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13 de outubro de 2014

Entrevista ao Miguel Guedes jurado do 'Factor X'



Em entrevista segundo informação da Notícias TV, Miguel Guedes um dos jurados desta 2ª edição do talent show 'Factor X', revela ter dificuldade em lidar com essa ideia das crianças em concursos de televisão.


Veja a entrevista completa do músico dos Blind Zero ao Miguel Guedes:

Aos domingos, quando chega a casa, o que vê primeiro: revê o que disse em Trio d"Ataque, na RTP Informação, ou o episódio de Factor X, na SIC, onde é jurado?
[Risos] Não tenho por hábito rever os programas que faço, mas gravo-os, curiosamente. Não para memória futura, mas tenho a ideia sempre de querer ver. Quando entrei para o Trio d"Ataque via os primeiros programas para ver o que estava a fazer, se era mesmo eu que estava ali ou a representar um papel.
E que tal?
Quando vi que era mesmo eu, parei de ver. É um debate muito aceso muitas vezes, que me dá muito gozo fazer, mas saímos daquelas duas horas relativamente exaustos e queremos fazer outras coisas que não falar de futebol. No caso do Factor X é uma área nova para mim, o entertainment, com responsabilidade de estar a construir uma coisa muito séria e, como nunca o fiz, tenho visto alguns episódios. Não tinha a noção, ninguém tem sem experimentar, da avalancha de conhecimento que as pessoas têm sobre nós, de quererem saber, do gratificante que é as pessoas que muitas vezes pensam que se é uma pessoa sisuda e arrogante e com quem até nem simpatizam e depois descobrem que por trás de um portista há um ser humano [risos].
Não arrisca baralhar os públicos?
São relativamente distintos, tem-se um bocadinho a noção até de que há duas televisões ao domingo à noite: uma para os homens verem o programa de futebol - o que não é rigorosamente verdade porque há muitas mulheres a ver - e depois há um setor mais novo ou mais feminino a ver programas de entertainment, neste caso o Factor X. Um está no cabo, outro na generalista, o que dá uma dimensão e uma magnitude diferentes, nos dias seguintes continuo a ter muitos inputs na rua de gente do programa de futebol e muitíssimos de Factor X.
Factor X veio dar-lhe uma dimensão humana que nem a música nem o futebol lhe tinham ainda conferido?
Não, vem mostrar um dos meus muitos dotes, não gosto nada de fazer uma só coisa na vida e todos temos humores e diferentes facetas. Em palco sou o que sou e se vir um espetáculo dos Blind Zero pode assustar-se um bocado com a dimensão física da coisa. Por outro lado, no Trio d"Ataque o lado sarcástico e mais irónico, mas retórico, pode estar mais presente. No Factor X é o lado mais feel good, mais a torcer para que dê certo, mais distendido e com uma comunicação mais sorridente.
Quando deixará o Trio d"Ataque?
Saio no fim de outubro porque estarei em novembro e dezembro nas galas, que são em direto na SIC. E depois regresso no primeiro Trio d"Ataque de janeiro.
A negociação foi pacífica?
Não passou por mim. Limitei-me a expor o que estava a acontecer dizendo duas ou três coisas que me pareciam fundamentais e uma delas é que gostava de fazer Factor X, que provou na edição anterior que consegue potenciar talento e vimos isso com o Berg, a Mariana e o D8, entre outros. Há um lastro que fica para além do fim do programa, o que me agradou, para além de estar competentemente bem feito. Senti-me tentado a fazê-lo numa altura em que os Blind Zero fazem 20 anos. É um bom timing, é um bocadinho o meu regresso à música de forma mais visível. Os Blind Zero existem há 20 anos, editámos, no ano passado, o disco Kill Drama, temos o disco revistado este ano e vamos reeditar com duetos. Vamos convidar uma pessoa para cantar cada tema.
Podem entrar talentos do Factor X?
Não, já estão todos gravados. No Kill Drama II, cada uma das canções será um dueto com amigos cúmplices que marcaram o nosso percurso de 20 anos e com pessoas com as quais gostávamos de já ter trabalhado. Por exemplo, nos estrangeiros, a Sandra Nasik, dos Guano Apesz, entre os portugueses, gravámos com Marta Ren, Fernando Ribeiro (Moonspell), João Rui (AJigsaw), entre outros. Os Blind existem num projeto de resistência e de vontade e não é uma qualquer banda que está junta durante 20 anos. Que diabo... são duas décadas, é brutal! E esta exposição musical que o Factor X traz naturalmente também se reflete nos Blind Zero e é benéfico no sentido de ganhar novos públicos.
Onde é que se nota?
Sobretudo nos concertos, mas o Factor X começou há pouco tempo. Diria que se acrescentou gente, mas muitos deles vêm desde o primeiro dia. Há malta de todas as idades a entrar, a transversalidade do programa é impressionante.
O resto da banda aceitou bem a sua ida para o Factor X?
Sim. Nunca iriam dizer-me "não vás" ou "não podes ir", como eu nunca diria a nenhum deles que deixe de fazer o que entenda.
Já foi convidado para outros caça-talentos?
Não gostaria de responder a isso.
Porquê?
Não gostaria porque há muitos formatos televisivos.
Há de mais?
Somos um país com muito talento e que, sobretudo, não o potencia. Portanto, dar visibilidade a esse talento não me parece um mau princípio e a prova disso é o que temos ouvido nas audições de Factor X, temos sido esmagados. Estes programas não são de mais, não se pode é confundir, e este é o grande problema destes formatos, com o facilitismo: com a ideia de que qualquer pessoa consegue fazer, que é fácil sem grande trabalho, que é sorte, de cunhas, de votação popular que não sabe, mas as pessoas sabem. Elas podem enganar-se na escolha de dois ou três, mas já são todos muito bons.
Já não há artistas sem uma história de vida dramática por trás e a televisão fomenta isso?
Faz-me confusão é que continue a haver espaço para Casas Big Brothers que não são do George Orwell [do livro 1984]. A narrativa desses programas faz-me confusão.
Mas lideram, sobretudo ao domingo à noite.
No ano passado, o Factor X ganhou algumas vezes à Casa dos Segredos.
Sim, numa fase inicial. Desta vez não.
É um fenómeno a que nós não podemos deixar de deitar o olho, mas as audiências não me preocupam rigorosamente nada. Não estou no Factor X para dar audiências, mas para fazer o melhor trabalho possível, com a responsabilidade que sei que vou ter e com o golpe de asa que espero poder ter para ajudar e potenciar talentos musicais.
Os jurados recebem os perfis dos concorrentes?
Não.
E indicações da produção?
Não e não nos querem dizer por uma razão lógica: querem que sejamos espontâneos.
Como olha para formatos de programas que procuram talentos junto de crianças, como o The Voice Kids, na RTP1?
Não vi.
Mas tem vencido o Factor X.
Tenho dificuldade em lidar com essa ideia das crianças em concursos de televisão, mas não vi. De repente, pode haver um miúdo de 8 anos a cantar extraordinariamente, mas depois não sei como se acompanha emocionalmente. Certamente que estão a fazer o trabalho com a maior dose de responsabilidade e gostava de frisar isso até pelo que vejo em Factor X. Agora, se gosto de ver programas só com crianças, não! Mas não gosto de ver nem a cantar, nem a dançar, nem a interpretar, nem a fazer de adultos.
Mas o Factor X é a partir dos 12 anos.
Apareceram bons candidatos com 12 anos. Se eu sei lidar com os candidatos jovens? Tenho mais dificuldade e é desde logo instintiva, de afeto. É um bocadinho constrangedor quando tudo gira à volta de crianças, mas isso acontece-me muito mais naqueles programas que se veem no cabo, tipo look alike, crianças a parecerem adultos, isso arrepia-me, mexe comigo e não vejo. É tão pornográfico quanto a má pornografia. No caso de cantores, acho que não, estamos ali com um estímulo pela arte.
Do que ouviu em Factor X já tem favoritos?
Tenho vários. Não posso adiantar porque não posso tirar mistério ao que é misterioso nem criar névoa naquilo que para mim é muito azul e branco [risos]. Há muitíssimo talento.
Sendo vocalista de uma banda, faz sentido ficar com os grupos?
Não faz. Se ficar com os grupos será a categoria que menos me dirá, onde terei de trabalhar extra porque sou um cantor solo e não tenho particular empatia com as harmonias, não é uma coisa que me comova. Gosto de vozes singulares. Gostava muito de trabalhar timbres femininos ou masculinos, mais novos ou mais velhos. Vozes. Mas é uma característica de quem canta sozinho há 20 anos.
E se houvesse Factor X há 20 anos, tentava a sorte?
Não consigo fazer esse regresso ao passado, a televisão não era nada disto. A música surgiu na minha vida com muita calma, bandas de bares, acompanhou sempre os meus estudos, foi correndo em paralelo e apanhou-me no primeiro ano de faculdade, em Coimbra. Eu estava a estudar para os exames na carrinha, no meio de agenda de concertos.
Via-se numa fila para tentar a sorte e ver se alguém reparava na voz?
Acho que não porque o meu grau de timidez na altura não me permitia. Hoje, se calhar, não sei. Mas não há nenhum problema em que as pessoas o façam. Nós, Blind Zero, fomos a um concurso de bandas e ganhámos o Termómetro Unplugged. Se cantasse a solo, teria ido a concursos?... Duvido porque teria um grau de timidez assinalável.
Nervoso com a chegada das galas?
Nada porque para já estou muito confiante com o que vimos nas audições. Estou muito ansioso com a categoria que me vai calhar, esperando que não seja os grupos, e acho que posso trabalhar bem com qualquer um deles porque há gente tão boa... Gostava de trabalhar com duas ou três pessoas de cada categoria, esse seria o mundo ideal.
Não é um contrassenso que o Miguel, sendo jurado num concurso em que as pessoas sonham cantar e gravar um álbum, tenha uma banda que se desvinculou recentemente das editoras e faz edições de autor?
Não é contrassenso. O que aconteceu é que a partir de determinado momento deixámos de ser interessantes para a Universal e ela deixou de ser interessante para nós. Houve sempre imenso respeito entre nós.
E o Paulo Junqueiro já o aliciou para ir para a Sony Music?
Não [risos].
Não encontrou o Factor X?
[Mais risos] Temos 20 anos, já devemos é ter outro Factor qualquer. Factor 20. A visibilidade que o Factor Xpermite é que vai para além do disco e o vencedor sai com um grau de exposição pública que, se souber gerir bem o que aconteceu e o que está para vir, tem ali uma ferramenta brutal de exposição porque o programa é sério, facilita e tenta segurá-los após o programa terminar e aí aparece a Sony Music e o Paulo Ventura.
Se porventura um concorrente não chegar à final, mas tenha talento, pode gravar nos vossos estúdios?
Se por acaso alguns dos finalistas, sejam meus ou dos outros mentores, não chegue a gravar um disco e eu achar que têm condições para isso, não tenho a mínima dúvida de que o farei, se assim eles também entenderem. E acho que é o que vai acabar por acontecer porque com o talento que já existe no Factor X é difícil que um só título chegue.
Como foi o ajuste com os outros três jurados?
Conhecia melhor o Paulo Ventura e a Sónia porque o Paulo Junqueiro esteve muito tempo fora de Portugal. Todos nos cruzámos muitas vezes e penso que também eles tiveram uma palavra a dizer na minha escolha. Para mim, tem sido impecável, gente boa. Um programa destes não se faz sem que as pessoas se divirtam e estejam bem umas com as outras, não quer dizer que não haja, e comece a haver uma competição saudável. Não quer dizer que não tenhamos de ser cruéis quando acharmos que as coisas correm mal com um candidato que não é nosso ou até um nosso.
Quem paga mais: Factor X ou Trio d"Ataque?
São programas diferentes, um no canal generalista e outro no cabo. É comparar o incomparável. E mais não digo.
É compensador o Factor X?
Não vou revelar.
Vai custar-lhe deixar o comentário de futebol?
Vai, vai custar. O Trio d"Ataque é um programa que gosto muito de fazer e naqueles dois meses vai custar-me não estar presente. Vou estar quase a sofrer por fora. Quase como um jogador que vai estar no banco. O Factor X pôs--me no banco do comentário desportivo [risos] e vou ver o meu correligionário.
Será o maestro Rui Massena?
Não sei, ele já teve a enorme amabilidade de estar presente quando eu não pude por estar em concertos. E fê-lo muito bem. Acho que o Trio d"Ataque é um programa único, tem um histórico de respeito pelas pessoas. Eu sou incapaz de estar a ver um lance e, na análise, dizer o contrário do que penso e vejo isso sistematicamente e faz-me confusão.
Onde? Tais como?
Tais como os outros, são tantos... As pessoas estão a ver as mesmas imagens que nós, que são repetidas até à exaustão. Se não se falar verdade, corre-se o risco de desbaratar esse capital que tem de se ter, quando se fala de futebol ou de outra coisa qualquer.
Esta multiplicidade de formatos corre o risco de tornar a discussão do futebol mais acéfala?
O futebol começa quando o meu pai e o meu avô me levam pela mão ao Estádio das Antas, e aí está o carácter passional, emocional e até familiar e daí já não se foge: de bandeirinha atrás das costas, de chorar ao primeiro título, da primeira conquista europeia, são coisas que estão no top 3 das alegrias da minha vida.
Quais são as outras duas?
[risos] São pessoais e não vou falar. Mas posso alargar ao top 5, porque me lembro de ser miúdo e estar a chorar, em 1987, a ver o FC Porto ser campeão europeu em Viena. E é natural que, bastantes anos depois, não tenha conseguido libertar-me desse e de muitos momentos emocionais que o FC Porto me deu. Não posso partir para um jogo de futebol como um ser que não vai ter paixão, como um comentador neutral. Para já isso não existe, nem eu quero. Mas acho que não devemos mentir às pessoas e se começamos a fazê-lo, nomeadamente na análise de lances, porque é objetivo, sendo repetido quase 30 vezes, acho que se aproxima da demência.
Mas porque acha que acontece?
Cada um falará por si. Pode ter que ver com ego, com política, posicionamento do programa...
Os comentadores têm o clube por trás?
Não acredito nisso, não é por aí. No Trio d"Ataque já tive oportunidade de falar bem e mal da minha equipa, quando é a minha opinião e quando acho que a crítica faz bem ao meu clube e acontece com outros comentadores. E nunca senti que deveria ou não deveria dizer alguma coisa. Portanto, essa coisa de que os clubes interferem nos comentadores, no meu caso e de pessoas que eu conheço... Zero, bolinha! Agora, pode haver informação privilegiada, pode haver acesso a informação quando se pretende, o clube pode ser uma fonte, pode. Daí a enformar a nossa opinião, no meu caso jamais. Noutros casos jamais, noutros não sei...
Quando é mais crítico, o que lhe diz o clube?
Nunca senti uma atitude...
Um telefonema?
Nunca houve um telefonema nem para dar os parabéns nem para me criticar ou dizer que o que disse era um absurdo.
Pinto da Costa já o convidou para alguma função no clube?
Não.
E gostava?
Não.
Porquê?
Gosto de ver bola, gosto das pessoas que lá estão. Tenho enorme apreço e estima pelo que o FC Porto e o presidente Pinto da Costa me deram. Tenho enorme admiração pela sua capacidade de trabalho e intuição, tenho imenso respeito pela sua obra e por muitas das pessoas que com ele trabalham. Tenho enorme respeito pela dimensão humana de Jorge Nuno. Cargos no FC Porto? Impensável. Sou sócio, adepto e comentador do FC Porto. No momento em que tiver um cargo terei dificuldade em manter o grau de isenção.
O que pensa da concorrência nos programas desportivos?
Espreito e vejo os pontos altos. Raramente vejo programas porque a preparação para um programa do Trio d"Ataque leva-me muitas horas. Vejo os jogos, como admito que toda a gente o faça. Quando tenho tempo leio comentários sobre os jogos, tenho dados do passado .
Tem fichas técnicas?
Desde os Grandes Adeptos [Antena 1], mas essencialmente após o Trio d"Ataque, pelo grau de exposição e extensão de comentário que é preciso ter, tenho dez livrinhos.
Vê agora mais bola?
Sempre vi muito bola e a minha paixão pelo FC Porto é uma coisa brutal.
É daqueles portistas que assinam a Benfica TV (para poder ver os jogos em que o FC Porto vai à Luz)?
Não tenho BTV. Dizem que vivemos tempos de crise, não é? Mas para ver os jogos do Benfica em casa ou os do campeonato inglês opto por ir ao setor da restauração, dar dinheiro a ganhar, como uma tosta mista e bebo uma cerveja e ajudo a economia nacional. Acho que é mais razoável do que ter a BTV em casa [sorrisos].
Está na direção da Gestão dos Direitos dos Artistas, Intérpretes ou Executantes (GDA), qual foi o seu envolvimento na Lei da Cópia Privada?
Estive nesse debate e noutros, mas há sobretudo, no meu caso, o processo de lidar com a carreira dos artistas, tentar cobrar aos utilizadores de música para que consigamos retribuir aos artistas o que lhes é devido e criar mais-valia. Portugal corre atrás da Europa nesse sentido. Houve um grande esforço legislativo feito em Portugal com boas leis, depois com aplicabilidade prática algumas vezes complicada, mas temos um ótimo código de Direito de Autor e de Direitos Conexos. Gostava de ter um país que permitisse aos artistas viver e acho que Portugal, com raríssimas exceções, não tem permitido aos músicos viverem da sua arte.
Quem e o que falha aí?
Falha o mercado, é um país pequeno, com mercado reduzido. O que me parece é que a questão da gratuitidade da música se instalou de forma tão simples, simplificada e tão simplória até, que é muito irrazoável e muito lesiva da esmagadora maioria das pessoas que neste país fazem música de coração aberto e não se veem recompensadas.
Mas quando se fala nos valores cobrados na cópia privada, há quem argumente que o aumento recairá sobre os consumidores.
Quando olhamos para as grandes indústrias como a farmacêutica, da guerra ou até do audiovisual podemos perceber que os grandes interesses se aliam muito poucas vezes ao interesse do consumidor, embora pareça o contrário. No caso da cópia privada, é isto. Eles não podem é, com isso, estar a querer puxar o consumidor para o seu lado, fazendo deles os bons da fita quando são eles que conseguem fazer promoções de 50% quando querem. Os bons da fita, e quem ama a música sabe, é quem faz e cria a música. Por amor de Deus, não estamos assim tão distantes do 25 de Abril para perceber que o trabalho tem de ser remunerado.
Os canais e produtores já são bons pagadores dos direitos aos artistas musicais?
Em matéria de direitos conexos, as televisões têm retribuído aos artistas e produtores de fonogramas as prestações artísticas e obras que passam na televisão. Mas tal não está a acontecer no audiovisual ainda, as televisões não estão a retribuir aos autores, atores, bailarinos.
Porquê essa diferença?
Não faço ideia, é uma questão que tem de ser colocada às televisões, mas em última análise está em tribunal. E, em nome dos artistas, espero que este processo acabe... ontem. Tenho uma intervenção direta na GDA do Porto e na PassMúsica a nível nacional, uma estrutura de cobrança para quem passa a música em espaços públicos. Estimamos que em Portugal haja um incumprimento em torno dos 25% a 30%, um número aproximado devido à dificuldade em obter a totalidade de estabelecimentos constantes no registo central de atividades. Mas a PassMúsica existe desde 2007 e o caminho que se percorreu até agora é absolutamente inesquecível e memorável.
Politicamente, está ligado ao Bloco de Esquerda. Vê-se a ter um cargo político ativo?
Quando estava na faculdade, era militante do PSR,fazia parte da extrema-esquerda e cheguei a estar no Comité Central do PSR. Depois, porque não podia estar politicamente a 100%, acabei por me afastar, estando sempre próximo do que veio a ser depois o percurso do PSR evoluindo para o BE. Estive em várias campanhas e quando me chamam, dou a cara. Fui mandatário, não sou candidato porque acho que se deve ter tempo, estar em reuniões e no debate, que não faço há muitos anos. Temos de perceber muito rapidamente que esta esquerda tem de criar diálogo e, nesta altura, está num processo de autoflagelação. Por muito que perceba as diferentes opiniões, acho que há sempre muito mais o que nos amarra do que aquilo que nos separa e isso é válido.
Como olha a moção de Pedro Filipe Soares?
É uma moção legítima e não impede que ele prossiga como líder parlamentar. Mas é uma moção apoiada em duas ou três inverdades, uma delas é a de que a atual liderança do BE tentou encostar-se ao PS e isso tem muito pouco de verdade, basta ver o que se passou na história recente. Isso nunca aconteceu e, portanto, lamento que seja uma moção promovida à custa de uma inverdade, de um engano grosseiro.
Isso transforma-o num apoiante da liderança de Catarina Martins e João Semedo?
Simpatizo com o João Semedo e com a Catarina Martins e também com o Pedro Filipe Soares, mas parece-me que este momento deverá servir mais para unir do que para dividir. Defendo a união na esquerda e custa-me que se estejam a comportar como irmãos desavindos.
Foi isso que Rui Tavares fez? [com a criação do Livre]?
Não sei se ele é irmão.
E Ana Drago? E Daniel Oliveira?
Eu estou fora e desconheço os graus de parentesco entre as pessoas e admito que possam ter outras opiniões. Estimo muito a Ana Drago, o Daniel Oliveira, o Rui Tavares, o Pedro, o João, a Catarina, o Francisco Louçã, a Marisa Matias, mas vamos olhar para o Partido Comunista Português (PCP) e perceber o que tem sido e a sua importância neste país, é um exemplo que deve ser olhado.
Em que sentido?
Agregacionista, o que é a solidez de um partido à esquerda. Não caminhamos para um sítio bom quando fazemos de uma fraqueza tantas pequenas fraquezas e por algumas divergências pessoais. É o pior que pode acontecer.
Que soluções?
Competia a todos nós que pensamos à esquerda, com valores da justiça, solidariedade, igualdade, democracia participada, cidadania, enfim. Temos a obrigação de... posso ser ambicioso?
Claro.
O PCP tem obrigação de olhar para tudo o que está ao seu lado. Sempre sonhei com um grande partido de esquerda e isso tem de ser feito com todos. Sei que à esquerda do PS todos nós deveríamos conseguir entender-nos.
Até às eleições legislativas?
É difícil, impossível, por isso deixe-me ser ambicioso.

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