A interrupção voluntária de uma gravidez provocada pela personagem de Cláudia Vieira em 'Sol de Inverno' causou polémica. Atriz defende-se das críticas, enquanto o diretor-geral da Saúde diz que argumento não tem em conta a realidade.
"Não acho que as críticas tenham sido fundamentadas. Nos hospitais fala-se sobre isso, sobre a possibilidade de as pessoas abortarem através de comprimidos. Isto foi um alerta e as novelas vivem de falar de temas reais." É desta forma que Cláudia Vieira reage às críticas dirigidas pelo diretor-geral da Saúde, Francisco George, a uma cena da novela Sol de Inverno, da SIC, em que a sua personagem recorre a comprimidos para interromper voluntariamente a sua gravidez, ajudada pela agente (Margarida Vila-Nova).
Na trama, a atriz dá vida a Andreia, uma manequim que toma a decisão de abortar para poder participar numa campanha publicitária de perfumes, algo que Cláudia Vieira considera "horrível". "A personagem quer alertar para estas situações, embora não de uma forma positiva. As prioridades, os princípios e os objetivos dela são errados. Ela quer abortar por causa de uma campanha publicitária, não há nada mais horrível que isso", explica o rosto da SIC, rematando: "Não é pelas características da minha personagem, mas este tema, a ser abordado numa novela, acho que é uma mais-valia".
Já o diretor-geral da Saúde dirige críticas à cena da novela da SIC, considerando que há falta de contacto com a realidade. "Na minha opinião, aquela situação de aborto indicia um retrocesso, a menos que a cena se passe no ano de 2005, antes da despenalização do aborto (a 11 de fevereiro de 2007)", defende Francisco George, prosseguindo: "A cena do aborto ajudou a induzir o público em erro. Nos dias de hoje não é "toma lá um comprimido". Existe a rede oficial de interrupção voluntária, basta ir à Net, e tem-se acesso a consultas e aconselhamento social, sendo que várias mulheres acabam por desistir da decisão. O que se passa na história da novela não representa uma prática." O diretor-geral da Saúde aconselha ainda que "teria sido mais útil, em termos de promoção da saúde e da mulher, mostrar na novela que há uma rede que funciona".
António Pinheiro Torres, deputado do PSD e fundador da associação Juntos pela Vida, concorda com o diretor-geral da Saúde nessa questão. "É pena que não apareçam outras coisas na novela, como as crianças ali junto à Clínica do Arcos (clínica privada especializada em interrupções voluntárias de gravidez)", que são salvas do aborto", diz, ressalvando, no entanto, que "ficção é ficção". "Mais do que criticar ou não uma novela, o importante é perceber que a situação é um reflexo de uma cultura que existe na sociedade portuguesa e que está na origem de dramas inarráveis da vida das pessoas."
Por sua vez, a presidente da Federação Portuguesa pela Vida, Isilda Pegado, afirma que a "função das novelas é também alertar para os riscos". E alerta para os perigos, fora da ficção: "Quando se fala contra o aborto fala-se também da mulher. Sei de um caso, que foi abafado, de uma rapariga, de 24 anos, que perdeu a vida com estes comprimidos."
A NTV contactou a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), que revelou não ter recebido "qualquer queixa relativamente à novela Sol de Inverno.
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