Entrevista à Joana Santos: "A fama de ser atriz não me fascina" - Site SIC GOLD ONLINE – SIC Sempre GOLD

Home Top Ad

Responsive Ads Here

Post Top Ad

24 de junho de 2012

Entrevista à Joana Santos: "A fama de ser atriz não me fascina"

ng1995631

A protagonista de 'Dancin' Days' revela que, nos últimos dois anos, passou de menina a mulher graças à sua personagem em 'Laços de Sangue'. Considera-se uma atriz bem paga e reconhece que ter contrato de exclusividade com a SIC, aos 26 anos, é um privilégio. Está feliz em Portugal, onde é considerada a nova coqueluche da ficção nacional, mas não descarta a hipótese de vir a trabalhar na brasileira TV Globo se tiver uma boa proposta. Sobre o futuro, diz: "gosto de viver um dia de cada vez."

Dancin' Days foi anunciada como a novela do ano. Na TVI, LoucoAmor tem o mesmo título. Afinal, qual é a novela do ano?

(risos) É óbvio que vou defender o meu projeto. Primeiro por ser um remake. Assim que se falou que iria existir este remake em Portugal as pessoas começaram a ter expectativas. Já desde o ano passado que falávamos nesta novela. E claro que vou dizer que esta, que é a minha novela, é a novela do ano.

Já reparei que tem um novo visual, que só será revelado mais à frente na novela. Foi difícil cortar o cabelo?

Todas as personagens que faço têm de ser diferentes. E isso tem de ser bem marcado, porque são pessoas diferentes. Eu gosto de ficar diferente de mim e da personagem anterior que fiz.

Torna-se mais fácil a tarefa de encarnar um novo "eu"?

Com um novo visual, sim. Porque é um novo papel. E como a minha personagem tem uma grande reviravolta mais para a frente da história, era essencial ter uma mudança. Tanto que o corte de cabelo é mais moderno, coincide com uma altura em que ela [Júlia] vem de Itália, e é uma mudança de postura, de atitude, de roupa. E tinha de ser feita alguma alteração.

Então não lhe fez confusão sentir a tesoura?

Bem, é óbvio que quando me começaram a cortar o cabelo fez-me alguma confusão, mas rapidamente passou. Agora, quando me olho ao espelho, já gosto daquilo que vejo. É diferente, sinto-me mais leve. O cabelo que tinha anteriormente não tinha corte. Era o cabelo de uma ex-presidiária.

No primeiro episódio da novela, a sua personagem, a Júlia, está presa. Fez algum trabalho de pesquisa neste sentido, visitou alguma prisão?

Sim. Fui à prisão de mulheres de Tires, fui lá porque era importante perceber... (interrompe) É muito difícil porque esta personagem passa 16 anos presa. E eu nunca vou ter noção do que é isso. Mas era importante saber certos pormenores. A maneira como elas andam no pátio foi uma das coisas em que reparei, elas andam no sentido dos ponteiros do relógio, algumas andam em grupo, outras sozinhas. E é a maneira de elas gastarem energia, porque lá não há quase nada para fazer. Mas, depois, também vi que elas lá dentro têm atividades, cursos, e eu queria perceber isso. A minha personagem tirou o curso de manicura e eu queria perceber até que ponto eles têm alicates, e têm, mas é com controlo. E outra coisa que quis saber foi a nível da homossexualidade como é que as coisas se desenrolavam.

E foi-lhe permitido falar com as reclusas?

Sim, falei com uma reclusa que foi presa aos 18 anos, estava grávida de quatro semanas, e vai ficar presa até 2024.

Para ver o resto da entrevista, clique em Ler Mais!

Uma história muito semelhante à da Júlia...

Exatamente. Fez-me muita confusão, foi complicado. E percebi que lá dentro existe tanto tempo para pensar... é uma rotina tão grande, mas ao mesmo tempo os dias podem ser todos diferentes. E chega-se a pensar em suicídio e ao mesmo tempo há um dia em que há esperança e no outro já não há. E depois pensas no que é que se pode fazer cá fora... É preciso que te agarres a qualquer coisa. E a minha personagem, para aguentar 16 anos, teve de agarrar-se à imagem da filha cá fora.

Conseguiu abstrair-se desse ambiente, ou sentiu-se desconfortável?

Sente-se desconforto, sim. Mas fui muito bem recebida porque elas viam Laços de Sangue e gostavam imenso da personagem.

Que também esteve presa...

Exatamente. Havia aquele desconforto, mas foi muito tranquilo. Estive mesmo dentro da cela dessa reclusa, para falar com ela. Mas tive de ter sangue-frio, realmente, porque são histórias que doem ouvir. Tive de me conter para não desatar ali num pranto e para poder continuar a fazer perguntas.

"Conseguir descolar da Diana foi uma conquista"

Passou de vilã a heroína. É uma volta de 180 graus...

É bom porque não estou sempre agarrada ao mesmo papel. Ainda por cima a Diana [Laços de Sangue] foi uma personagem muito marcante e conseguir descolar da Diana foi realmente a minha grande conquista. Além de que não quero estar sempre a fazer a mesma coisa.

Na novela, a sua personagem tem 34 anos e faz de mãe de uma adolescente de 16. Fez-lhe confusão?

Fez-me confusão no início porque só tenho 26 e, de repente, não só ia ter 34 anos como ia fazer de mãe de uma miúda de 16. E aqui não é só o facto de ser mãe, é ser mãe de alguém com 16 anos. Aquilo a que me agarrei foi: Eu estou no meio disso, entre a menina e a mulher. Quando a novela começa, a Júlia tem 18 anos e depois passa para 34. E eu estou precisamente nesse meio. Tentei dar o meu lado de menina e criança à Júlia no início da novela e o meu lado mais mulher à minha personagem quando ela sai da prisão. E depois foi o trabalho que fiz no Brasil que me ajudou nas cenas da prisão. Esse lado mais masculino e duro que era importante. São defesas. O baixar a cabeça na prisão é sinal de fraqueza.

Interpretar a mesma personagem que a atriz brasileira Sónia Braga e participar num remake é uma responsabilidade acrescida?

Ainda por cima a Sónia é uma atriz internacional. Claro que foi uma responsabilidade e, talvez por isso, decidi não ver nada do que foi feito em 1978. Tentei não ver nada para não cair no erro de copiar nada...

Existe essa tentação?

Sim, sim. Precisamente porque estamos a fazer um remake e a história, apesar de ser diferente, ter o mesmo fio condutor não quis cair numa cópia. Pensei: "É um remake, tudo bem. Mas é uma novela atual, feita para os dias de hoje, com personagens portuguesas, com uma história adaptada ao nosso país, portanto, vou fazer a Júlia portuguesa."

Tem o DVD da versão original em casa. Já sabe quando o vai ver?

Ainda não, mas acho que já está mais perto. Acho que já posso começar a ver alguma coisa em breve, sim.

Porquê? Sente que já conseguiu criar a sua Júlia?

Sim, sinto.

Tem estado atenta às audiências da novela ou é algo que lhe passa ao lado?

Sinceramente não me preocupa muito. Quero fazer o meu trabalho bem feito e claro que quero que tenha boas audiências. Mas não fico obcecada com as audiências nem vou à procura delas na Internet. Mas as audiências têm sido boas, e ainda bem.

Quando esteve no Brasil, terminada a novela Laços de Sangue, engordou seis quilos...

(gargalhada) Sim, sim.

Entretanto já se viu livre desses quilos a mais...

Sim, já emagreci. Não por dietas malucas, mas pelo ritmo intenso das gravações. No Brasil, estive de férias e não me privei de absolutamente nada. E a comida é tão boa... (suspiro) Foi a descompressão total. Férias, comer, praia e dormir.

E uma vez que é uma profissional ligada à televisão, isso não faz que se sinta pressionada com a imagem que tem?

Nesta personagem não pesou e porquê? Primeiro porque ela começa com 18 anos e estava grávida. E depois porque na prisão há um desleixo. Então optei por não ter muito cuidado com esse aspeto. E, respondendo à pergunta, felizmente tenho muita facilidade em emagrecer e esta nova fase da minha personagem coincidiu com o facto de eu estar mais magra. Tempo para ir ao ginásio é escasso, mas não tenho essa obsessão de fazer dietas malucas. Nem consigo, aliás, porque adoro comer.

A sua personagem é despojada de vaidades e veste-se de forma pouco feminina. Enquanto mulher, sentiu-se desconfortável?

Não. Eu também já sou simples por natureza, não é? É obvio que ela é mais descuidada. Mas não me incomoda nada se estou bonita ou se estou feia nas cenas. Se o guião diz que tenho de estar com um aspeto mais deslavado, eu vou fazer isso. Se tiver de cortar o cabelo, corto. Se se justificar, eu vou fazê-lo.

Uma das suas grandes características é o olhar. Quase que lemos o seu pensamento através dos olhos. Como é que isso se trabalha?

(riso tímido) Se calhar já nasci assim, não sei. Sou uma pessoa transparente, talvez seja por aí. E não é viver as coisas das minhas personagens, mas quando estou a gravar tento passar isso através do olhar, sim, tento sentir as emoções dela. É difícil explicar isso, é uma coisa minha.

"O público tem uma ideia cor-de-rosa da nossa profissão"

Depois do seu trabalho em Laços de Sangue tornou-se a nova coqueluche da ficção portuguesa. Como se lida com isso?

Lido com os pezinhos bem assentes na terra, porque é muito fácil deixarmo-nos deslumbrar. (pensa) E é bom de mais que praticamente todas as críticas tenham sido boas. Nem sei bem o que dizer...

Mas é fácil não haver deslumbramento?

Para mim é fácil porque não quero a fama. Quero é continuar a ser uma boa atriz, seja de teatro, de cinema ou de televisão. O meu intuito não é fazer capas de revista. Não é mesmo esse o meu objetivo. Portanto, não dou espaço a que haja deslumbramento.

É uma pessoa racional nesse sentido?

Sim, e acho que a educação que os meus pais me deram a esse nível foi boa, incrível. Eles educaram-me muito bem (sorriso).

Esta é já a segunda coprodução SIC/TV Globo em que participa. Sente-se atraída pelo mercado brasileiro, é um objetivo?

Porque não? Se me fizerem uma proposta que me agrade, sim.

Ou seja, é algo que não descarta?

Sim, não descarto.

Cresceu a acompanhar as novelas da TV Globo, quando elas ainda eram "rainhas" em Portugal?

(sorriso) Sim, sim, eu cresci com as novelas brasileiras. E no Brasil tanto gostava de trabalhar em televisão como em cinema. Porque o cinema lá também é muito bom. Costumo acompanhar, vejo filmes brasileiros e quando estive lá vi Mulheres de Areia novamente. Adoro essa novela.

Disse há pouco que não quer fama. Mas lida bem com a exposição mediática?

Agora lido melhor. No início era mais complicado, sempre fui muito tímida e, de repente, ver tantas pessoas a pedirem-me autógrafos... eu ficava um tomate! Mas agora já lido melhor e gosto de sentir que as pessoas vêm ter comigo. E quando fico sem palavras e só consigo dizer: "Obrigada, obrigada, obrigada." É gratificante perceber que as pessoas estão a gostar do meu trabalho.

Essa é a pior parte de ser atriz?

Sim, a fama é talvez a maior dificuldade. Porque a fama de ser atriz não me fascina, assim como não me fascina ir a festas. Como em qualquer profissão, há os prós e os contras, e se ser atriz implica essa fama... eu tenho de divulgar os meus projetos, mas não tenho de divulgar a minha vida.

E às vezes não dá por si a desejar ser anónima quando sai de casa num dia menos bom?

Felizmente não sou uma pessoa que dá muito nas vistas e consigo fazer a minha vida normalmente. Por isso não é aquela coisa de não conseguir sair à rua ou ir ao cinema.

E na altura de Laços de Sangue não foi repreendida por ser tão má?

Muita gente fazia esse comentário. Mas também me davam os parabéns e diziam que gostavam do meu trabalho.

Sente que o público português consegue separar a realidade da ficção?

Consegue, cada vez mais. Estamos no século XXI... É óbvio que às vezes pode confundir-se, as pessoas mais idosas, mas não posso dizer que houve alguém que me tivesse faltado ao respeito, não houve. Às vezes diziam-me que odiavam a personagem e que desligavam a televisão sempre que eu aparecia. Mas ao mesmo tempo gostavam de ver porque a história era cativante. Há crianças de quatro anos que vêm ter comigo ainda hoje e dizem que adoravam a Diana.

Sente que o público tem uma ideia cor-de-rosa da sua profissão?

Sim, acho que as pessoas, às vezes, não têm bem noção do que nós fazemos. Estamos aqui a trabalhar 12 horas por dia, não é só festas e glamour. Mas também ouvimos palavras de incentivo da figuração, por exemplo, dizem-nos: "Vocês estão aqui 12 horas por dia e é preciso uma concentração muito grande para aguentar." Tanto estou numa cena em que estou a chorar como depois já estou a rir e a jogar com estas emoções. Às vezes é complicado.

E onde é que se vai buscar energia?

Acho que já está em mim, tem que ver com a minha personalidade. Agarro-me às coisas boas, tento afastar-me das coisas más. Para já, tento viver um dia de cada vez e ao fim de semana aproveito para descomprimir, descansar e estar com os meus amigos. Porque durante a semana tenho de decorar as minhas cenas todas, ainda assim tento sempre arranjar, nem que seja uma hora, para ler um livro, para ver um filme porque, se tiver só agarrada a guiões e só a pensar em novela, novela... Preciso de estímulos exteriores para que o trabalho também possa correr bem.

É esse o teu truque para desligar o botão, digamos assim?

Sim. Por exemplo, deixei de comprar jornais porque pensava: "Como é que vou arranjar tempo para os ler?" Mas agora tento obrigar-me a comprar mesmo que não o consiga fazer todos os dias, para saber o que está a acontecer no país... Às vezes não sabia o que estava o acontecer, mas tenho de arranjar tempo para saber e aprender outras coisas, senão vou emburrecer.

"Considero-me uma atriz bem paga"

Gosta de se ver no pequeno ecrã?

Tem dias. Há dias em que gosto, mas há outros que não. Mas tento ver sempre que posso para melhorar. Porque se há um dia que vejo em casa e percebo que há coisas que não gostei, no outro dia tenho sempre a oportunidade de melhorar alguns aspetos.

É também uma forma de fazer uma auto-crítica ao seu trabalho?

Sim, claro. E eu sou muito perfeccionista.

Para si o que é mais difícil representar?

Rir. É muito difícil. É muito mais fácil soltar lágrimas do que soltar gargalhadas.

E foi fácil adaptar-se à ideia de ter de beijar outros atores?

(hesita) Como é que eu hei de dizer isto... acaba por ser um beijo técnico. Eu não estou a pôr sentimento absolutamente nenhum ali. É estúpido dizer que é a minha personagem que está a beijar porque não é, sou eu (risos), mas o facto de não haver sentimento torna as coisas mais fáceis.

Acha que o facto de ser bonita ajudou-a a construir a carreira que tem hoje?

Acho que sim, não vou dizer que não. Ajudou, mas tentei provar que não era só isso. Tentei provar que consigo ser mais do que uma cara bonita. Realmente o papel que me deu mais visibilidade foi o de Laços de Sangue, mas já tinha feito outras coisas antes disso. E os papéis que fiz ao longo desta pequena carreira de seis, sete anos nunca foram monótonos. E acho que provei que não estou aqui só porque sou uma carinha bonita.

Tem contrato de exclusividade com a SIC. Como tem corrido este vínculo?

Tem corrido muito bem. Começou nos Laços de Sangue, esta é a segunda novela que estou a fazer para a SIC e espero que seja outro êxito. A SIC está a apostar cada vez mais na ficção, está a fazer projetos de muita qualidade. E para mim é bom estar num canal e ter contrato de exclusividade com esse canal, que está a apostar na qualidade.

Nem todos os atores têm contrato de exclusividade. Esperava ter esse privilégio aos 26 anos?

É de facto um privilégio, ainda por cima nos tempos que correm. Eu comecei na TVI, depois estive na SIC, depois fui para a RTP... já tinha percorrido as capelinhas todas. Se calhar, se só tivesse estado vinculada a um canal e de repente fizesse logo um contrato de exclusividade, teria de pensar duas vezes. Mas como já tinha feito trabalho nos outros canais decidi aceitar a experiência e está a correr muito bem.

Considera-se uma atriz bem paga?

(gargalhada) Sim, considero.

E se a SIC lhe propusesse apresentar um programa, tal como outras atrizes o fazem. Aceitava?

Não, não tenho jeito nenhum para apresentar. Não é de todo a minha praia. Estou a representar e não estou a apresentar.

Já recebeu propostas de outros canais?

Não, não recebi.

O que é que os seus colegas das outras estações, com quem já contracenou, dizem do seu sucesso?

Por exemplo, a Joana Figueira, que também está em Dancin' Days e que fez de minha mãe na Ilha dos Amores [TVI], deu-me os parabéns. O realizador Manuel Amaro, com quem fiz a minha primeira novela, disse-me que tenho uma força interior muito grande e que devia agarrar-me a isso. E ao mesmo tempo sinto que eles estão orgulhosos de ver que conquistei "um lugar ao sol" [música do genérico da novela].

À semelhança de outras profissões, ser ator é algo que nem sempre dá estabilidade uma vez que nem sempre há trabalho. Tem tido o cuidado de preparar o futuro para alguma eventualidade?

Confesso que não penso muito no futuro, senão iria ficar obcecada com isso. Tento viver o presente. Mas é obvio que estou quase a fazer 27 anos e esta profissão é, de facto, instável. Neste momento, tenho um contrato de exclusividade, mas posso vir a não ter mais nenhum (voz triste). Por isso acho que tenho de pensar no futuro, sim. Mas com muita calma.

Acha que a cultura tem sido bem tratada no nosso país?

Não. Não há grandes incentivos à cultura. No teatro sente-se muito isso, no cinema, agora, começa a haver alguns apoios, mas a televisão ainda é o que vai tendo melhores condições.

Como o facto de a ficção nacional ter crescido tanto nos últimos anos? O que justifica isso?

Ainda bem que isso aconteceu, não desvalorizando as novelas brasileiras, que antigamente lideravam e que já têm 40 anos e muita qualidade, mas o que é nacional também é bom. Mas também é verdade que, tanto nos Laços de Sangue como em Dancin' Days, tivemos uma grande ajuda da parte do Brasil, nomeadamente da TV Globo, a tornar as nossas novelas melhores e com mais qualidade. Tem-nos ajudado a progredir, sem dúvida.

Prova dessa evolução é também o facto de duas novelas portuguesas terem recebido o Emmy. Numa delas a Joana era uma das protagonistas...

É verdade, foi uma felicidade muito grande. Eu nunca tinha ido a Nova Iorque e cheguei lá sozinha, vinda do Brasil. Senti uma energia naquela cidade fantástica e sabia que estava ali por causa de um prémio internacional. Mas sabia que no ano anterior tinha ganho uma novela portuguesa e por isso ninguém estava à espera de ganhar o Emmy. Nunca se colocou em causa o facto de o produto ser bom ou mau, até porque Laços de Sangue foi uma novela de grande qualidade, mas estávamos ali na desportiva. E, de repente, o espanto de sermos a novela vencedora.

Deu um gozo maior por ter sido inesperado?

Sem dúvida. O facto de podermos verbalizar que aquela era a melhor novela do mundo dá um peso e um orgulho tremendo. Recebi várias mensagens de pessoas a darem-me os parabéns e a novela merecia.

Consegue explicar-me o que sentiu naquele momento?

(pausa) Eu estava em êxtase. E estar ali com a Diana [Chaves], o Diogo [Morgado] e o Pedro [Lopes]... voltava a repetir. Pode ser que seja com esta novela (gargalhada). Era um sonho.

"A moda ajudou-me na carreira de atriz"

Começou a sua carreira como manequim?

Sim, foi.

Ainda continua a fazer trabalhos nesta área ou está dedicada apenas à sua carreira de atriz?

Não, estou inteiramente dedicada a ser atriz. Pontualmente, faço um editorial para uma revista, mas sempre na qualidade de atriz. Trabalhos mesmo de moda já não faço.

E acha que a moda ajudou-a a ser a atriz que é hoje?

Sim. Para já, dá-nos um à-vontade perante as câmaras. E também porque quando fiz o curso de manequim tive aulas de expressão dramática, corporal, aulas de voz, porque também é importante que um manequim conheça o seu corpo e a sua postura e por isso acabamos por interpretar personagens até quando estamos a fotografar. E foi aí que despertou qualquer coisa...

Mas tornou-se atriz um pouco por acaso...

Sim, a minha agente inscreveu-me num casting, mas eu faltei. Depois fui a outro, para a novela Fala-me de Amor, que correu bem, e passado um mês soube que tinha ficado com o papel. Mas o primeirocasting, a que faltei, eu tinha uns 14 anos... E acho que foi por alguma razão, se calhar era muito nova.

Acha que de alguma forma isto foi uma manobra do destino?

Eu acredito no destino. E se calhar essa não era a altura certa, que só veio uns aninhos depois.

Mas desde menina que fazia teatrinhos da escola...

Sim, mas era uma brincadeira.

Os professores é que se aperceberam do seu talento...

Sim, foi isso. No final do 10.º ano fizemos um teatro na escola onde tínhamos de imitar os professores. E aquilo correu bem, pelos vistos. E alguns professores vieram ter comigo e perguntaram-me se eu já tinha pensado ser atriz.

E no meio disto tudo, quando é que percebeu que queria mesmo ser atriz?

Foi quando fiz a novela Fala-me de Amor. Não tinha qualquer preparação e o meu trabalho nessa novela foi muito intuitivo. Naquela novela havia um núcleo jovem e inexperiente, mas tivemos a ajuda da direção de atores. Eles explicaram-nos que nunca devíamos virar as costas para a boca de cena, disseram-nos onde estavam as câmaras e conseguimos ter algumas luzes sobre a representação.

Nessa novela teve um papel muito forte...

Sim. A Ana Luísa tinha sido violada pelo avô do namorado, corta o próprio cabelo em cena, sofria de bulimia. Acho que consegui mostrar alguma coisa, foi um bom teste.

Não tem formação de atriz. Gostaria de tirar?

É um projeto que tenho. Tenho feito alguns workshops, coisas esporádicas. Mas não coloco de parte a hipótese de parar durante uns tempos e dedicar-me aos estudos.

Sente que ao longo destes últimos dois anos cresceu a nível profissional e pessoal?

Sim, cresci. Sinto-me mais mulher e em parte devo-o à Diana. Passei de menina a mulher até em termos de representação. Todos os papéis que tinha feito até então eram de meninas mais novas. É uma grande diferença, mas isso, ao mesmo tempo, deixa-me contente porque considero-me uma atriz versátil e consigo fazer diferentes idades.

 

 

 

 

NTV

Sem comentários:

Enviar um comentário

Agradecemos o seu comentário! Bem-haja!

ATENÇÃO: ESTE É UM ESPAÇO PÚBLICO E MODERADO. Não forneça os seus dados pessoais (como telefone ou morada) nem utilize linguagem imprópria.

Deixe um comentário na caixa do facebook!

Post Bottom Ad

Páginas