Na próxima emissão da rubrica de informação 'Perdidos e Achados', tem como tema "Geração à Rasca, Cinco anos depois", para visualizar hoje sábado dia 12 de março,que será emitido no 'Jornal da Noite', com a coordenação do pivô Pedro Mourinho na SIC.
João Labrincha, Paula Gil, Alexandre Sousa Carvalho e António Frazão conheceram-se na faculdade, em Coimbra, no curso de Relações Internacionais. Recém-licenciados constatam o desequilíbrio entre o que podem dar a Portugal e o espaço profissional que há no país. E dão-se conta que não estão sozinhos na procura frustrada de um contrato de trabalho justo e duradouro.
Era já 2011 no mundo. Viviam-se as "Primaveras Árabes" e Portugal contava com quase 840 mil pessoas em situação precária, a maior parte com contrato a prazo. O número, do Instituto Nacional de Estatística, subia no trimestre seguinte. No ano anterior estavam registadas 266 empresas de trabalho temporário sendo que 198 intervieram no mercado, empregando 279.924 trabalhadores durante esse ano e alcançando uma faturação de 960 milhões de euros. No ano seguinte, 2012, o trabalho precário e o desemprego passaram, juntos, a representar mais de 50% da força de trabalho.
Mais de 50% foi também o quanto cresceu o número de saídas de Portugal entre 2010 e 2013.
Entre 2013 e 2014, a emigração estabilizou em volta das 110 mil pessoas por ano. É preciso recuar a 1973 para se encontrar valores de emigração desta ordem de grandeza.
De acordo com o Observatório da Emigração, Portugal é hoje o país da União Europeia com mais emigrantes em proporção da população residente. Mais de dois milhões ou seja 20% dos portugueses vivem fora do país onde nasceram.
Quando a geração outrora chamada rasca se afirma à rasca, José Sócrates é ainda primeiro-ministro, mas enfrenta já dificuldades em aliviar a pressão de que vai sendo alvo, em várias frentes.
O grito de alerta independente de apoios partidários ou sindicais é lançado pelos amigos João Labrincha, Paula Gil, Alexandre Sousa Carvalho e António Frazão, no Facebook e acaba por trazer até às ruas de Lisboa cerca de 300 mil pessoas. Meio milhão em todo o país.
12 De Março fica para a história de Portugal como o dia do protesto apartidário, laico e pacífico.
Nos meses que se seguem, os portugueses dão a vitória ao PSD de Pedro Passos Coelho que forma um governo de coligação pós eleitoral com o CDS de Paulo Portas, o país pede assistência financeira ao exterior e os movimentos desencadeiam uma série de iniciativas como foi a iniciativa legislativa de cidadãos contra a precariedade laboral.
Pela segunda vez na história da democracia portuguesa uma petição ganhou forma de projeto de lei e direito a debate no parlamento. Acabou por baixar diretamente à especialidade e por entrar em vigor em Setembro de 2013. A lei contra a precariedade reforça as competências da Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT) caso detete um falso recibo verde. A ACT diz que em 2015, encontrou 478 falsos prestadores de serviço e que 61% desses foram regularizados. Já este ano, detetou 192 casos e conseguiu regularizar 40% desses trabalhadores.
Cinco anos depois, João Labrincha continua a desenvolver projetos dentro da organização "Academia Cidadã", António Frazão tem hoje um contrato a termo com uma plataforma representativa de organizações de juventude, Paula Gil prefere não dizer onde trabalha, diz ser um exemplo de falso recibo verde, Alexandre Sousa Carvalho é consultor numa faculdade enquanto termina o doutoramento, já sem bolsa, Pedro Santos assinou, há dois anos o primeiro contrato de trabalho com uma associação de defesa do ambiente e Raquel Freire continua a realizar filmes. Neste momento prepara a continuação do "Dreamocracy", o documentário que acompanha a geração que se mexeu e garante continuar a mexer-se para tentar deixar de estar à rasca.
Uma reportagem realizada pela seguinte equipa: Jornalista: Catarina Neves; Repórter de Imagem: Mário Cabrita; Edição de Imagem: Marisabel Neto; Produção: Madalena Durão; Coordenação: Pedro Mourinho.
Não perca!
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