'Avenida Brasil' foi um fenómeno de audiências mas a sua sucessora, 'Salve Jorge,' é um fracasso. Os números não assustam a SIC, que pretende apostar na trama no final do verão.
O sucesso arrebatador de ‘Avenida Brasil’ fez que a novela fosse considerada um fenómeno. O remake de Gabriela não teve um bom arranque em terras de Vera Cruz mas acabou por cair nas graças dos espectadores nos últimos episódios. Depois de um período áureo, a Globo vê-se, agora, a braços com três novelas que não pegam. Salve Jorge, Guerra dos Sexos e Lado a Lado estão aquém das expectativas e a batata quente está nas mãos da SIC.
Os bons resultados de Gabriela, cujo último episódio foi exibido no domingo, na SIC, e bateu recordes de audiência, e de Avenida Brasil alavancaram o prime time do canal generalista de Carnaxide e deixaram os responsáveis descansados. Mas será que o futuro vai ser assim tão risonho, tendo em conta que as novelas atualmente em exibição na Globo estão a ser um fracasso no Brasil?
Luís Marques, administrador editorial do grupo Impresa, desdramatiza e explica que cada caso é um caso. "A realidade brasileira nem sempre se reflete em Portugal. Há produtos que no Brasil não resultam tão bem, como foi o caso de Gabriela e de Caras e Bocas, que aqui conseguiram bons resultados, e também já aconteceu o contrário. Às vezes há surpresas, os públicos são diferentes", justifica o responsável.
Luís Marques adianta que a linha de programação da SIC do horário nobre, que atualmente é composta pela novela portuguesa (Dancin' Days), uma novela brasileira em estreia (Avenida Brasil) e uma novela brasileira em repetição (Páginas da Vida), é para manter.
O administrador editorial do grupo Impresa revela ainda que a SIC optou por ficar com a novela Salve Jorge, que será a substituta de Avenida Brasil, e com Cheias de Charme, que vai para o lugar de Fina Estampa e que foi um sucesso de audiências no Brasil. Pelo caminho fica Guerra dos Sexos, em que o ator português Paulo Rocha tem um papel de destaque. "Guerra dos Sexos não vai passar na SIC, vai passar no canal Globo. A SIC tem sempre a primeira palavra e fez essa opção. Não tínhamos espaço na nossa programação e como tínhamos de escolher uma entre Guerra dos Sexos e Salve Jorge, optámos pela última", esclarece.
'Salve Jorge' teve a pior audiência dos últimos doze anos
A Globo tem passado por uma autêntica montanha-russa nos últimos anos. Teve fracassos no horário nobre como Passione e Insensato Coração, mas também conseguiu produzir novelas com boas audiências como Fina Estampa e Viver a Vida. O sucesso estrondoso de Avenida Brasil parecia ser o ponto de viragem, mas a incerteza voltou com Salve Jorge e Guerra dos Sexos. A primeira, que é protagonizada pelos atores Nanda Costa e Rodrigo Lombardi, registou a pior audiência nos últimos doze anos. Especialistas e críticos apontam diferentes motivos: muitas personagens, uma trama adormecida e uma rejeição por parte do público dos temas abordados. Já a segunda, um remake, também tem sido um fracasso e fez que o autor Sílvio Abreu tivesse de fazer alterações para cativar o público. Questionado sobre o insucesso dos produtos da Globo, Rui Vilhena, que atualmente está a trabalhar na maior fábrica de novelas do mundo, revela que é difícil manter a mesma linha de Avenida Brasil. "As novelas da Globo têm uma estética e um padrão de qualidade muito alto, mas Avenida Brasilfoi um fenómeno raro. Tem uma boa história e os atores foram muito bem escolhidos. Quando uma novela faz muito sucesso tudo funciona, é como uma equipa de futebol."
O autor, que fez sucesso em Portugal com novelas como Ninguém como Tu e Tempo de Viver, salienta que é difícil manter o nível de audiências que a Globo tinha há alguns anos, tendo em conta o aumento do consumo de internet e do cabo. "É um fenómeno que começou nos Estados Unidos. Canais como a ABC, CBS e NBC começaram a perder audiências por causa do aumento da concorrência e da multiplicação de canais. E agora ainda temos a internet. É natural que a Globo já não tenha aquelas audiências estonteantes", frisa Rui Vilhena.
Mas os baixos números das últimas novelas da Globo não desmotivam o autor, que se prepara para abraçar um novo projeto em breve. "Um artista que não se desafia não é um verdadeiro artista. Tenho de conseguir superar tudo o que já fiz e tudo o que já foi feito", remata.
NTV
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