O locutor José Ramos, a voz off da SIC, morreu, na segunda-feira à noite, aos 51 anos, vítima de doença prolongada. Poucos lhe conheciam a cara, mas será raro o português que nunca lhe ouviu a voz. Na rádio, na publicidade e na televisão "a voz de José Ramos era inconfundível", reconhece Emídio Rangel, que o levou para a televisão de Carnaxide logo no início da estação, porque " a SIC precisava da 'Voz'."
"No nosso contexto, tinha a voz mais fantástica que jamais ouvi", garante o antigo director-geral da SIC e assume que o escolheu como um dos "trunfos" do canal de televisão porque "tinha um timbre com muitas nuances, mas havia um tom que usava na SIC que o tornou na voz da estação". "Deu voz aos momentos mais decisivos da SIC", conclui.
Para o actual director de programas da SIC, Francisco Penim, José Ramos será "sempre reconhecidamente a voz oficial da SIC". "O seu súbito desaparecimento deixa um legado eterno na sua voz profunda que durante 13 anos de SIC fez, faz e fará parte desta família", salientou.
Nascido em Angola a 18 de Julho de 1954, José Ramos começou a sua carreira na Rádio Clube de Angola, tendo passado pela Rádio Comercial e pela Rádio Nova do Porto. Actualmente era co-autor do programa Os Reis da Rádio, que passa na Antena 1, e que tinha como parceiros Júlio Isidro, Jaime Fernandes, João Paulo Guerra e José Nuno Martins. Este último definiu ao DN a voz de José Ramos como "única, definitiva, com uma textura que parecia um trovão quente."
A voz de José Ramos tinha inerente "uma plasticidade, uma interpretação, que ninguém tem e que não é muito europeia", descreve José Nuno Martins, ao assumir que colecciona vozes, mas a de José Ramos "é irrepetível". "Esta é, porventura, a voz padrão que define um falante de grande qualidade", resume.
"O Zé reconciliou-se com a rádio com esta experiência", afirma Rui Pêgo, acrescentando que "ficou muito motivado e entusiasmado com o facto de voltar à antena". Esta perda significa que "ficamos todos mais órfãos daquilo que são as coisas decentes da vida", admite o director de programas da RDP e "amigo de sempre."
Cândido Mota, colega de profissão e amigo, descreve o locutor como "um dos melhores" com que alguma vez teve de trabalhar. "Era uma criança que nunca cresceu", assume. "A SIC teve a inteligência de o escolher como voz padrão. Para o substituir vai ser difícil encontrar um timbre assim", admitiu o locutor.
José Ramos assinou também, no ano passado, o livro autobiográfico No Ar - Live on Paper. Na altura do lançamento, confessou que o escreveu "numa semana e meia hora."
Na SIC, até ontem, a sua voz dava as boas-vindas aos telespectadores no atendedor automático da estação. "Chegou à SIC!" Será que a "Voz" se vai calar para sempre?
Recorde no programa 'Êxtase', da SIC:
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