrato com ninguém e quanto mais trabalho melhor. A verdade é que um ator não pode acabar uma novela e enfiar-se noutra. Há pessoas que não têm o dom de ser muito diferentes. Chega a um ponto em que a arte, que é uma coisa que custa como processo criativo, cansa. E se as pessoas não se cansam e estão sempre a fazer projetos, projetos, projetos, isso passa a ser um trabalho de escritório, que é o que não interessa.
É isso que está a acontecer?
Para algumas pessoas, sim.
Foi a falta de criatividade que motivou o fim de Morangos com Açúcar?
Os Morangos algum dia tinham de acabar e ainda bem que foram conscientes e decidiram acabar. Não quer dizer que daqui a uns tempos não venha um projeto com a mesma temática e para o mesmo nicho de mercado.
Como reagiu ao ver o final da série?
Gostei muito de fazer os Morangos, aprendi imenso, muitas das coisas que sei a nível pessoal e profissional devo-o àquelas pessoas, àquele projeto. Sobre o fim da série, não fiquei triste, porque já tinha saído há muito e estava desligada daquilo. Mas era uma escola ótima para pessoas como eu entrarem, aprenderem e absorverem, sem dúvida alguma.
Faz falta à ficção nacional?
Faz. Mas deve estar a surgir alguma coisa do género, porque os miúdos e os adolescentes adoram aquilo.
Ficou triste por não participar no filme?
Tive pena de o filme não explorar um pouco mais o passado dos Morangos e o público "pai" estava à espera disso. Se me dissessem que entravam atores da minha série, aí ficava triste por não entrar, mas com estes atores novos que não conheço, com quem nunca trabalhei, não tenho qualquer tipo de ligação, não.
Não recebeu sequer convite?
Não, não.
Mas viu o filme?
Não cheguei a ver. Não tive curiosidade porque houve um rompimento com a série, não sei bem do que se tratava. Não sei muito bem o que as personagens estavam ali a fazer.
Desde que participou na série nunca mais parou. Sente-se uma privilegiada?
Muito privilegiada, sem dúvida alguma.
Porque acha que nunca parou?
Há muito o fator sorte, obviamente, mas também há muito o fator trabalho. Tenho a certeza de que trabalho imenso e que levo esta profissão o mais a sério possível e que a respeito.
Assusta-a a ideia de ficar sem trabalho?
Claro que sim. Mas acabei Dancin' Days, estive no teatro e segue-se outro projeto em TV.
Que projeto é esse?
É a nova novela da RTP1 [risos].
E o que pode adiantar sobre a personagem?
Não sei mesmo de nada, porque supostamente já éramos para estar com tudo feito e isto entretanto atrasou imenso, porque havia muito elenco por fechar. Na segunda-feira vou buscar episódios, ver de cabelos e essas coisas, e depois, na terça-feira, parto de viagem. Ainda não tenho um único episódio [risos].
Ficou satisfeita com o convite?
Estou satisfeita, deu para descansar. É uma novela que me parece ter um conceito um bocadinho diferente e porque não posso estar sempre a fazer novelas seguidas na SIC, não têm personagens para mim e eu não posso gastar a imagem à maluca, e depois porque me parece que a novela vai ser num horário que para mim é apelativo e que está por explorar, e isso é bom. Estou muito entusiasmada.
Os seus papéis têm estado ligados à comédia. Continua a ser estimulante fazer rir?
Têm-me perguntado muito isso e começam a meter-me macaquinhos na cabeça porque nunca vi isso por esse prisma. Repare, eu fiz Tempo de Viver, nada de comédia, o Conta-me como Foi, nada de comédia. O que fiz de comédia foi PerfeitoCoração, mas aquilo não era bem comédia. Fiz Laços de Sangue, que também não tinha graça nenhuma. Eu, pelo menos, não lhe achava graça nenhuma. Mas continua a ser estimulante. Gosto muito. E aguenta-se muito melhor uma novela de um ano e meio em comédia do que se fosse em drama.
Ainda não está preparada para um papel mais sério?
Claro que sim. Mas estou numa idade complicada, em que não posso fazer de mãe, mas também já não posso fazer de filha de toda a gente. É uma idade em que se fica nos núcleos soltos, que são comédia, porque não há família. A meu ver é essa a questão, mas tenho feito muito drama em teatro e tem sido espetacular.
Que papel gostava de interpretar?
Não sei. Gosto de fazer todos os papéis. Estou preparada para tudo. Desde que acredite, gosto de fazer todos. Adorava fazer um papel dramático a seguir, mas depois se estiver nove ou dez meses a chorar e armada em boazinha... Não é uma coisa que me estimule.
Em 2008 aceitou fazer o papel de homossexual em Podia Acabar o Mundo. Foi difícil?
Bem... Podíamos ter dado muito mais para aquilo fazer realmente sentido. Mas não me fez confusão alguma. Acho até que foi pouco explorado, podíamos ter tido uma relação mais forte. Tínhamos uma relação normalíssima, mas pronto, evitava-se o beijinho...
Hoje seria mais explorado?
Sem dúvida. E não me importaria de voltar a fazer um papel desse género. Até porque a minha maturidade é outra e ia vê-lo de outra maneira, ou fazê-lo melhor.
"As portas da TVI fecharam-se, mas nunca precisei de ir lá bater"
Tem 24 anos, é jovem. Acha que isso lhe corta as pernas para outros papéis?
Não sei [risos].
Não ambiciona um papel de protagonista?
Não, não ambiciono ser protagonista de uma novela. Para o ego deve ser espetacular, nove meses a dizer "sou protagonista, estou cansada". Se fosse a Diana de Laços de Sangue, sim. Era um papel espetacular. Mas às vezes as protagonistas são chatas. Não se divertem tanto.
Ainda não chegou o momento de ser protagonista, com dez anos de carreira?
Não necessariamente. Nunca pensei muito nisso. Ficava chateada se me dessem uma personagem que aparecesse uma vez por episódio e não fosse nada explorada. Isso chateia, queria dizer que o meu trabalho não estava a ser bem feito e o público não estava a gostar.
Depois de Morangos, fez Tempo de Viver ainda na TVI. Depois mudou-se para a concorrência. As portas da TVI fecharam-se?
Se calhar, sim...
Porquê?
Não sei. A Plural tem pessoas a dirigir e a mandar que não conheço. Fiz Tempo de Viver e depois surgiu o Conta-me, na RTP1, e decidi fazê-lo e sair. E sei que nessa altura não foi muito normal, porque as pessoas dos Morangos assinam logo contratos baratos. Não ambiciono isso. E as portas da TVI fecharam-se. Mas a verdade é que depois nunca precisei muito deles. Nunca precisei de lá ir bater à porta.
Não gostava de ser exclusiva de um canal?
Um contrato de exclusividade, a mim, o que me daria? Alguma segurança... Se calhar, quando tiver 30, 35 anos e quiser ter um filho, aí sim, dar-me-ia imenso jeito, e adorava, mas agora não, ter um contrato e de repente fazer tudo. Olhe, eu agora a apresentar? Que vergonha!
Não gostava de experimentar?
Gostava uma vez... Mais do que isso, não. Ia ter muita vergonha. Tenho muitos problemas em ser eu própria.
Passado este tempo todo, ainda não perdeu essa vergonha?
Perdi. Mas as pessoas não têm de saber como é que sou. Acho que ia ser do tipo Cristina Ferreira, uma pessoa solta. Gosto daquele género, porque ela é muito autêntica, acho graça. Tem de se ter aquele à-vontade que ela tem. Eu não seria assim. Ficava acanhada.
Nunca foi convidada a ser exclusiva?
Houve uma abordagem. Mas as coisas entretanto mudaram todas.
Portanto, presumo que tenha sido da SIC...
Uma abordagem... Não sei se foi... [sorriso].
Como disse que as coisas mudaram todas e tem trabalhado com o canal de Carnaxide...
... [risos].
Foi a crise que fez que não tivesse contrato de exclusividade?
Foi, há imenso tempo. E não fiquei chateada.
Presa, portanto, a liberdade enquanto atriz?
Sim. E assusta-me ter um contrato. É como comprar casa! Tem coisas boas e coisas más. O português é um fraco e, claro, se nos acenarem com a nota toda dizemos que sim. A verdade é que há muitos atores com contrato de exclusividade que não podem fazer certo tipo de trabalhos no teatro por terem um contrato e isso é terrível. Porque não tenho filhos, não tenho ninguém para alimentar, para gerir, não tenho grandes responsabilidades monetárias, só são comigo, não com outra pessoa. E acho que, se não aproveitarmos esta liberdade... Imagine uma pessoa que sai dos Morangos com 16, 17 anos, tem um contrato de exclusividade de cinco anos com a Plural, recebe um ordenado médio e, quando não está a trabalhar, médio menos. Se calhar, aquele médio menos não lhe faz confusão alguma, não muda nada para o que poderia estar a aprender. Em teatro, noutros projetos, noutros canais. E quando aquelas pessoas ficarem gastas pelo canal? O que é que criaram a nível profissional, que relações e outros trabalhos é que fizeram para poder sair dali e voar? É como um pássaro que se lhe cortou as asas.
Sente-se bem paga?
Sinto. É meritório. Ainda sou do tempo em que se era bem pago.
Então já não é?
Continua a ser, pelo menos para mim. Mas vai descambar...
É fácil ser ator em Portugal?
Não. Não é nada fácil. As pessoas esquecem-se muito rapidamente daquilo que fizemos e depois dão-nos valor e não dão. Consome-se muita televisão. É tudo muito efémero.
Alguma vez sentiu o seu talento menos prezado?
Não. Mas sinto que há muita falta de respeito na medida em que encaram a profissão como se qualquer um pudesse ser.
E isso é mau?
É péssimo. Eu comparar-me com um ex-concorrente da Casa dos Segredos, coitado, não tem formação. O que seria? Que horror!
Há mercado para tantos atores?
Para tantos atores, há. Mas para os que não são, não. Mas eu contra mim falo, porque os meus colegas têm formação e vão dizer: "Ela também não tem formação." Mas respeito a profissão, que é o que os outros não fazem.
Há muita gente a não respeitar?
Muita gente? Muita gente mesmo.
Os próprios atores?
Os que não são atores. Os verdadeiros atores respeitam, sem dúvida alguma. E isso nota-se.
Já tem mais de dez anos de carreira. Sempre foi um desejo ser atriz?
Não. Mas não sei o que queria ser antes. Fiz casting para várias produções, quer dizer, fui lá deixar o registo. Foi por impulso. Estava inscrita em agências mais para publicidade e ganhar uns dinheiros. Depois fui para os Morangos...
Começou aos 14 anos. Teve de crescer cedo de mais?
Sim, mas sempre fui muito crescida para a idade, muito responsável e muito de saber bem o que queria. Quer dizer, não sabia muito bem o que queria ser, mas sabia que queria ser alguma coisa e, no que fosse ou escolhesse, teria de ser boa e dar o máximo. Não sei se tivesse outra profissão o que é que seria. Quando comecei a fazer os Morangos percebi que gostava muito de fazer isto e que queria muito fazer isto.
Emigrar já passou pelos seus planos?
Não. Sou muito ligada à minha família. Era incapaz. Tinha medo. Por exemplo, se me disserem: "Vais fazer uma novela para Angola ou para o Brasil, durante quatro ou cinco meses, vou, porque sei para onde vou. Agora ir à maluca, à procura, não. Não tenho nada esse espírito.
E se fosse um convite da Globo?
Sem dúvida que iria. Isso era melhor do que um contrato de exclusividade. Calor, sol, praia, Brasil, gente alegre. Ótimos profissionais. Figuração na Avenida Brasil? Vou [risos].
Acha que é uma boa atriz?
Sou uma atriz que já foi muito boa em alguns trabalhos, que cumpriu noutros e que se vai espalhar num qualquer [risos].














NTV



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