A atriz Rosa do Canto, de 59 anos, fala da ligação que tinha com a mãe e assume que é uma mulher independente, divertida e positiva, que tem dificuldade em lidar com o amor.
CM - Ser "mãe solteira de dois gatos", como se apresenta, foi uma opção?
Rosa do Canto - Não sei. Acho que ninguém me pediu em casamento. Houve um que deu a entender, mas se calhar não percebi, ou não quis perceber.
- Ser "mãe solteira de dois gatos", como se apresenta, foi uma opção?
- Não sei. Acho que ninguém me pediu em casamento. Houve um que deu a entender, mas se calhar não percebi, ou não quis perceber.
- Ser "mãe solteira de dois gatos", como se apresenta, foi uma opção?
- Não sei. Acho que ninguém me pediu em casamento. Houve um que deu a entender, mas se calhar não percebi, ou não quis perceber.
- Mas lida bem com isso?
- Muito bem. Eu sempre gostei muito de mim. Aliás, sempre me achei a mais gira da família [risos]. Sou a quarta de cinco filhos e dizia isso à minha mãe. E a minha mãe dizia-me: "Meu Deus Rosa, então corta o cabelo e vais ver que perdes a graça toda." Dizia isto para ver se me puxava para a terra.
- Essa auto-estima dificulta a partilha?
- Dificulta. Porque exijo muito dos outros. Eu gosto de estar sozinha. Não tenho problemas de solidão. Mas, de vez em quando, gosto de estar acompanhada. Ora, se eu vivesse acompanhada por obrigação, como é que punha as pessoas na rua?! Quando estou farta dos gatos, fecho-os na varanda, o que raramente acontece.
- Tem facilidade em brincar com as coisas sérias?
- Eu sou e sempre fui uma cómica em casa. Gosto de me rir até da própria desgraça. Não gosto de fazer dramas. Sou muito positiva, embora muitas vezes a vida me puxe para o outro lado. E sou divertida, até acho que isso é o que há de melhor em mim.
- É pragmática?
- Sou. Acho que a vida tem de ser assim. Mas às vezes também sou uma sonhadora e tento fazer da vida um sonho... Quando a minha mãe morreu, há quatro anos, eu precisei de um psiquiatra porque achava que a vida não fazia sentido sem ela. Ela já não existe, já não está. Mas a psiquiatra disse-me que eu sabia como é que havia de sair disto.
- É individualista?
- Estou muito para os amigos, pouco para os amores. A relação do meu pai com a minha mãe nunca foi boa. Com o meu padrasto foi, mas acho que nunca consegui ultrapassar... Nós somos no presente aquilo que trouxemos do passado.
"TENHO MEDO DE SER REJEITADA"
- Como era a sua mãe?
- A minha mãe era uma pessoa extraordinária e uma mulher muito técnica. "Rosa, vai lavar os dentes, Rosa, vai-te vestir." Eu chamava-lhe mãe, mas ela só me chamou filha nos últimos anos de vida. Aquela coisa de dar colo às pessoas... eu tenho dificuldade. E tenho medo. Medo de ser rejeitada. As coisas tinham de ser como ela queria. E eu tive grande dificuldade em cortar o cordão umbilical. Fui incapaz de comprar casa sem a opinião da minha mãe. E também fui incapaz de decorar a casa sem a opinião dela. Eu era incapaz de fazer fosse o que fosse sem a minha mãe. É muito estranho.
- E o amor do seu padrasto pela sua mãe não a reconciliou com os homens?
- Para mim, o casamento era um inferno. Eu não quis aquilo para mim. E, quando penso que as coisas estão lá próximas, fujo, porto-me muito mal. Mas quando eles se vão embora eu sofro por todos. Apaixono--me e sofro horrores.
PRETO NO BRANCO
- Cuida da sua imagem?
- Cuido mas ainda não fiz plásticas. Para lá caminho. Há aqui umas coisas de que não gosto, umas peles caídas à volta do pescoço. Não gosto de rugas nem de envelhecer. Então neste país não gosto nada. Acho que dão pouca importância às pessoas velhas.
- Tem medo da dor?
- Tenho pavor! Muito mais do que da morte. A dor da alma acaba por ser pior do que a física, porque não se consegue respirar e é uma dor que acaba quase por ser física. É terrível! Então a dor da perda é a pior de todas.
- É verdade que não come carnes vermelhas?
- Não como porque fico muito mais enervada. Se calhar é psicológico.
- É uma má cozinheira?
- Por acaso sou. Mas sei fazer tudo em casa, porque a minha mãe me obrigava.
PERFIL
Rosa do Canto nasceu no dia 6 de Janeiro de 1953. A Regina da novela da SIC ‘Rosa Fogo' começou a carreira televisiva nos anos 80 e ganhou fama em sitcoms - como ‘Euronico', ‘Nico d'Obra' e ‘Nós os Ricos' -, no teatro de revista e nas novelas. Fez ‘Palavras Cruzadas', ‘Passerelle', ‘Cinzas' e ‘Na Paz dos Anjos'.
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