Ângelo Rodrigues: "A Iva já me ensinou muita coisa"

Aos 24 anos, quer vingar como actor e músico, mas diz sofrer de "insatisfação crónica". A viver "um grande amor", revela: "Iva [Domingues] faz-me ser uma pessoa mais completa."

Pão com azeitonas ou açordas?

Ui! Isto começa logo assim? (risos) Estou mais inclinado para paté de azeitonas, adoro.

É apreciador de iguarias alentejanas ou a veia de "alentejano" existe apenas na novela Laços de Sangue (SIC)?

Posso dizer que gosto muito de todas as partes do porco preto.

Não tem nada de alentejano?

O acordar! (risos) Aí há lentidão e preguiça. De resto, gosto de estar sempre envolvido e fazer coisas que me realizem. Tenho o defeito de nunca me deitar cedo.

O que fez para criar a personagem Orlando Ayres?

Comecei por ir a Beja, estive lá durante uma semana. Fui a tasquinhas, andei pelas ruas, falei com pessoas e ouvi histórias. Quis absorver tudo: a postura, a maneira de falar e a filosofia de vida mais calma.

E a pronúncia alentejana?

Quis fazer uma coisa transversal e não uma pronúncia específica de uma parte do Alentejo. Quando me disseram que ia haver um núcleo alentejano na novela, pensei que iria ser muito complicado. Mas depois percebi, curiosamente, que ser oriundo do Norte do País dá-me mais facilidade em ganhar sotaques e melodias.

Como explica o êxito de Laços de Sangue?

O apoio da TV Globo foi vital para o sucesso. Passa tudo pela qualidade e pela forma como a novela é realizada e escrita. Em Laços de Sangue há sempre conflitos à volta de todas as personagens.

Que ambições tem enquanto actor?

Ser reconhecido pelo trabalho que desempenho e tornar-me um actor de referência.

Quem é o seu actor de referência?

Ivo Canelas.

A SIC está a arrancar com novas produções de ficção. Vai continuar a fazer televisão?

Sim, haverá outro projecto [Rosa Fogo, a novela que irá substituir Laços de Sangue].

Que lembranças tem da sua infância?

O meu pai foi o grande responsável por me abrir horizontes e pôr-me em contacto com a cultura. Levava-me a museus, exposições... Só aos 15 anos percebi que queria ser actor.

Em menino já sonhava viver um grande amor?

Em menino não! (risos) Mas quando as hormonas começaram a despertar... Não há ninguém que não queira viver uma paixão assolapada. Sempre foi um sonho.

Está a vivê-la?

Sim, estou.

O namoro com a apresentadora de televisão Iva Domingues é uma relação que lhe tem trazido lições?

A Iva já me ensinou muita coisa. A nossa relação baseia-se muito na troca, na partilha, aprender e ensinar. Obviamente que ela tem muito para me ensinar e eu algumas coisinhas...

Porque diz que tem algumas coisinhas para ensinar?

Porque, se formos pela lógica das coisas... tenho menos dez anos e menos experiência de vida do que ela.

É uma relação que o tem feito crescer ou já era por si uma pessoa adulta?

Sempre tive tendência para me dar com pessoas mais velhas, porque sempre achei que me completavam como pessoa. Achava sempre que as pessoas da minha idade tinham menos mentalidade e maturidade do que deveriam ter. Iva acabou por ser uma consequência saudável disso.

Iva faz que seja uma pessoa mais...

Completa.

Há quem olhe para a diferença de idades com preconceito. Sente isso?

Externamente não. Sinto é que a imprensa gosta de assinalar esse facto, mas isso, a mim e à Iva, ultrapassa-nos por completo.

Nunca sentiu isso nem da parte das vossas famílias, amigos?

Não. A felicidade irrita muita gente. Não gosto muito desta palavra, mas a inveja existe e não quero alongar-me sobre isto, traz más energias. É óbvio que a felicidade irrita muita gente porque são infelizes. Como estamos expostos, acabamos por estar sujeitos...

"Um dos segredos da relação é haver sempre um elogio por dia e eu encarrego-me disso diariamente." A frase é sua. É o trunfo para vencer no amor?

Uma coisa que Iva me ensinou foi a verbalizar, a expressar-me mais. Não tem que ver com timidez. Trata-se de educações diferentes.

Vê-se a cometer uma loucura por amor? Ou é uma pessoa mais racional?

Sou naturalmente ponderado e comedido. Mas quando a paixão o exige as loucuras acontecem por arrasto.

Casar é um dos objectivos de vida?

Não. Não acredito na instituição Igreja e, por isso, casamento convencional não. Sou apologista da união, mas na qual a aliança esteja no coração e não num contrato.

Tem algum sonho que queira partilhar com a sua namorada, Iva Domingues?

Não faço planos afectivos a longo prazo. Limito-me a viver o dia-a-dia, estou feliz.

Está envolvido na produção daquele que será o seu primeiro álbum musical...

Sim. Vai chamar-se Angel-o. É um projecto que me trouxe a descoberta para as artes. Escrevo as letras e estou ainda a descobrir a minha sonoridade. Espero conquistar o meu espaço.

E de que falam as letras? Há alguma música dedicada à Iva?

Canto sobre o que vivo, experiências amorosas. Uma música foi escrita a pensar na Iva.

O que pode o público esperar em termos musicais?

Sairá algo mais do género pop e r&b.

E para quando o lançamento?

Gostava que saísse até ao final do ano. Mas é um desafio para continuar. Não vou lançar agora um álbum e depois paro. A música é algo que me completa, é o que quero.

É fundamental estar activo em várias frentes?

Sim. Parar é morrer. Mas é um dilema que eu tenho: preciso de estar em várias frentes, mas enquanto estou envolvido nesse processo penso: "Precisava de umas férias." Mas quando estou parado um ou dois dias fico inquieto. É a insatisfação crónica (risos).

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