SIC, Carnaxide, 11 da manhã. Um jornalista e um operador de câmara passam apressados em direção a um dos carros do canal, enquanto os editores, a coordenadora do “Jornal da Noite”, o responsável da SIC Notícias e um elemento da administração acomodam-se na sala de reuniões. Clara de Sousa, a pivô do “Jornal”, só chegará à hora de almoço. A reunião é feita à porta fechada numa sala com grandes janelas para o corredor principal dos estúdios. Dali sairão muitas das decisões do dia: as notícias, os temas e as reportagens que vão para o ar à noite. A troika é um dos assuntos, mas há especial interesse em acompanhar a primeira aparição de Mário Soares, depois de este ter estado internado. As notícias sobre o Vaticano também são importantes e as eleições de Itália vão ter um direto da jornalista enviada especial ao país. “Nesta reunião, fazemos um primeiro alinhamento, mas há assuntos que podem dar mais do que uma peça e outros que podem não dar nada”, começa por nos explicar Marta Brito dos Reis, a coordenadora do “Jornal da Noite”. Ao longo do dia, saem para a rua 15 equipas em reportagem e, por volta das 18 h, o ambiente da redação começa a “aquecer”. É nessa altura que os jornalistas chegam do exterior com o material recolhido, prontos para editarem as peças. A partir dessa hora, o relógio parece andar mais rápido do que é costume e sente-se um burburinho diferente. “Hoje é um dia sumarento. Há muitas notícias, muita coisa a acontecer”, explica-nos Marta Reis. A trabalhar na SIC há 12 anos, a jornalista garante que não existe monotonia numa redação. “Há sempre muito stresse, mas já estamos habituados”, desdramatiza com ar sereno. Clara de Sousa, uma das apresentadoras do “Jornal” e um dos rostos da SIC, concorda. “Não há um dia que seja igual”, afirma. Para a pivô, que é jornalista há 21 anos, “trabalhar em televisão é sempre estimulante”. E justifica: “Só é jornalista quem ama a profissão. É tão cheia, tão intensa e tão diferente todos os dias que, enquanto as outras pessoas querem chegar ao fim de semana e sair, nós queremos ficar em casa em paz e a descansar”.
10 horas na redação do "Jornal da Noite".
11:00 - Alcides Vieira (Direção da SIC), José Gomes Ferreira (editor de Economia), André Antunes (coordenador do “Primeiro Jornal”), Ricardo Rosa (SIC Online); Isabel Horta (editora Sociedade), Rui do Ó (coordenador dos operadores de câmara), Sérgia Carneiro (Produção), Marta Brito dos Reis (coordenadora do “Jornal da Noite”), António José Teixeira (SIC Notícias).
A primeira reunião do dia serve para acertar detalhes. A maior parte das reportagens já foi distribuída pelos jornalistas no dia anterior. Mas há sempre notícias do dia. Cândida Pinto, editora de Internacional, relata novas sobre o Vaticano.
14:00 - Depois da reunião, Marta Brito dos Reis, a coordenadora do “Jornal da Noite”, distribui alguns assuntos pelos repórteres. Carla Castelo informa a coordenadora que vai sair para entrevistar um vereador de Sintra e completar uma reportagem.
15:00 - Jorge Oliveira prepara a câmara para sair com Carla Castelo. “Estamos a fazer uma reportagem sobre o acesso à água e saneamento básicos na população de Dona Maria”, revela a jornalista.
A equipa ainda regressa à redação para editar a peça para o Jornal. “Às vezes começamos a escrever no carro”, comenta Carla Castelo.
15:10 - Clara de Sousa chega à redação normalmente por volta da hora de almoço. Depois, senta-se no seu lugar, que é partilhado com a equipa da manhã, faz os primeiros pivôs (textos que introduzem as reportagens) e atualiza o seu Facebook.
De vez em quando, Clara de Sousa leva uma das suas receitas para os colegas. “Aqui não é só trabalho. Também falamos sobre culinária”, conta a pivô. Aliás, Clara garante que o ambiente na redação é tranquilo. “Podia não ser, mas damo-nos bem. Fazem-se amigos, namoros e até casamentos aqui”, afirma.
A maquilhadora Elsa Martinho recebe de Clara uma fatia de tarte de pera.
17:00 - A jornalista Sofia Lima Rato e o editor de imagem Ricardo Santana preparam uma peça sobre os Óscares numa das ilhas de edição. Um minuto de reportagem leva uma hora a editar.
17:10 - Clara de Sousa começa a preparar-se. É maquilhada, penteada e veste-se para apresentar o Jornal.
17:15 - Carla Castelo voltou do trabalho na Câmara Municipal de Sintra. Já escreveu o texto e grava o que investigou sobre a não existência de água corrente e saneamento básico na população de Dona Maria.
18:00 - Para abrir o Jornal, Anselmo Crespo prepara uma peça sobre a troika. O jornalista grava num ambiente croma (cenário de cor verde), mas na TV haverá um gráfico que explica os novos cortes que os portugueses vão enfrentar. “Afinal a crise é mais grave”, diz.
19:00 - Pronta para mais uma noite. “Já não fico nervosa. Só em noites de eleições ou debates.”
19.10 - Clara grava os títulos do “Jornal da Noite”, ou seja, as frases com que o bloco de notícias começa. Servem para atrair o telespectador.
19:45 - Miguel Sousa Tavares comenta as notícias à segunda-feira. Antes de ir para o ar, o comentador e Clara de Sousa combinam os temas que vão discutir. Miguel tem menos de 3 minutos para cada um.
20:00 - O “Jornal da Noite” está no ar e começa a corrida contra o tempo.
Marta Reis (em baixo) está sempre de olho no que os canais concorrentes estão a transmitir. Será uma hora e meia de adrenalina pura.
21:40 - Terminado o “Jornal da Noite”, Clara de Sousa desmaquilha-se ainda nos estúdios. A missão está cumprida. Amanhã há mais.
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