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8 de março de 2014

Série de reportagens 'Abandonados', do Jornalista Pedro Mourinho na SIC




Pedro Mourinho tem viajado ao longo do país em busca de espaços deixados ao abandono. Objetivo é tentar perceber o que fez que caíssem no esquecimento e, se possível, devolver a vida que já tiveram.

A chuva miudinha percorre as paredes nuas que, outrora, estiveram vestidas de vida. O edifício, projetado em meados do século XX, foi concebido para ser uma cocheira. Uma espécie de "estação de serviço" na altura. Hoje resta apenas um esqueleto de laivos românticos deixados ao abandono na praia do Tamariz, Estoril. Pedro Mourinho foi em busca da história que se esconde por detrás destas ruínas para mais um episódio da série de reportagens Abandonados, exibidas quinzenalmente no Jornal da Noite, SIC, de domingo.

Os ponteiros marcam onze horas da manhã. A equipa de reportagem da SIC chega ao local para recolher as primeiras imagens de mais um edifício vandalizado e entregue ao esquecimento. Pedro Mourinho, de iPad na mão, faz o retrato do edifício com o olhar. Ao seu lado está o repórter de imagem Paulo Cêpa e o fotógrafo Gastão Brito e Silva, autor do blogue Ruin"Arte.

"Vamos entrar e ver o que há lá dentro?", questiona o pivô da estação de Carnaxide. "Sim. Só a fachada do edifício é muito pobre em termos de imagem", secunda Paulo Cêpa, enquanto faz os últimos ajustes na sua câmara de filmar.

O primeiro pequeno obstáculo surge. O portão, de cor verde e tinta já estalada, está fechado, o que obriga a equipa de Abandonados a mostrar os seus dotes acrobáticos. Na passagem para as traseiras do local, um amontoado de pedregulhos também dificulta a travessia, mas nada que impeça a equipa de prosseguir o seu objetivo. A cada passo que dão ouve-se um som diferente, som esse que é abafado pelo ruído do comboio que acaba de atravessar a linha do Estoril rumo a Cascais.

Há vida para além das ruínas

No meio dos escombros sentem-se, por fim, os primeiros sinais de vida. Pacotes de leite vazios, latas de comida espalhadas pelo chão e roupa estendida numa corda evidenciam que alguém decidiu fazer daqueles escombros um lar. "Este é um dos riscos de vir a estes locais. Nunca sabemos quem vamos encontrar", alerta o fotógrafo Gastão Brito e Silva.

Pedro Mourinho decide arriscar: "Está aí alguém?", questiona o jornalista. O latido zangado de um cão rompe o silêncio e confirma que alguém mora ali. "Olá. Podes ir chamar o teu dono?", atira Gastão, tentando assim a sua sorte.

A resposta tarda em chegar. Paulo Cêpa aproveita para ir recolhendo algumas imagens do local quando, subitamente, começam a ouvir-se alguns passos. Aparece um homem de meia-idade e barba crescida que vem tentar perceber o motivo de tanto aparato. "Bom-dia, amigo. Desculpe a invasão. Podemos entrar em sua casa?", atira o pivô da SIC, que recebe em troca uma resposta afirmativa.

O homem em causa apresenta-se perante as câmaras. Chama-se Francisco, está desempregado há duas mãos-cheias de anos, e faz daquele local a sua casa há 12 anos. O seu único companheiro é o cão, Jonas, que não para de ladrar perante a presença dos "invasores". Um dos únicos elementos decorativos que salta à vista na sua "casa" é um calendário com a imagem do Papa Francisco, com quem, curiosamente, partilha o mesmo nome.

"Faz alguma ideia do que aconteceu a este local?", diz Pedro Mourinho, puxando conversa com o "inquilino" daquele local. "Estavam a fazer obras, mas pararam há alguns anos", responde. "O que é que pretendiam fazer aqui?", prossegue o jornalista. "Acho que era um restaurante ou uma pastelaria. Mas o projeto acabou por não ir para a frente", revela.

É disto que o programa também vive, do improviso. As conversas não são ensaiadas e saem naturalmente. Mas um imprevisto acaba por interromper a gravação. "Vamos parar, por favor. Temos de fazer isto de outra maneira. Não consigo ouvir nada do que ele diz", informa o repórter de imagem Paulo Cêpa. "Às vezes dava muito jeito termos connosco um perchista", completa Pedro Mourinho, bem-disposto.

Tudo volta à normalidade e a conversa continua, como se não tivesse existido qualquer pausa. "Sabe a quem é que este edifício pertence?", atira o jornalista da SIC. "Julgo que é da câmara", responde Francisco, de olhos postos no seu fiel companheiro, que continua agitado por causa da presença de estranhos no local. "Caro amigo, obrigado. Não lhe roubamos mais tempo", finaliza Mourinho.

"Há vontade de devolver vida e dignidade a estes locais"

A chuva continua, o que dificulta o trabalho da equipa da SIC. Concluída a pequena entrevista ao único habitante daquele espaço, Pedro Mourinho, Paulo Cêpa e Gastão Brito e Silva deslocam-se para a divisão ao lado, também ela profundamente degradada. O chão, decorado com uma coleção de garrafas de vinho, evidencia as marcas de abandono.

Apaixonado por este tipo de espaços, Gastão Brito e Silva conta a Pedro Mourinho aquilo que sabe ou ouviu dizer sobre o local. "O dono mandou construir uma cocheira, mas acabou por morrer antes de a obra estar concluída", diz, enquanto sobrevoa o olhar sobre as paredes vazias. Paulo Cêpa decide sair para captar mais imagens da fachada. "Vou só ali fazer uns pormenores e já volto", avisa o repórter de imagem. "Aproveita e liga ao São Pedro. Este ano tem sido terrível, principalmente neste tipo de reportagens que vive de exteriores", desabafa o pivô do Jornal da Noite de domingo.

Para Gastão Brito e Silva não basta apenas fazer um registo visual daquele espaço. O fotógrafo retira a sua máquina e começa a fazer alguns disparos. "Locais como este são os parentes pobres da cultura porque não têm o mesmo romantismo de um castelo ou de um palácio", lamenta o fotógrafo.

De iPad na mão, ferramenta que tem sempre consigo durante as reportagens de Abandonados, Pedro Mourinho mostra algumas imagens antigas do espaço. "Este é um sítio muito bonito, recuperado seria sempre algo que enriqueceria este local, até em termos turísticos. É pena que se chegue a este ponto. Este é um filão inesgotável. Portugal tem milhares de sítios destes, muitos deles são muito bonitos e têm muito que contar", comenta.

É altura de sair. O pivô da SIC segue na dianteira e é seguido pela restante equipa. Para trás ficam os escombros, as ruínas e os destroços. Além do senhor Francisco e do seu cão, Jonas, aquele local tem apenas mais um habitante: a memória.

"A ideia desta série de reportagens é também alertar consciências para a forma como estes espaços têm sido tratados, e não apenas contar as suas histórias", afiança Pedro Mourinho, deixando, por fim, aquela que é a grande missão deste formato: "Há uma vontade de voltar a devolver dignidade e vida a estes locais."







































































































DN

1 comentário:

  1. é impressionante o que há de edificios fabricas monumentos abandonados neste pais é uma pena onde houve vida trabalho hoje é destruição espaços vandalizados.é uma pena que isto exista devia haver um tempo util p reconstrução se não fosse possivel seria demulido o espaço e não deixar estes edificios a cair a imagem degradada .mas as reportagens estão fantasticas o mourinho faz este trabalho de forma sublime

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