Guarda-roupa, maquilhagem e alinhamento do formato são os passos que os apresentadores seguem antes do frente-a-frente com o público. Na sala ao lado, a "bicharada" descansa à temperatura ideal.
São 14.30 e o calor faz-se sentir à porta de um dos estúdios da SP Televisão, em São Marcos. É aqui que se junta a equipa técnica de 'Cante... Se Puder', que aproveita para dar "um dedo de conversa", antes de ter início mais uma tarde de gravações do novo programa da SIC.
À entrada, ouve-se o barulho dos talheres, sinal de que ainda estão a ser servidos os últimos almoços no bar da produtora do formato - que coloca concorrentes à prova, todos os domingos -, enquanto no corredor vão passando os corajosos participantes que, dentro de uma hora, vão cantar para as cobras e lagartos.
Já vestidos, Andreia Rodrigues e César Mourão, a dupla que apresenta 'Cante... Se Puder', trocam o guarda-roupa pela make-uproom, a sala da maquilhagem, como assinala um papel A4 afixado numa das portas do estúdio. Apresentadores e maquilhadores convivem no mesmo espaço, repleto de pincéis, lenços, embalagens de produtos de cosmética e malas. É neste espaço que vão também passando vários concorrentes, que vão sendo maquilhados e caracterizados com tintas vermelha e castanha. César Mourão aproveita para falar com a Notícias TV enquanto dois assistentes se ocupam de lhe colocar o microfone. "Toda a gente acha o programa divertido, com bastante ritmo, nunca se cansam dele... depois há aquelas pessoas que acham nojento ou não conseguem ver a parte dos bichos, mas tem sido positivo", explica sobre o programa, afirmando que a sua prova preferida é, sem dúvida, o Capacete do Terror, em que os concorrentes cantam com um capacete na cabeça, por onde vão saindo gafanhotos, baratas e outros insetos . "É a mais horripilante, mas talvez seja o mais impactante", atira. Com um pano agarrado aos saltos altos, para não sujar o calçado, a coapresentadora de Mourão vai sorrindo para a câmara do fotógrafo daNotícias TV, enquanto a maquilhadora se ocupa de dar brilho às suas pernas. Destemida e sem medo de nada, Andreia Rodrigues garante que ainda não houve nenhuma situação complicada com a "bicharada" deCante... Se Puder e sai em defesa dos animais que dão também brilho ao formato. "Eu sou uma apaixonada por animais e estes vêm de uma empresa familiar, que os trata muito bem. E a grande maioria já nasceu em cativeiro, portanto estão habituados à presença humana, alguns nem conhecem outra realidade", reforçou a cara da SIC, adiantando: "Há um cuidado enorme por parte da produção e da empresa dos animais para que estes estejam nas condições adequadas e necessárias ao seu bem-estar. O facto de o programa ser gravado permite que também estejam sujeitos o menor tempo possível às câmaras."
Cobras, lagartos, tarântulas, escorpiões, baratas e pombos, todos têm direito ao seu próprio "camarim". É numa sala climatizada, com a temperatura adequada aos animais de Cante... Se Puder, que as várias espécies estão devidamente instaladas, em dezenas de caixas. "Os animais estão acomodados em caixas largas de plástico com trancas, nas quais tivemos o cuidado de fazer furos para a respiração, para que eles estivessem o melhor possível", conta Bruno Galrito que, com a irmã Marisa, é o responsável pela "bicharada" do programa da SIC. "Eles só estão meio dia no programa e não há gravações todos os dias. Assim que as gravações acabam vamos logo para a loja", acrescenta ainda o tratador, responsável pela segurança dos animais exóticos de Cante... Se Puder e do contacto destes com os participantes.
A assegurar ainda a proteção e a segurança dos corajosos concorrentes, que são desafiados a enfrentar uma série de provas, estão ainda dois bombeiros de Paço de Arcos (Grande Lisboa), que se misturam com a equipa de produção, a régie (local onde se faz o controlo técnico de um programa), as câmaras e os cabos.
Canções e gargalhadas
São 15.15. Faltam 15 minutos para o programa começar a ser gravado. Já no estúdio, perto da régie, César Mourão e Andreia Rodrigues conversam em voz baixa, enquanto, do outro lado, o público diverte-se a cantar a música da colombiana Shakira, Waka Waka, ajudados pelo assistente de realização e animador de público, que não deixa ninguém ficar parado. Aplausos e gritos fazem parte deste "treino" do público, que vai seguindo as direções de Betão que, mais tarde, vai continuar a gesticular para o público durante toda a gravação.
As caixas, que contêm as famosas cobras, criadas em cativeiro, já estão a um canto do cenário e as funcionárias de limpeza envergam já baldes e esfregonas, a postos para limpar o chão após cada prova. Encolhem-se cada vez que um tratador passa com um réptil por detrás do cenário, assim como alguns assistentes de realização, mais reservados ao contacto com os "bichos" do formato, que se vão chegando para trás, enquanto os tratadores levam os animais para o local mais perto da realização das provas. Alguns assistentes da equipa técnica, mais corajosos, ainda são capazes de pegar numa cobra e assustar os concorrentes.
Faltam cinco minutos. Andreia e César já se escondem por detrás do cenário principal, cada um preparado para entrar pelo seu respetivo lado. A primeira prova é desempenhada por Mico da Câmara Pereira e Dora que, juntos, se preparam para atravessar, de chinelos nos pés, a Passadeira da Fama, onde se escondem pedaços de cabelo, estrume e comida fora de prazo dentro de cada caixa.
As luzes baixam de intensidade, ao comando dos dois operadores de iluminação, que estão pendurados de cada lado do teto do cenário. A música para, o silêncio adensa-se no estúdio e o público sabe que é este o momento. "OK, atenção!", pede em voz alta o responsável pela realização Bruno Peres, acrescentando: "3, 2,...". Um segundo depois ouve-se o genérico de Cante... Se Puder, as palmas fazem-se ouvir e Andreia Rodrigues e César Mourão entram em palco com um sorriso na cara, prontos para gravar prova a prova esta quarta emissão do formato da SIC, que foi para o ar no domingo passado.
"Boa noite, bem-vindos a mais um Cante... Se Puder", entoa a apresentadora, enquanto César Mourão decide entrar saltando por cima do Passeio da Fama. Minutos mais tarde, entram os convidados especiais Mico da Câmara Pereira e Dora, que vão ser os primeiros a estrear o palco da nova aposta da SIC, neste dia de gravações. A cantar Sexta-Feira (Emprego Bom Já), de Boss AC, a dupla de convidados tem de desfilar pelos "ingredientes" que ocupam cada caixa da prova do programa, produzido pela Fremantle Media, sempre sem olhar para a comida fora de prazo, pedaços de cabelo e estrume. Os risos ecoam nas bancadas do público e nos bastidores do formato, onde a equipa de produção e a dupla de bombeiros vão soltando gargalhadas.
No final, com as pernas encharcadas, Mico da Câmara Pereira e Dora confessam-se satisfeitos com a sua primeira prova superada, mas ainda há outra a caminho. Enquanto deixam o cenário de Cante... Se Puderpara se arranjarem para o próximo desafio, os cantores vão-se apoiando um no outro e Dora atira, olhando para o minicenário da prova Travessia no Deserto, arrumado a um canto dos bastidores: "Pior do que esta não pode ser."
NotíciasTV
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