Depois de uma novela da TVI, agora é a vez de um produto de ficção da SIC concorrer a um Emmy Internacional. Mas os prémios atribuídos a trabalhos realizados para o pequeno ecrã nacional ultrapassam em muito as histórias ficcionadas. A informação portuguesa é reconhecida além-fronteiras e soma, pelo menos, meia centena de distinções.
Há um ano, a novela da TVI Meu Amor venceu um Emmy Internacional da Academia de Televisão Artes & Ciências. Na altura, encheu páginas de jornais e revistas e ocupou tempo de antena na estação de Queluz de Baixo. O feito teve até direito a uma felicitação do Presidente da República Cavaco Silva, que enviou uma mensagem de parabéns à equipa que protagonizou a história. Já este ano é Laços de Sangue, produção da SIC em parceira com a TV Globo, que se apresenta na corrida ao galardão. O vencedor será conhecido no próximo dia 21.
Apesar de inéditos no campo da ficção portuguesa, a verdade é que o pequeno ecrã nacional é frutífero em prémios há já alguns anos. Com menos impacto, mas igualmente importantes têm sido os reconhecimentos em festivais internacionais no que diz respeito à informação. Com méritos confirmados, Mafalda Gameiro (RTP1), Cândida Pinto (SIC), Conceição Queiroz (TVI) e Jaime Cravo (Sport TV) contam à NTV como é ver o seu trabalho galardoado além-fronteiras... E falam de como se esquece quase sempre a informação em detrimento da ficção.
Em 13 anos de emissão, o programa Report TV, da Sport TV, venceu 17 prémios. Jaime Cravo assinou a maioria das reportagens. "Nós fazemos óptimas reportagens em Portugal, em qualquer canal. E vencemos prémios importantes que, sem falsas modéstias, mostram que estamos a fazer um bom trabalho. Só não há indústria que alimente a informação como a que alimenta a ficção", diz o jornalista do canal de desporto. Cândida Pinto, coordenadora da Grande Reportagem da SIC, é mais específica: "Eventualmente, há mais dinheiro envolvido na ficção do que na informação", atira.
Ainda assim, estes jornalistas são unânimes no que toca à comunicação social (não) dar grande destaque aos prémios que recebem. "Eu nem espero que se fale nisso. Não sou actriz, não sou manequim, não sou glamorosa. Sou jornalista. Nós temos uma ficção brilhante e é justo que se fale nela", avança Conceição Queiroz, vencedora de sete distinções em 17 anos de carreira. Mafalda Gameiro, responsável pelo espaço Linha da Frente da RTP1 (12 prémios), para onde assinou vários trabalhos, recorda as boas audiências conseguidas pelas reportagens emitidas em televisão e afirma que nenhum jornalista "trabalha para ganhar prémios". E aponta o dedo: "A imprensa está mais desperta para a ficção, porque estão em causa figuras públicas e são essas que vendem."
Não terem o mesmo impacto mediático que tem uma Rita Pereira, uma Alexandra Lencastre, uma Margarida Marinho ou uma Cláudia Vieira não é, para nenhum destes profissionais, uma preocupação. São jornalistas e, como tal, "têm de ser discretos", justicia Jaime Cravo. E não "correm atrás de prémios". O grande presente que podem ter, dizem, é o reconhecimento do público que os vê e ouve. "Dá muito trabalho fazer uma reportagem e os galardões que se vencem com ela é uma recompensa pelo trabalho de bastidores. Nada mais do que isso. A mim basta-me, por exemplo, a frequência com que os espectadores me ligam para dizer que o meu trabalho os influenciou e ajudou a tomar uma decisão. É para eles que eu trabalho 15 horas por dia", prosseguiu Conceição Queiroz.
Cândida Pinto nem sabe quantas vezes já foi distinguida. "A minha preocupação não é saber os números. Não é essa a missão de um profissional da comunicação social. Isto não quer dizer que fique indiferente quando o meu trabalho é reconhecido", finaliza.
NTV
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