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8 de dezembro de 2013

Concorrentes vigiados custam mais 30 por cento no Factor X




O 'Factor X' português dá dois dias de folga aos candidatos. Por cá, o formato perde a "casa", mas a produtora recusa falar em poupança. Certo é que se tivesse a mansão, como lá fora, sairia bem mais caro.

Com emissão em mais de 200 territórios e com 36 versões pelo mundo, o Factor X chegou a Portugal com o mesmo sucesso. Passada a fase dos castings, chegaram as galas, que se prolongam até fevereiro. Mas, ao contrário das várias edições espalhadas pelo planeta, a portuguesa não terá uma casa onde os participantes vivem e na qual são filmados. Aliás, os concorrentes têm direito a dois dias de folga - às segundas e terças -, estando albergados, em dias de trabalho, num hotel no Monte do Estoril, de onde saem para os sucessivos ensaios de quarta-feira a domingo.

O Factor X, da SIC, deixa cair a casa e os "mentores preparam os seus candidatos, semanalmente, num estúdio de som com os meios técnicos adequados", explica Frederico Ferreira de Almeida, diretor-geral da Fremantle Media Portugal, responsável pelo concurso de caça-talentos da SIC que está em exibição na estação de Carnaxide e é conduzido por Bárbara Guimarães e João Manzarra.

As especificidades que se fazem notar no formato em diversos territórios, como no caso português, são negociadas e, como adianta Ferreira de Almeida, "adaptadas". Mas porquê o corte em algumas das estruturas do talent show? O produtor não adianta se a razão se prende com custos e poupança. "Há uma adaptação do formato à realidade portuguesa", afirma.

Os produtores que produzem conteúdos dentro do género televisivo caça-talento têm olhares diferentes sobre o factor contenção na hora de montar grandes espectáculos televisivos. Piet-Hein Bakker, que produziu A Voz de Portugal para a RTP1, em 2011, afirma: "Nunca senti isso [esse corte na casa dos concorrentes] como poupança. O que seria grave era se a produção não desse as condições para começarem a trabalhar", explica este produtor, que chegou ao mercado português representando a Endemol e hoje é dono da Milky Way. Sobre o já referido concurso de caça-talentos que produziu para a RTP, Bakker sublinha mesmo que "nunca o tempo de ensaio dos concorrentes foi gerido a pensar na forma de poupar dinheiro".

De um outro ponto de vista, Paula Moura, a produtora da primeira versão da Operação Triunfo (RTP1, 2003) em que havia uma casa filmada 24 sobre 24 horas com escola incluída, acredita que a opção de não ter uma casa/escola onde os participantes sejam filmados "proporciona, no mínimo, 1/3 de poupança", afirma a produtora, que à data representava a Gestmusic em Portugal.

Um corte de custos estimado em torno dos 30% e que depende depois, alerta Paula Moura, "do número de minutos que são emitidos por dia, se tem câmaras a filmar 12 ou 24 horas, sendo necessário contabilizar turnos, há muitas variáveis". Porém, esta responsável que montou um dos dois caça-talentos emitidos em Portugal com reality show incluído (o formato daTVI Academia de Estrelas também tinha), considera que ter os participantes vigiados "poderia ser sempre uma mais-valia, sobretudo para quem vê o programa e vota", afirma.

"HÁ MAIS NOÇÃO DE QUEM MERECE"

"Tudo o que acontecia durante essas 24 horas, as características pessoais de cada concorrente, o processo de aprendizagem e a evolução de cada um ajuda os espectadores a decidir e a perceber que nada surge do ar", justifica Paula Moura, acrescentando: "Não basta saber cantar, dançar e o que essas imagens mostram é o esforço e o empenho dos concorrentes e as pessoas, ao vê-los numa casa, em interação, têm mais noção de quem merece continuar no concurso."

A produtora considera, no entanto, que o facto de não haver uma casa onde todos os concorrentes estejam a habitar durante o talent show ou a formação tal não compromete o desempenho dos participantes. "As galas funcionam na mesma, esta opção não compromete o glamour e a emoção de uma gala, pode é ajudar em casa a ver melhor os concorrentes de uma forma diferente, a analisá-los melhor", sustenta.

Quanto ao desempenho dos concorrentes, Paula Moura não nega que o resultado final será sempre diferente. "Ensaiar duas ou quatro horas por semana nunca é a mesma coisa do que estar seis dias numa escola, completamente concentrado e sem distrações", afirma.

Piet-Hein acredita que a opção de excluir a casa pode não prejudicar assim tanto o formato até porque o trabalho individual será sempre obrigatório. "Assim que o concorrente saiba o tema que vai interpretar, há sempre muito trabalho em casa para fazer e esse é sempre feito individualmente. De um ponto de vista logístico, não gravamos todos os dias, nem os concorrentes nem os mentores têm tempo para isso."

No caso de A Voz de Portugal, aquele produtor exemplifica: "O que nós fazíamos era promover um contacto quase permanente entre os concorrentes e os mentores [Rui Reininho, Paulo Gonzo, Mia Rose e Sérgio e Nélson Rosado, dos Anjos]. Os participantes tinham na sua posse o playback, que iam ensaiando, e depois falavam com os seus respetivos mentores. A verdade é que, quando chegavam ao ensaio gravado [normalmente na véspera da gala ir para o ar] os participantes já sabiam muito bem o que iam fazer", recorda Piet-Hein Bakker.

Apesar das diversas tentativas, não foi possível obter um comentário por parte da produtora Endemol até ao fecho da edição. A multinacional, que em Portugal é dirigida pela produtora Lurdes Guerreiro, tem assegurado talent shows que contam com famosos e também com crianças. No caso de Uma Canção para Ti, assim que acabava a gala de domingo, já depois da meia-noite, os pequenos cantores recebiam os temas das semanas seguintes e algumas indicações sobre como os interpretar. Material que era usado para treino individual ao longo da semana e que depois as crianças e jovens traziam para os ensaios cerca de dois a três antes das galas.

A Endemol criou também uma segunda versão da Operação Triunfo. Nesta, apresentada por Sílvia Alberto, já não havia a casa, mas mantinha-se a escola, cujas aulas eram todas filmadas.

O QUE DIZEM OS ESPECIALISTAS

"No caso de os concorrentes estarem numa escola, é preciso saber que isso também gera cansaço", afirma Manuel Moura dos Santos. O produtor musical foi jurado em todas as edições de Ídolos e garante que estar ou não numa casa, estar ou não absolutamente concentrado a preparar as músicas "não tem nada que ver com a qualidade das galas". Moura dos Santos defende até que "o facto de os participantes estarem no seu ambiente natural e com tempo para trabalhar coisas durante o curso normal das suas vidas também é bom".

O cantor lírico Rui Baeta, que foi jurado na segunda versão da Operação Triunfo e é agora treinador vocal em Factor X, evita fazer comparações entre os formatos. "Nunca, em situação alguma, ter mais tempo de base resolve aspetos relativos a uma formação que não tem qualidade. O que interessa é a qualidade professor-aluno", sustenta. Para o vocalcoach do concurso de caça-talentos da SIC, importante mesmo é que "os candidatos estejam todos em pé de igualdade, tenham todos mais ou menos o mesmo tempo", até porque "a rapidez com que cada concorrente assimila a formação nos ensaios acabará por ser um factor distintivo entre eles. Ter pouco tempo acaba por tornar as coisas mais difíceis".

Baeta lembra ainda a importância do trabalho individual, que terá sempre de ter um lugar haja ou não escola ou casa associada ao formato. "Os participantes têm de aprender as músicas por eles próprios e têm de as treinar. Eu só surjo depois para os ajudar a melhorar no âmbito da estratégia pretendida pelo mentor, mantendo sempre a individualidade de cada um", vinca o cantor lírico.

O produtor de Factor X, Frederico Ferreira de Almeida, acredita que a produtora "encontrou o equilíbrio ideal (com cinco dias de preparação) para que todos os concorrentes tenham o acompanhamento necessário dos seus mentores - que estão disponíveis para discutir e trocar ideias com os candidatos - e da equipa de produção por forma a cada semana fazerem a sua melhor atuação".

CAÇA TALENTOS COM COMPONENTE "REALITY" ESTÃO À BEIRA DO FIM?

Se no início do milénio surgiram conteúdos como Academia de Estrelas ou Operação Triunfo, que juntavam casas e escolas vigiadas com a busca de um talento na música, depressa, em Portugal, foram deixando cair o género. E porquê?

Paula Moura considera que se está a assistir a "uma tendência" em parte legitimada pelos cortes e pela crise. "Não somos só nós, em Portugal, que temos problemas financeiros, os nossos vizinhos espanhóis também têm orçamentos muito mais reduzidos para pôr em marcha os programas", afirma a antiga produtora da Gestmusic e da Valentim de Carvalho. Considera, contudo, que "em mercados como o dos Estados Unidos da América estes formatos continuem a ter escolas e casas com gravações a 24 horas/dia". Ferreira de Almeida e Piet-Hein Bakker consideram que a opção se deve "às necessidades específicas de cada conteúdo".






















NTV

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