Mais do que concorrentes de "Splash!", o desempenho de Paulo Azevedo, Jorge Pina e Simone Fragoso ficou marcado pelas histórias de vida que emocionaram os espectadores. Diretor da Fremantle nega que haja aproveitamento de imagem, mas os concorrentes admitem que existe troca de interesses.
Não foi de ânimo leve que a SIC e a Fremantle decidiram incluir no lote de concorrentes de Splash! Celebridades três pessoas portadoras de deficiência, algo que é, aliás, incomum em televisão. Mas a jogada acabou por revelar-se certeira: Jorge Pina, Simone Fragoso e Paulo Azevedo ficaram sempre entre os mais votados pelo público.
"Escolhemos estes concorrentes porque queríamos mostrar que pessoas diferentes conseguem de alguma maneira superar aquilo que pessoas normais conseguiriam fazer. O programa em si tem uma componente de superação e o facto de termos escolhido alguns atletas e atores com deficiências veio demonstrar que é possível qualquer pessoa fazer qualquer coisa desde que se empenhe e queira atingir um objetivo", começa por explicar Frederico Ferreira de Almeida, diretor da Fremantle, produtora que está por detrás do formato.
As histórias de vida destes três concorrentes, que têm sido desfiadas ao longo das últimas nove semanas, comoveram o público e geraram várias reações nas redes sociais e as suas páginas foram inundadas de mensagens de apoio e incentivo de quem vê em Jorge Pina, Simone Fragoso e Paulo Azevedo um exemplo a seguir.
Determinação, força de vontade e coragem em participar num programa onde o físico acaba por ser um dos requisitos mais importantes deu popularidade aos concorrentes e audiências à SIC. Jorge Pina não tem pudor em reconhecer que existe, inevitavelmente, uma troca de interesses entre ambas as partes. "Até pode ter havido um aproveitamento da nossa imagem, mas não vejo as coisas por esse lado porque toda a gente se aproveita de toda a gente em tudo. Temos é de saber usar essa parte para fazermos aquilo que queremos. Eu sei por que motivo lá fui e sei a mensagem que queria transmitir", explica o ex-pugilista.
Simone Fragoso também admite que ambas as partes saem beneficiadas com a inclusão de pessoas portadoras de deficiência num programa de entretenimento como o Splash!. "Uma pessoa que nunca ouviu falar de atletas paralímpicos, que nunca tenha visto uma prova, que nunca soube quem eram o Jorge Pina ou a Simone, a partir do Splash! fica a conhecer-nos e ao nosso trabalho. Depois, está claro que o programa também tem desvantagens: também se aproveita da nossa imagem. Mas nós quando vamos sabemos disso. É um aproveitamento mútuo", atira.
Afastado da ficção nacional há cinco anos, desde a novela Podia Acabar o Mundo, Paulo Azevedo, que emocionou os espectadores no último domingo com a seu salto da prancha dos cinco metros, reconhece que um dos seus objetivos é voltar a ter trabalho na televisão. "Não acredito que as histórias que passam, sendo centradas na deficiência, possam ser vistas como discriminação. Aliás, para mim até é benéfico. Eu já fiz uma novela para a SIC e voltar a aparecer em televisão é benéfico na medida em que as pessoas podem lembrar-se de mim", salienta.
Frederico Ferreira de Almeida admite que as histórias destes concorrentes são "apaixonantes" sem serem "lamechas", mas rejeita que tenha havido uma caça às audiências. "Na totalidade dos concorrentes ter dois ou três que têm estas características não faz disto uma intenção de querer obter mais audiências. Se tivermos, melhor ainda, mas não é por aí. E ter mais audiências é bom porque significa que muitas pessoas viram estes exemplos."
Paulo Azevedo, Simone Fragoso e Jorge Pina esperam que este programa ajude a quebrar "preconceitos" e que seja um "passo em frente". "Espero que de futuro haja mais oportunidades para nós", sublinha o ex-pugilista. Simone espera que em Portugal os deficientes deixem de ser vistos como "coitadinhos" enquanto Paulo termina dizendo que o preconceito "só vai acabar" quando os olharem "de igual para igual".
Notícias TV
Sem comentários:
Enviar um comentário
Agradecemos o seu comentário! Bem-haja!