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16 de março de 2014

Hoje no Jornal da Noite de Domingo, 40 ANOS de 25 ABRIL, ao Serviço de Saúde na SIC





O Jornal da Noite de Domingo convida-o para uma viagem por oito diferentes profissões, antes e depois do dia 25 de Abril de 1974. Através do testemunho de um protagonista mostramos como era trabalhar antes da revolução, o que mudou logo a seguir e como se está hoje em cada uma das áreas que escolhemos. Este domingo e com a ajuda do médico Casimiro Menezes, recuamos ao tempo em que não havia Serviço Nacional de Saúde no país.



Vindo de Moçambique, Casimiro Menezes chega a Lisboa, à faculdade de medicina e ao frio da capital, ainda nos anos 60. O fascismo dominava as estruturas da sociedade, tanto lá como cá. Mas foi cá que, ainda estudante, Casimiro começou a perceber o peso da falta de liberdade na ação e até no pensamento. Já não viveu aquele que ficaria para a história como um dos principais momentos de conflito entre os estudantes universitários e o Estado Novo. A crise académica de 1962 marcaria, daí para a frente, o tom de maior contestação, por um lado e mais forte repressão, por outro. Em fevereiro desse ano, o Governo de Salazar proibiu, uma vez mais, as comemorações do Dia do Estudante. Um grande número de estudantes da Universidade Clássica de Lisboa reage ocupando a cantina universitária. As forças policiais intervêm. Apesar da proibição, começa em Coimbra o I Encontro Nacional de Estudantes. Cria-se o Secretariado Nacional de Estudantes. A Academia de Lisboa decide realizar uma greve de protesto e conta com a solidariedade dos colegas de Coimbra. Nova reação da polícia de choque. As Academias de Lisboa e de Coimbra decretam em conjunto o luto académico. Marcelo Caetano, na altura reitor da Universidade Clássica de Lisboa, pede a demissão do cargo por discordar da forma de atuar da polícia. O ministro da Educação anuncia a suspensão das Direções de todas as Associações de Estudantes das universidades portuguesas. A violência do regime aumenta. Os estudantes desistem da contestação direta, mas estão agora ainda mais despertos para a atividade política, para a resistência.

É neste ambiente que Casimiro Menezes termina a licenciatura em medicina. Quando o colega do lado não aparecia nos dias a seguir era porque tinha sido preso pela Polícia Internacional e de Defesa do Estado, a PIDE, explica. Quando o músico Zeca Afonso atuava nas festas de estudantes, já se sabia que tinham todos de acabar por fugir da polícia de choque que entretanto chegava, recorda.

Os estudantes de Lisboa que não praxavam porque não era hábito e que não trajavam de capa e batina porque isso era lá em Coimbra, estavam feitos nuns homens que contestavam e se solidarizavam com quem sofria. E não eram os únicos.

Já em 1972, fazia Casimiro Menezes parte da ordem dos médicos, quando o filho de um dos membros da Ordem é morto a tiro pela PIDE. Ribeiro Santos era estudante de economia e estava num encontro de estudantes. A Ordem solidariza-se com os pais da vítima e a PIDE invade as instalações da Ordem quando o comunicado está pronto para ser divulgado. São todos notificados e ouvidos no tribunal do Trabalho. O processo morre quando nasce a liberdade.

No dia 25 de Abril de 1974, o médico Casimiro Menezes ouve na rádio, pela manhã, o apelo a todos os médicos para se dirigirem para os hospitais e esperarem. A revolução estava na rua e ninguém podia prever com total certeza como iria correr. Casimiro Menezes passou a manhã no Hospital de Santa Marta e, pela hora de almoço, visitou o Capitão Peralta. Pedro Peralta tinha sido capturado pelas tropas portuguesas quando combatia na Guiné-Bissau. Tinha sido trazido, sob prisão, para o hospital para ser tratado a um tiro no cotovelo. À porta do quarto estavam sempre dois elementos da PIDE. Desta vez, o médico Menezes e o colega deram "ordem de prisão aos dois PIDE e chamámos os militares para que fossem levados".

Pouco tempo depois, em Janeiro de 1975, Casimiro Menezes estava a abrir o novo hospital distrital de Portalegre. A obra era ainda do Estado Novo, mas agora o objectivo era o de dar um serviço de saúde de qualidade para todos. Até então apenas os beneficiários da caixa de previdência e os pobres iam aos hospitais públicos, os na altura chamados hospitais civis.

Casimiro Menezes ficaria 30 anos, em Portalegre, como director de serviço. Reformado há quase 10 anos, Menezes continua a ajudar quem o procura, mas agora a troco apenas de um obrigado. Lamenta as atuais políticas de saúde que diz estarem ao serviço da medicina privada, mas acredita que os próprios médicos não permitirão o fim de um serviço de saúde para todos como o sonhado e conquistado com Abril.


Não Perca, hoje às 20:00H, com apresentação do Jornalista Pedro Mourinho na SIC!

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