"O melhor programa do mundo”, da SIC Radical

O programa da SIC Radical, que faz 13 anos em setembro, continua a dar gás às tardes do cabo da SIC. Nos bastidores, a energia é eletrizante... do primeiro ao último minuto. O Curto Circuito (CC) ainda é o que era (?). Os fãs incondicionais do programa emitido pela primeira vez em 1999 no extinto CNL (Canal Notícias de Lisboa) podem não achar, mas uma coisa é certa: o ritmo não abrandou. Já não há Unas nem Alvim, nem boneco amarelo nem DJ Xavier, mas há uma Carolina Torres elétrica e um João Paulo Sousa acabadinho de chegar. A dupla de apresentadores de serviço no dia em que a NTV visitou o estúdio do CC (emitido do Parque Holanda, em Carnaxide) já está na SIC desde as dez da manhã. Numa sala, produtores, realizador, diretor criativo e apresentadores ouvem música, acertam o alinhamento. Faltam menos de duas horas para a emissão e... começa a roda-viva entre o estúdio, a maquilhagem, os cabelos. "Sinto-me um bocadinho veterana do CC, mas ainda tenho muito para andar", conta Carolina Torres, há dois anos na SIC Radical, depois de ter participado no talent show Ídolos. "Gosto muito de acordar de manhã e estar disposta a fazer o que tenho que fazer", confidencia, num tom mais sério, Carolina, que não se livra, no entanto, dos risinhos de gozo do diretor criativo, Jorge Amaral, e do produtor, Marco Oliveira, que estão atentos à conversa, embora sem levantar os olhos dos computadores. A equipa do CC é maioritariamente masculina, pormenor que não incomoda a apresentadora de 23 anos. "Entre as mulheres há muita competição no trabalho e aqui isso não existe. Estamos todos num bom ambiente e damo-nos bem. O meu melhor momento do dia é saber que venho para cá para estar com estes loucos!", conta Carolina.

O ídolo e o fã, frente a frente

A emissão de quinta-feira (23 de fevereiro) conta com um convidado muito especial, que deixa o novato da equipa João Paulo Sousa com os nervos em franja. É Rui Unas, o primeiro apresentador do programa ainda nos tempos do extinto canal CNL. "O CC cada vez mais faz sentido. Acho que os apresentadores são muito genuínos. É impossível estar-se a mentir neste programa porque, mais cedo ou mais tarde, a personalidade vem ao de cima. Parte do sucesso do programa deve-se a esse espírito manter-se ainda vivo", afiança o humorista, que é uma das maiores referências de João Paulo Sousa. O apresentador não esconde o nervoso miudinho por ir estar, dentro de minutos, cara a cara com o "lord" (deus). "Quando admiro as pessoas sou muito envergonhado. A nível de referências, ele está no top 3, de certeza!", confessa.

João conduziu, durante três anos, o Disney Kids (SIC). "Fazer o CC é uma responsabilidade que nos é incutida mais por nós do que pelos outros. Nunca ninguém me disse para ser igual ao Unas nem vão pedir", explica, acrescentando: "O que é que eu posso trazer de novo ao CC? Essa é uma pergunta que me faço todos os dias (risos)! É que já se passou tudo, já se fez tudo, portanto, a única coisa que posso trazer é a minha individualidade. Não venho imitar ninguém", garante João, que está acordado desde as 5.30 (é animador das manhãs da Super FM). Anda sempre de lancheira atrás, onde guarda comida para ir petiscando ao longo do dia. "Esqueço-me dela em todo o lado...", desabafa, explicando: "Além de ser forreta, sou saudável", brinca.

Um cinto para carolina

"Everytime you go way, you take a piece of me with you", cantarola Carolina, para afastar os nervos. João vai buscar garrafas de água e é o mais calado da equipa. "Este gajo está cá há um mês e já está com tiques de vedeta!", atira um dos operadores de câmara, para aligeirar os nervos do benjamim do CC. Nos bastidores, Rui Unas, que comemora 38 anos naquele dia, está prestes a entrar em estúdio. Carolina revela qual o ritual da praxe da equipa: "Todos os dias, antes do início do programa, dizemos 'este vai ser o melhor programa do mundo!'... mas nunca é...", brinca. A equipa técnica, composta por 14 elementos, participa ativamente no programa. Mandam bocas, batem palmas e lançam piadas enquanto Carolina e João Paulo dão as boas-vindas: "E já cá estamos!" O espírito de entreajuda numa equipa de dimensões caseiras é notório. "Nunca mais visto calças largas. Alguém tem um cinto?", pede Carolina, que foi descoberta por Pedro Boucherie Mendes na terceira edição do talent showÍdolos e convidada, à semelhança de João Paulo, para apresentar o CC. Um cinto aparece, como por artes mágicas, e vai parar às calças da apresentadora. Assunto resolvido. Imagem e som são coordenadas a partir de duas régies improvisadas. A definitiva, ainda em obras, estará pronta em breve. Miríades de botõezinhos, luzinhas, ecrãs, piscam às ordens dos profissionais que, de auscultadores na cabeça e olhos postos nas pequenas televisões, ditam ordens impercetíveis aos leigos da TV. "Atenção à um! Um. Atenção à três! Três", diz David Alves, que realiza o CC desde setembro. Na cabina ao lado, Miguel Pires, coordenador de áudio, está acompanhado de Ana Rita Pancada, responsável por escolher as chamadas dos telespetadores que irão para o ar. "Em média, recebemos 20, 30 chamadas. Tentamos não repetir as pessoas, porque há algumas que ligam todos os dias, e abranger a maior parte do País. A maioria das chamadas que recebemos são de pessoas de Lisboa ou do Porto", explica. Quem vê o CC atrás das câmaras não consegue evitar ficar com uma pontinha de inveja. Tensões, zero, diversão máxima. Será? "Somos uma equipa que se distrai facilmente. Mas isso é bom porque acabamos sempre por fazer o trabalho. Convém irmos com um bom sentimento para o estúdio. E sabemos que a equipa nos está sempre a apoiar. Parece que estás com os teus amigos, não parece que estás no trabalho", afiança Carolina, atirando: "Não mereço um aumento depois disto, hã?"

 

 

 

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