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26 de agosto de 2012

Joana Ribeiro em destaque

Joana Ribeiro: "Há bons atores no desemprego e maus atores a trabalhar"Teve a sorte, como diz, de ter conseguido um primeiro papel no único 'casting' a que foi. Deve a aventura aos pais, porque foram eles que insistiram para que não desistisse do sonho da representação. Interpretar Mariana em 'Dancin'Days' confirmou os seus receios: "Ser atriz não depende só de se ser boa."

Mariana de ‘Dancin' Days’ é o seu primeiro papel em televisão. Como é que está a correr a experiência?

Está a correr bem. Estou a gostar imenso. Sinto-me uma sortuda por poder estar a fazer uma novela desta dimensão e com os atores com quem estou a contracenar. Há imensas coisas que se vão vendo e descobrindo neste mundo que eu não sabia, que não fazia sequer ideia que existiam.

Como por exemplo?

Os raccords (ligação entre duas cenas para que haja uma sequência aparentemente natural), o gravar uma cena num dia e a sua continuação um mês depois. Ao início estas coisas faziam-me confusão. Hoje em dia já as percebo. Até já marco os raccords que tenho, as cenas, que já fiz para ir sabendo quais é que estão pendentes e quais estão gravadas, a continuidade... É tudo muito giro.

Ter de gravar uma cena em alturas diferentes e por vezes tão distanciadas em termos temporais é a parte mais difícil de fazer uma novela?

É complicado estarmos a fazer, por exemplo, uma cena de exterior em que recebemos uma má notícia, ou a nossa personagem está chateada por qualquer razão, e um mês mais tarde fazer a continuação dessa cena em estúdio. É estranho ir procurar as emoções e os sentimentos que tínhamos da primeira vez. O que não quer dizer que não seja interessante. Nós temos aquela memória dos sentimentos e das reações e irmos buscá-la. Depois há a direção de atores que ajuda sempre, os raccords também ajudam imenso. No meu caso, gosto sempre de apontar tudo. Faço mesmo resumos das cenas e depois estudo-as.

A Joana tem dado vida a uma adolescente de 16 anos que engravidou, que fugiu de casa e pelo caminho descobriu que a mulher que pensava que era sua mãe, afinal, não era. Já deu à luz, já chorou, já gritou, representa com um bebé nos braços... Para primeiro papel, não é uma personagem demasiado intensa?

As cenas em que "eu" dou à luz não foram nada fáceis. O facto de eu também ser jovem e nunca ter sido mãe acabou por me ajudar porque a Mariana também é jovem e também nunca tinha sido mãe. Cheguei a pensar "não vou conseguir fazer isto, isto vai ficar péssimo, vão dizer que sou má atriz"... E a Mariana também devia estar assim, a pensar "vou ser uma péssima mãe, não sei sê-lo, isto não vai resultar". Acho que foi isso que me ajudou. Fui buscar sentimentos meus e transformei-os em sentimentos da Mariana adequando-os à situação dela. A direção de atores disse-me sempre para usar o que estava a sentir nesse momento e canalizar para a minha personagem.

Portanto, a Joana estava tão perdida como a Mariana.

Basicamente. A Mariana questiona-se como é que pode ser mãe aos 16 anos. Eu não podia estudar como é um parto porque a personagem também não o fez, também não sabia. Sim, ela estava nervosa e eu também [risos].

Nesses casos, e tendo em conta que não tem experiência profissional, é a intuição que serve de base ao seu desempenho?

Muitas das coisas são intuitivas. Eu frequentei durante cinco meses os cursos da tarde do Chapitô (Escola Profissional de Artes e Ofícios do Espetáculo, em Lisboa), e estive um mês em Nova Iorque a fazer umworkshop de acting for film (representação para cinema, numa tradução livre). Claro que isso me ajudou imenso e foram bases ótimas. Também me ajudaram imenso os treinos e os ensaios que fizemos com a Lais Corrêa (coach brasileira da TV Globo para este remake português) dois meses antes de começarmos a gravar. Provavelmente não conseguiria fazer as cenas que atualmente faço se não tivesse tido toda esta ajuda. Mas ainda assim há muita coisa que faço ao pensar "como é que esta pessoa reagiria nesta situação? Como é que eu me sentiria nessa mesma situação?". É uma mistura de tudo.

 

Conseguir usar esses sentimentos e transformá-los numa personagem era um sonho de criança? Sempre quis ser atriz?

(sorriso) Era. Não posso dizer que era um sonho porque sempre achei que era quase impossível, que era improvável, que mais valia não me deixar deslumbrar, não acreditar que poderia acontecer. É verdade que é uma profissão muito difícil. Ser atriz não depende só de se ser boa.

Depende então de quê?

Da sorte. Quando digo isto respondem-me quase sempre: "Não é nada sorte, se fores boa no que fazes consegues". Mas não é bem assim. Há tantos bons atores no desemprego e maus atores a trabalhar... Acho que é um conjunto de várias coisas e a sorte é muito importante. Portanto, é preciso estar naquele local, na hora certa, é ter as parecenças que se quer com uma personagem... É uma conjugação de coisas que fazem parte.

Independentemente dessa consciência, a verdade é que nunca desistiu de ser atriz, caso contrário não estaria aqui.

Sempre pensei fazê-lo mas como um hobby, como algo que não fosse encarado de forma séria. Pensei em não tentar sequer entrar neste mundo, porque sabia que quando começasse iria perceber que não haveria volta a dar. Os meus pais sempre me disseram "Joana vai", "Joana faz", "nós estamos do teu lado e queremos que tentes", "nós ajudamos-te". A minha viagem até Nova Iorque acabou por ser uma revelação. Percebi mesmo que não dá para fugir a isto, que é assim que sou feliz. Estive um mês no curso de Arquitetura e... [pausa] Eu nunca fui tão feliz em nenhuma altura da minha vida como quando estive em Nova Iorque.

Por ser Nova Iorque, o auge do "sonho americano", ou por estar a representar?

Estar em Nova Iorque ajuda, mas é essencialmente ter podido poder fazer o que gosto. Mesmo cá, a fazer ‘Dancin' Days’... Estou a adorar. Claro que há coisas boas e más. Posso não ter tanto tempo como tinha e trabalhar mais, mas não mudaria estes momentos nem os trocaria por nada. Não preferia estar a estudar, não preferia estar de férias. Sinto-me feliz a fazer isto e posso sair das gravações bem tarde e ter de regressar muito cedo no dia seguinte, mas ando sempre tão contente... Sei que não é toda a gente que pode estar a fazer o que quer, que é muito difícil conseguir fazer-se o que se gosta principalmente nesta área. Há muitas pessoas que gostavam de estar no meu lugar.

Isso não a deixa, também, deslumbrada?

Eu não posso deixar-me deslumbrar, mas ao mesmo tempo... estou a fazer o que gosto. E tão depressa estou a fazer isto, estou ocupada e a trabalhar, como posso não ter trabalho e ficar vários anos sem trabalhar como atriz.

É uma realidade que está disposta a enfrentar?

Para realizar o meu sonho de ser atriz, sim.

Foi a sorte que fez que conseguisse o seu primeiro papel num primeiro casting?

E não é tão estranho? [risos] É o que eu digo: a sorte também é precisa. O meu pai só perguntava: "Como é que é possível teres conseguido um papel logo no primeiro casting a que vais?" [risos] E eu respondia: "Não sei..." Eu vejo... que nos últimos anos os atores têm começado sempre pelos Morangos com Açúcar ou então por papéis com menos destaque. No meu caso, foi mesmo sorte [risos].

"Não trocaria o que estou a aprender e o que ainda posso aprender aqui pelos 'Morangos'"

E sendo a Joana dessa geração Morangos com Açúcar, nunca se sentiu tentada a ingressar na série juvenil da TVI? Não seria um caminho mais fácil?

Pois... eu não gosto de caminhos fáceis. Sempre pensei que se era isto que eu queria fazer não iria pelo que é mais fácil. Eu quero poder desafiar-me todos os dias e poder fazer coisas que são difíceis porque só assim é que uma pessoa se mantém motivada. Não é "já estou aqui".

Nos Morangos seria mais uma jovem em busca de uma carreira em televisão?

Não sei... Há muitos bons atores que saíram dos Morangos, mas acho também que é uma aprendizagem diferente. Não trocaria o que estou a aprender e o que ainda posso aprender aqui pelos Morangos. EmDancin' Days estou a contracenar com atores experientes, que têm anos e anos de carreira, e com uma equipa experiente e muito, muito boa. Nos Morangos são todos iniciados, estão todos a começar naquele momento e há coisas que se calhar podem correr de maneira diferente. Sinto que fazer uma novela destas me ensina mais. Não escolheria outra maneira para começar.

E começa por insistência dos seus pais...

Porque o meu pai ligou-me na noite anterior ao casting a dizer que achava que eu devia ir. Eu não queria porque não acreditava que iria ficar com o papel e ele insistiu para eu, pelo menos, ver como era. Fui na desportiva. Não me arranjei porque sabia que era para interpretar uma miúda entre os 14 e os 20 anos. Quando cheguei vi muitas raparigas todas produzidas e pensei logo: "Fiz asneira" [risos]. Lembro-me de que sempre que aparecia uma câmara ou uma máquina fotográfica me escondia por vergonha. Ainda para mais estava sozinha. Fui passando, passando, e quando me disseram que fiquei não quis acreditar. Estou a ser sincera, não estava mesmo nada à espera, principalmente porque vim sem expectativas. Se não fossem os meus pais eu não estaria aqui. Eles é que insistiram para eu ir para Nova Iorque, para o Chapitô...

Normalmente é ao contrário, os pais querem que os filhos sejam médicos, arquitetos...

Os meus pais não são nada assim. Sempre me disseram porque haveria eu de estar a estudar arquitetura, a gastar dinheiro no curso, se podia gastá-lo a estudar teatro e ser feliz. Explicou-me que não podia pensar apenas se teria ou não futuro. "Queres chegar aos 40 anos, poder ter estudado Teatro e não o ter feito por teres sido parva? Queres ser uma arquiteta desempregada ou fazer aquilo de que não gostas, enquanto podes tentar fazer algo de que realmente gostas?" Devo-lhes muito o facto de estar aqui.

E de que forma é que conseguir o papel alterou a sua vida?

Eu sempre quis estudar representação antes de fazer qualquer coisa. Alterou nesse sentido.

E a arquitetura?

É para esquecer. Nem penso em lá voltar.

Ingressou apenas pela necessidade que sentia em tirar um curso que lhe desse segurança?

Eu não queira arriscar no teatro. Como estava na área de Artes e tinha boas notas a Geometria Descritiva, pensei que o percurso natural era arquitetura. Quando lá cheguei não gostei. Quando uma pessoa já gosta de outra coisa como eu gosto de teatro é tão difícil estudar... Não percebo como aguentei aquele mês. Ser aquilo de que não se gosta é horrível.

O futuro enquanto atriz já a preocupa?

Tenho 20 anos e sinto que já sou velha para arriscar neste mundo. É tudo tão precário e tão difícil que acho que quanto mais novos começarmos melhor. Eu ainda quero ir estudar, portanto... três anos de estudo, chego aos 23. Tentar a minha sorte, já vou nos 25. Começar a fazer coisas, 27... Ai, que já cheguei aos 30, ou aos 35 anos, e ainda não fiz nada... Ui, isto assusta-me tanto.

Quer estudar representação?

Quero. Claro que me preocupa o facto de não poder ter trabalho a seguir a ‘Dancin' Days’, mas não muito porque de facto quero mesmo estudar. Se aparecer trabalho, ótimo. Se não, vou estudar.

Já dá consigo a pensar num próximo papel? Num papel de sonho?

Nisso sempre pensei [risos]. Lembro-me de que quando apareceram os livros da saga Harry Potter eu andava viciada. Tinha para aí 9 ou 10 anos. E depois vieram os filmes e fiquei irritadíssima porque queria ser a Hermione Granger [papel interpretado por Emma Watson]. "Porque é que ela conseguiu e eu não? Porque é que eu não sou inglesa?" [risos] Hoje em dia, há personagens que adorava ter interpretado, como a da Jennifer Lawrence no filme Despojos de Inverno [2010]. Era uma personagem forte e feminina. Não daquelas em que aparece o príncipe encantado e depois são os dois felizes, mas das que se impõem... As mulheres são fortes e gosto das personagens que o mostram. Como a da Charlize Theron em O Monstro[2003]. E adorava fazer o papel de Catwoman no Batman [risos].

Gosta de todo o género de filmes?

Menos os de terror. Os filmes de terror servem de inspiração para quem não é equilibrado. Acho mesmo isto. Acho que os assassinos se inspiram neles. Não consigo vê-los. Tenho pesadelos durante dias e dias. Quando ouvi - eu não vi, só ouvi - o The Ring fiquei semanas sem dormir. Cheguei ao ponto de tirar a televisão do quarto. Adorei o Clube de Combate [1999], o Trainspotting [1996], o Kill Bill [2003], o Pulp Fiction [1994], do Quentin Tarantino...

Ou seja, os filmes e as personagens que a entusiasmam e que a fazem sonhar com uma carreira não são nacionais...

Porque são os que mais vejo. A minha mãe e o namorado da minha mãe gostam muito de cinema e eu acabo por ver muitos filmes com eles. Mas é claro que o ser atriz passa por Portugal.

Ver filmes é um dos seus passatempos?

Um dos meus preferidos. Vou ao cinema três a quatro vezes por semana ou, caso não tenha tempo, vejo imensos filmes em casa.

O cinema fá-la sonhar ou é sempre uma pessoa com os pés bem assentes na terra, que não cede ao deslumbramento?

Não me deixo deslumbrar, não posso, e isso tem que ver com a educação que os meus pais me deram. Não tenho razões para que isso aconteça. Muitos amigos meus tiveram medo que eu mudasse. Este é um trabalho como outro qualquer, simplesmente tem um lado de exposição. O único lado que as pessoas conhecem de mim é o do meu trabalho. E não cedo porque grande parte dos atores com quem contraceno são dos melhores deste país e não se deixaram deslumbrar. Se isso não lhes aconteceu, porque haveria de ser comigo? Eles são ótimos e são humildes, corretos e disponíveis para ajudar. É mais importante e especial continuar a ser humilde.

Mas uma coisa é a razão dizer-lhe isso, ter esse discurso, outra coisa é senti-lo, é evitar uma reação quase instintiva.

Não, não, eu não me deslumbro mesmo. Isto é só o meu trabalho. Olhe, o ideal era ser como a Miley Cyrus, digamos: é ela mesma, mas depois tem a Hannah Montana [risos].

"As estações deveriam apoiar-se em prol da ficção nacional"

As audiências televisivas dizem-lhe alguma coisa?

Não ligo muito. Sei que estamos a ir bem e é muito bom sabê-lo porque estamos a esforçar-nos muito para que esta novela tenha sucesso. As audiências são só um resultado disso. Se bem que não ache que as audiências sejam reflexo de qualidade. Os espectadores podem ver programas que não são bons, mas veem na mesma. Fico mais contente quando uma pessoa vem falar comigo e me diz que está a gostar do que quando vejo os números. É bom o público reagir bem à nossa personagem. O mais importante é estarmos a fazer o que gostamos e é esse o meu caso. Eu gosto de ver a novela.

Já via antes?

Não muito. Vi ‘Laços de Sangue’ e adorava a Joana Santos.

E agora que vê, o que acha da sua presença no ecrã?

Ahhhh... Não gosto muito. É estranho ver-me porque sou eu, mas também não sou. E depois vem o lado perfecionista. Acho sempre que deveria fazer melhor. Vivo em constante procura pela perfeição. Lembro-me de que estava a ver o episódio em que deu a cena do parto da Mariana e eu não consegui ver. Fez-me tanta confusão ver-me ali aos berros...

Tozé Martinho disse recentemente que não acreditava nos resultados das audiências medidas pela GfK, que dão a ‘Dancin' Days’ o primeiro lugar na lista dos mais vistos, principalmente porque se trata de um remake e que o "seu" Louco Amor, novela que concorre no mesmo horário, tem "atores de luxo". Quer comentar?

Não posso tecer muitos comentários. Percebo que são duas novelas de canais diferentes, mas acho que as estações deveriam apoiar-se em prol da ficção nacional e deveriam lutar para se melhorarem continuamente. O êxito de uma novela de um canal só poderia fazer que uma outra de outro canal empreendesse todos os esforços para se superar e vice-versa. Haveria uma melhoria contínua. A guerra deveria ser entre os produtos nacionais, sejam eles de que canal forem, e os internacionais, os do cabo. Acredito num objetivo comum que passaria por fazer que os espectadores vissem cada vez mais produtos portugueses.

Porque é que esta novela está a ter tanto sucesso? Na verdade, de acordo com as audiências, um sucesso nunca antes alcançado por uma outra da SIC.

Tem muito que ver com o facto de os atores estarem a gostar muito do que estão a fazer, das personagens, que têm interior, que são más e boas ao mesmo tempo, que têm boas e más ações ao mesmo tempo. Todas estão muito bem construídas de dentro para fora e não de fora para dentro. Todas elas são muito reais e não há estereótipos. Não há uma que, por ser suposto ter graça, não tem mais nada.

Uma das críticas que se fez foi a diferença de idades entre si e a Joana Santos, que aqui interpreta a sua mãe.

Sim, nós temos pouca diferença...

Isso sente-se em cena?

Não, e é porque a Joana faz um grande trabalho. Ela parece mais velha quando está a representar. É toda uma postura e uma energia que ela deixa passar. Sinto-a mais velha. Aliás... quando me fizeram a última entrevista antes de me escolherem para o papel perguntaram-me se eu achava que passava por filha da Joana. E eu respondi que com muita maquilhagem ia lá [risos]. Depois arrependi-me, mas já me disseram que foi isso, essa minha sinceridade e espontaneidade, que também me ajudou. Acho que as pessoas quando veem a novela, quando se deixam levar pela história, essa diferença de idades lhes passa ao lado. Para aqueles que não veem todos os dias, percebo que notem.

NTV

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