Na minha SIC faltam 15 para os 20 anos. E o futuro estava a acontecer. Repetia-se a expressão: A SIC sabe! E falava-se alto de um lado ao outro da redação. Ainda havia bips. Fumava-se alarvemente. Não fumadores incluídos. Na minha SIC havia um disputado computador na entrada da central news, através do qual se podia aceder a uma realidade chamada internet. Na minha SIC forçavam-se as teclas emperradas a amarelecidas dos velhos computadores com o não menos vetusto sistema operativo basys. Na minha SIC “barcodavam-se” as peças junto às ilhas de edição a escassos segundos de serem vistas por milhões. E batiam-se recordes de velocidade entre a redação e a régie porque aquela peça “vai entrar à mão”. Na minha SIC estagiários não gravavam offs e vivos, nem mortos. Só o seniores assinavam peças. O moura-pinto editava as suas pela noite dentro. Na minha SIC, íamos jantar de madrugada. Na minha SIC, as pausas para café faziam-se nas ameaças de bomba. Na minha SIC havia o Cachiço agarrado pelos suspensórios agarrando-nos pela organização do seu arquivo de desporto. Na minha SIC havia a guerra surda do relator e do editor. E havia também a Dona Augusta, cabo-verdiana, que era menos empregada de limpeza do que dançarina. Na minha SIC dançava-se na redação. E também lá os editores de imagem queixavam-se que os câmaras lhes davam poucos planos. E os câmaras reclamavam que os editores não tinham aproveitado o melhor plano da reportagem (vai ser sempre assim!). Na minha SIC viam-se e reviam-se as secretas cassetes com gaffes e apanhados internos e públicos. Na minha SIC a grelha era o departamento estrategicamente mais bem colocado. Na minha SIC não havia torniquetes. E as audiências consultavam-se no papel. Na minha SIC fez-se um jornal de uma ponte de dezassete quilómetros. Numa feira do livro. Num oceanário. Num país tropical. Na minha SIC, o horário do último jornal foi sempre uma surpresa. Na minha SIC dizia-se: o público exigiu, a SIC cedeu. Na minha SIC mais cedo do que tarde soube... que “A SIC sabe!”
Recorde
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