Júlia Pinheiro já perdeu a conta às vezes que deu o bom-dia aos telespectadores, mas não se cansa de o fazer. A apresentadora, que apenas usa roupa sua no programa, chega à SIC às 8.30 e assim que entra em estúdio já de lá não sai. Diz ela: "Nem para ir à casa de banho, tenho uma bexiga amestrada."
"Alerta, que vem aí a Júlia", brinca Pilar Diaz, coordenadora do programa das manhãs da SIC. Faltam poucos minutos para as 10.00. A apresentadora de 'Querida Júlia' sai do camarim e diz um sonoro "bom-dia" à equipa da redação que todos os dias encontra as histórias que passam no programa. Ainda de saltos rasos mas já vestida, penteada e maquilhada para ir para o ar, Júlia desce as escadas que dão acesso ao estúdio. "Hoje já vim vestida de casa, mas foi por acaso, porque tenho um dia comprido e já vim com tudo preparado. Pode acontecer vir de uma forma mais descontraída em que trago umas sabrinas, umas calças e depois mudo para uma coisa mais arrebitada. Tenho um guarda-roupa completo", começa por explicar. Certo é que toda a roupa que tem no camarim, e não é pouca, é toda dela. "Vou acumulando de programa para programa e hoje tenho um guarda-roupa fantástico. Escolho a roupa no dia e muitas vezes não sou eu que o faço porque já estou um bocadinho farta de mim própria. Tenho a Carmela, que cuida de mim há muitos anos, e depois a minha assistente de guarda-roupa, Telma, que sabe tudo o que tenho e o que fica bem. Tem sempre uma proposta todas as manhãs e depois eu e a Carmela filtramos. Às vezes porto-me mal, ela quer pôr-me bonita e eu apetece-me vir de sapato velho", diz.
O que Júlia não dispensa são os colares. "Tenho uma coleção monumental. Com 51 anos, temos de ser muito criteriosos nas escolhas e, como não uso padrões, só roupas lisas, os colares dão outro ar... Sou louca por colares porque de facto fazem a diferença e ajudam a alterar o look", diz.
Bem-disposta, apesar de ter acordado cedo para estar na SIC antes das 8.30 para a reunião de alinhamento do programa, anda pelos corredores em passo apressado e seguro. Assim que entra "em casa", como lhe chama, cumprimenta a equipa técnica e é-lhe retocada a maquilhagem. Os sapatos de salto alto também estão à sua espera, junto ao sofá onde se senta a conversar com os convidados. "Não tenho nenhum ritual específico... mas não posso entrar no ar sem beber um iogurte. Nem passar o intervalo sem comer qualquer coisinha, uma maçã fatiada. Isto está tudo muito rotinado, é por isso que é muito confortável, todos os dias é assim, é uma espécie de linha de montagem, em que toda a gente sabe qual é a sua tarefa. Fazemos todos com muito gosto e prazer, divertimo-nos todos muito e dizemos muitos disparates. Venho sempre de sapatos baixos até ao estúdio e depois só mudo aqui para poupar um bocadinho as pernas", explica a apresentadora, minutos antes de começar a fazer companhia aos telespectadores. Às vezes apetece-me vir de sapato velho.
São 10.13. O assistente de realização avisa a equipa toda: "Faltam dois minutos." A seguir vira-se para Júlia e dá-lhe as últimas indicações antes do direto. Estão todos ligados através de intercomunicadores. "Um minuto", ouve-se. A agitação no estúdio começa a diminuir, o público está todo sentado e à espera de ordens para bater palmas. 30 segundos. Júlia Pinheiro levanta-se do sofá, introspetiva, tira os óculos da cara e aguarda de olhos fixos na câmara. Depois de se ouvir 3, 2 1, a apresentadora solta o "bom-dia" que todos conhecem. "Isto é um trabalho que faço com imenso prazer, posso estar mais cansada, mais não sei o quê, mas de um modo geral é muito agradável . Fazemos isto bem todos juntos. É um trabalho de equipa, eu respeito o trabalho deles e eles o meu. O meu contributo maior para este programa é assim que a câmara acende soltar-me completamente: brincar, trazer energia, vibração, fibra", conta à Notícias TV.
Enquanto o programa está no ar, o assistente atrás das câmaras está a controlar tudo o que se passa. "Isto está quase a acabar, temos de ser rápidos. O Jacinto vai com os convidados atrás de ti", diz ele para um colega de produção.
Às 11.13 vão para intervalo. Mas Júlia não arreda pé dali. "Desde que entro em estúdio que não saio para nada. Tem que ver com o meu conforto. Até às 13.00 estou só focada no programa, posso ver e-mails, atender telefonemas, mas muito pouco. Só depois é que acordo para a minha outra vida. Começam outras rotinas. Fico aqui os intervalos todos, nunca vou à casa de banho, tenho uma bexiga amestrada", brinca. E Júlia nem esconde que ainda hoje sente algum nervoso miudinho nos diretos. "No dia em que eu deixar de ter nervos num direto é sinal de que sou inconsciente. Nos dias em que vamos começar de uma maneira diferente fico em alerta. Se forem outros formatos, tremo e ainda fico insegura. Mas a partir do momento em que agarro aquilo e me começo a divertir, estou na maior", finaliza. Às 12.58 Júlia despede-se do público, mas não da equipa. É hora de gravar as promoções do dia seguinte. Logo depois, nova reunião, para analisar o programa do dia e preparar o que se segue. Só depois a Júlia diretora sucede à Júlia apresentadora...
Notícias TV
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