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22 de fevereiro de 2014

Hoje no Perdidos e Achados como tema 'Padres Operários'!




Trocaram a missa pela fábrica, as assembleias dominicais por plenários no local de trabalho. Já não são operários no activo em Portugal, mas tiveram um papel de relevo nas décadas de setenta e oitenta do século passado. Os padres operários deixaram marcas na transição para a democracia. Nas fábricas, dando o exemplo no trabalho e pela solidariedade operária, ou, em consequência, pela via sindical e política. Sobretudo na “margem sul” e na península de Setúbal. Sempre com o apoio de D. Manuel Martins, que ficaria conhecido como o "bispo vermelho". Perdidos e Achados recupera a memória de três ex-padres operários portugueses.




Luís foi delegado sindical e dirigente do MES, ao lado de políticos como Ferro Rodrigues. O último trabalho que teve foi como formador no IEFP em Setúbal. É hoje pároco em Faralhão, Setúbal. Fez-se fresador mecânico em França, conheceu o drama da emigração até regressar para percorrer várias fábricas na península.
Manuel esteve em França com Luís. Foi na Lisnave que ganhou fama. Assumiu as reivindicações e fez-se representante dos interesses dos trabalhadores. Esteve na origem e na retaguarda de muitas manifestações e ações de luta. Ainda se recorda da primeira reunião que teve com o administrador Álvaro Barreto. "Queria sentar-nos numa mesa redonda, mas eu disse: senhor engenheiro, desculpe lá, mas aqui os interesses são antagónicos, vocês estão de um lado e nós estamos do outro, por isso arranje lá outra uma mesa".
O padre Manuel é hoje capelão hospitalar e pároco em Penafiel. Trabalhou numa cooperativa de mobiliário, mais de 20 anos, que em 2005 faliu. A luta de classes não lhe é estranha. Entende que o marxismo continua válido "como instrumento de análise". Nos anos quentes militou no PRP, um dos mais radicais partidos das esquerdas revolucionárias. Amigo de Otelo, esteve também preso dois anos e meio por suspeita de ligações às FP-25. "Não tinha nada a ver com aquilo", diz, reafirmando que foi uma injustiça. Mas não guarda rancor.
Também o padre Constantino viveu intensamente as lutas sindicais em Setúbal. Como Luís e Manuel, trabalhou nas fábricas e liderou o influente Sindicato dos Metalúrgicos do Sul, afeto à CGTP. É hoje pároco na cidade de Setúbal. Na década de oitenta enfrentou os ordenados em atraso, as falências e conviveu com a fome dos "camaradas". Ocupou estradas, participou em boicotes e foi detido em S. Bento quando, com outros sindicalistas, exigia uma reunião com o chefe de governo do “bloco central”, Mário Soares.
Neste Perdidos e Achados, os três ex-padres operários recordam os sonhos e as decepções. Dizem o que pensam sobre os políticos, a política, o “estado da arte” e uma Igreja “distante” do mundo do trabalho.
Na segunda parte, do Jornal da Noite na SIC. Apresentado pela Jornalista Maria João Ruela! Não Perca!





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